16 Fábulas com uma Lição Moral


Escrito por Carolina Marcello

Fábulas são curtas narrativas que nos ensinam lições sobre como nos comportarmos na vida. Geralmente, elas apresentam personagens animais inteligentes e falantes que nos dão exemplos que podem ser aplicados diariamente.

Há dois mil anos, o grego Esopo foi responsável por escrever grande parte das fábulas que ainda conhecemos hoje.

1. A Raposa e o Rei da Selva

Tinha a Raposa o seu covil bem fechado e estava lá dentro a gemer, porque estava doente; chegou à porta um Leão e perguntou-lhe como estava, e que a deixasse entrar, porque a queria lamber, que tinha virtude na língua, e lambendo-a, logo havia de sarar.

Respondeu a Raposa de dentro:

— Não posso abrir, nem quero. Creio que a tua língua tem virtude; porém é tão má vizinhança a dos dentes, que lhe tenho grande medo, e portanto antes quero sofrer com o meu mal.

Lição a Ser Aprendida

A fábula do leão e da raposa nos alerta para sermos precavidos, mesmo quando estamos passando por uma situação difícil.

Quando a raposa se deparou com a oferta de ajuda por parte do leão, seu corpo já estava em um estado precário. Será que o rei da selva tinha realmente o intuito de ajudar, ou era apenas uma estratégia para colocar um animal fraco em suas garras?

Sem saber qual era a intenção do leão e não confiando em sua declaração, a raposa tomou uma postura defensiva.

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2. A Formiga e a Cigarra

Havia uma cigarra que passou todo o verão a cantar, aproveitando os agradáveis fins de tarde e curtindo o tempo de forma despreocupada.

Mas quando chegou o gelado inverno, a cigarra já não estava alegre, pois estava faminta e tremendo de frio.

Assim, foi pedir ajuda à formiga, que havia trabalhado muito no verão. Pediu que a colega lhe desse alimento e abrigo. Ao que a formiga perguntou:

O que você fez durante todo o verão?

— Estive a cantar - respondeu a cigarra.

E a formiga lhe deu uma resposta grosseira:

— Pois então, agora dance!

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Lição Aprendida

Neste conto, a lição que podemos aprender é que a preparação e a persistência são fundamentais para alcançarmos nossos objetivos. O ditado popular “Deus ajuda, quem cedo madruga” pode servir como um lembrete de que apenas com planejamento, trabalho duro e determinação é possível conquistar o sucesso.

A formiga, trabalhando incansavelmente durante o verão, conseguiu economizar recursos para os meses de frio. Por outro lado, a cigarra, que passou grande parte do tempo a cantar, não se preparou para a escassez de alimentos e sofreu durante o inverno.

3. A Cobra e o Burro

Como recompensa por um serviço prestado, os homens pediram a Júpiter a eterna juventude, o que ele concedeu. Pegou na juventude, pô-la em cima de um Burro e mandou que a levasse aos homens.

Indo o Burro no seu caminho, chega a um ribeiro com sede, onde estava uma Cobra que disse que não o deixaria beber daquela água se não lhe desse o que levava às costas. O Burro, que não sabia o valor do que transportava, deu-lhe a juventude a troco da água. E assim os homens continuaram a envelhecer, e as Cobras renovando-se a cada ano.

Lição Aprendida

A velha fábula do burro e da cobra nos ensina que devemos estar sempre alertas e bem informados antes de oferecer algo que possamos ter. Isso é importante para evitar que cometamos um erro e não saber a real importância daquilo que oferecemos.

O burro foi obrigado a transportar algo de grande valor, embora desconhecesse sua real importância. Ao ser ameaçado por uma cobra mais astuta, o burro facilmente entregou o que estava carregando pois não tinha consciência do grande tesouro que era a juventude. Esta fábula, portanto, nos ensina sobre a ignorância e as consequências do desconhecimento.

A cobra, nesse caso, teve uma vantagem sobre os homens, pois foi presenteada com a eterna juventude pelos deuses, permitindo-lhe se regenerar periodicamente - ao contrário dos homens, condenados à velhice contínua.

4. As outras aves e a andorinha

Estavam os homens a semear linho, e, ao vê-los, disse a Andorinha aos outros pássaros:

— Para nosso mal fazem os homens esta seara, que desta semente nascerá linho, e dele farão redes e laços para nos prenderem. Melhor será destruirmos a linhaça e a erva que dali nascer, para estarmos seguras.

As outras Aves riram-se muito deste conselho e não quiseram segui-lo. Vendo isto, a Andorinha fez as pazes com os homens e foi viver em suas casas. Algum tempo depois, os homens fizeram redes e instrumentos de caça, com os quais apanharam e prenderam todas as outras aves, poupando apenas a Andorinha.

Lição Aprendida

A lição que a fábula nos traz é que deveríamos estar sempre preparados para o que o amanhã trará. É por isso que nos planejarmos para diversas situações e anteciparmos vários cenários futuros são fundamentais.

Ao constatarem que os homens eram capazes de criar redes, as andorinhas preveram que o futuro seria alterado. No entanto, seus avisos aos outros pássaros não foram ouvidos.

Logo, estabeleceram uma ligação amigável com o homem, o que acarretou em sua salvação da perseguição.

5. A Rã e o Rato

Um Rato desejava atravessar um rio, mas tinha medo, pois não sabia nadar. Pediu então ajuda a uma Rã, que se ofereceu para o levar para o outro lado desde que se prendesse a uma das suas patas.

O Rato concordou e, encontrando um pedaço de fio, prendeu uma das suas pernas à Rã. Mas, mal entraram no rio, a Rã mergulhou, tentando afogar o Rato. Este, por sua vez, debatia-se com a Rã para se manter à superfície. Estavam os dois nestes trabalhos e canseiras quando passou por cima um Milhafre que, vendo o Rato sobre a água, baixou sobre ele e levou-o nas garras juntamente com Rã. Ainda no ar, comeu-os a ambos.

Lição Aprendida

Ao lermos a fábula, obtemos a conclusão de que, ainda que a custo da vida de um inocente (o rato), o malvado (a rã) acabou recebendo seu castigo devido. Dessa forma, podemos aprender que existe justiça no mundo.

Precisando atravessar o rio, o rato não tinha outra opção senão recorrer à ajuda de outro animal. A rã, então, se ofereceu para auxiliá-lo, porém, seus verdadeiros motivos eram outros. Seu desejo de mal, no entanto, acabou com ela: a rã não sobreviveu à travessia.

6. A Fera e a Presa

Uma Cabra que andava a pastar com o filho pisou sem querer uma Serpente com os pés. Esta, assanhada, levantando-se um pouco, picou a Cabra numa teta; mas como o filho logo viesse a mamar, e chupasse com o leite o veneno da Serpente, salvou a Mãe, e ele morreu.

serpente e cabrito

Lição a ser Aprendida

. Muitas vezes, aqueles que são inocentes sofrem as consequências de algo que eles não tiveram nada a ver.

Esta história sobre a serpente e o cabrito nos mostra como a injustiça pode ser cruel: o cabrito, inocente, não tem qualquer responsabilidade pelo ataque da serpente à sua mãe, mas mesmo assim acaba por ser o responsável por pagar por ele.

A cabra não foi responsável pelo ocorrido, pois pisou na serpente, que agiu de acordo com seu instinto. No entanto, o desfecho trágico foi a morte do animal mais novo como resultado de tal encontro infeliz.

7. A Carne e o Cão

Um Cão levava na boca um pedaço de carne, e, ao atravessar um rio, vendo a carne refletida na água, pareceu-lhe esta maior e soltou a que levava nos dentes para apanhar a que via dentro de água. Porém como a corrente do rio arrastou a carne verdadeira, com ela foi também o seu reflexo, e ficou o Cão sem uma e sem outro.

Lição Aprendida

A fábula do cão e da carne é um exemplo que nos lembra o sábio ditado de "mais vale um pássaro na mão do que dois voando". Ela aborda a temática da ambição, nos ensinando que não devemos ser gananciosos.

Em tempos difíceis, o pedaço de carne era suficiente para garantir a sobrevivência, mas o cão não se contentava com isso: ele procurava algo mais, um pedaço de carne maior.

O cão arriesgou tudo o que tinha para conquistar o que desejava, porém, no fim, não conseguiu nem a carne nem o que almejava.

8. A Guarda do Cão e o Ladrão

Um ladrão, desejando entrar à noite numa casa para a roubar, deparou-se com um cão que com os seus latidos o impedia. O cauteloso ladrão, para apaziguar o Cão, lançou-lhe um bocado de pão. Mas o Cão disse:

— Bem sei que me dás este pão para que eu me cale e te deixe roubar a casa, não porque gostes de mim. Mas já que é o dono da casa que me sustenta toda a vida, não vou deixar de ladrar enquanto não te fores embora ou até que ele acorde e te venha afugentar. Não quero que este bocado de pão me custe morrer de fome o resto da vida.

Lição Aprendida

Pensar no longo prazo é essencial para que não caiamos na tentação da satisfação imediata.

Numa história, o animal mostra-se mais inteligente do que o homem. O ladrão, ao tentar assaltar a casa, pensa num modo simples de afastar o cão. Mas o animal é capaz de perceber o plano.

ladrão e cão de guarda

9. A História do Lobo e do Cordeiro

Estava um Lobo bebendo água num ribeiro, quando avistou um Cordeiro que também bebia da mesma água, um pouco mais abaixo. Mal viu o Cordeiro, o Lobo foi falar com ele de cara feia, mostrando os dentes.

Como tem a ousadia de turvar a água onde eu estou bebendo?

Respondeu o cordeiro humildemente:

Eu estou bebendo mais abaixo, por isso não posso turvar a água que você bebe.

Ainda respondes, insolente! - retorquiu o lobo cada vez mais colérico. - Já há seis meses o teu pai me fez o mesmo.

Respondeu o Cordeiro:

Nesse tempo, Senhor, ainda eu não era nascido, não tenho culpa.

Sim, tens - replicou o Lobo -, que estragaste todo o pasto do meu campo.

Mas isso não pode ser - disse o Cordeiro -, porque ainda não tenho dentes.

O Lobo, sem mais uma palavra, saltou sobre ele e logo o degolou e comeu.

Lição Aprendida da História

A fábula do Lobo e do Cordeiro apresenta de maneira inequívoca as injustiças presentes no mundo e nos ensina como funciona a perversidade da sociedade.

O Cordeiro, inocente de qualquer pecado, é vítima do impiedoso Lobo, cujas alegações são completamente sem sentido e que o acusa de forma injusta e injustificada.

Nesta situação, os mais fracos são castigados pelos mais fortes, enquanto os animais são usados ​​para simbolizar essa dinâmica.

10. A Ovelha e o Cão

O Cão pediu à Ovelha uma certa quantidade de pão, que dizia haver-lhe emprestado. A Ovelha negou ter recebido tal coisa. O Cão apresentou então três testemunhas a seu favor, as quais havia subornado: um Lobo, um Abutre e um Milhafre. Estes juraram ter visto a Ovelha receber o pão que o Cão reclamava. Perante isso, o Juiz condenou a Ovelha a pagar, mas não tendo ela meios de o fazer, foi forçada a ser tosquiada antes do tempo para que a lã fosse vendida como pagamento ao Cão. Pagou então a Ovelha pelo que não comera e ainda ficou nua, padecendo as neves e frios do inverno.

Mensagem Moral da História

Muitas vezes, as consequências de um crime cometido são sentidas pelas pessoas inocentes e de bem, que acabam pagando o preço por algo que não fizeram.

Na história do cão e da ovelha, o cão, o milhafre, o lobo e o abutre conspiram para tirar proveito da ovelha, a vítima indefesa. A desgraça da ovelha é resultado de uma mentira brincalhona, e ela precisa arcar com as consequências de seu sofrimento.

11. A Raposa e a Macaca

Uma Macaca sem rabo pediu a uma Raposa que cortasse metade do seu rabo e lhe desse, dizendo:

Bem se vê que o teu rabo é demasiado grande, pois que até se arrasta e varre a terra; o que dele sobra podes dar a mim para cobrir estas partes que vergonhosamente trago descobertas.

Antes quero que se arraste - disse a Raposa - e varra o chão. Por isso não te darei, nem quero que coisa minha te faça proveito.

E assim ficou a Macaca sem o rabo da Raposa.

Lição Aprendida na História

Nosso encontro com a Raposa nos ensina que há certas criaturas que, possuindo recursos para promover o bem, preferem optar por permanecer inativas ou ações que podem ser danosas. Ao longo da vida, certamente, nos veremos diante deste tipo de comportamento mesquinho.

A Macaca solicita uma parte do rabo da Raposa pois entende que ela não irá sentir falta dele. Porém, a Raposa age de forma avarenta, não colaborando para tornar a vida da Macaca mais confortável ao recusar a contribuição.

12. A Luta do Lobo pelas Ovelhas

Havia uma guerra entre os Lobos e as Ovelhas; estas, embora fossem mais fracas, como tinham a ajuda dos cães levavam sempre a melhor. Os Lobos então pediram paz, com a condição de que dariam de penhor os seus filhos, se as Ovelhas também lhes entregassem os cães.

As ovelhas aceitaram estas condições e foi feita a paz. Contudo, os filhos dos Lobos, quando se viram na casa das ovelhas, começaram a uivar muito alto. Acudiram logo os pais, a pensar que isso significava que a paz havia sido quebrada, e recomeçaram a guerra.

Bem quiseram defender-se as Ovelhas; mas como a sua principal força consistia nos cães, que havia entregado aos Lobos, foram facilmente vencidas por eles e acabaram degoladas.

Lição Aprendida

Nunca devemos oferecer nossas armas como parte de um acordo de paz recente e duvidoso, como mostra a fábula do lobo e das ovelhas. Esta história tem como moral que nunca cederemos às intenções do inimigo.

É preciso ter cautela nos novos tempos. Dessa forma, a narrativa nos lembra de que não devemos convidar nossos inimigos ou seus filhos para dentro de casa, como fez o rebanho de ovelhas frívolas.

13. A História do Burro e do Leão

Um Burro simplório cruzou-se com um Leão no caminho e, altivo e presunçoso, atreveu-se a falar-lhe, dizendo:

Sai do meu caminho!

Vendo este desatino e ousadia, o Leão deteve-se por um instante; mas prosseguiu logo o seu caminho, dizendo:

Pouco me custaria matar e desfazer este Burro agora mesmo; porém não quer sujar os meus dentes nem as fortes unhas em carne tão ordinária e fraca.

E seguiu caminho sem fazer caso dele.

A Lição Aprendida

Adotar uma postura ponderada e madura, como o Leão, é muito mais seguro do que assumir uma atitude arrogante e perigosa como a do Burro.

O rei da selva, embora sentisse-se desafiado, agiu de forma ponderada e decidiu não fazer mal ao Burro, que com sua arrogância e desdém, havia colocado-o em tal situação.

14. A Corrida entre a Tartaruga e o Coelho

Era uma vez uma tartaruga e um coelho que viviam na floresta. O coelho era muito rápido e, sempre que podia, zombava da tartaruga, dizendo que ela era lerda demais.

A tartaruga um belo dia se cansou das "brincadeiras" e desafiou o coelho para uma corrida.

O coelho achou graça e aceitou o desafio.

Assim, os dois partiram para a disputa. A tartaruga andava determinada com passos lentos, enquanto o coelho corria veloz.

Percebendo estar bem a frente da tartaruga, o coelho resolveu parar para dar um cochilo. Quando acordou viu a tartaruga quase na linha de chegada e tentou alcançá-la, mas não conseguiu.

Assim, a lenta tartaruga venceu a corrida com o rápido coelho.

" "Domando o Computador

Lição Aprendida

Não se deve subestimar o potencial dos outros. Um caminho lento, mas seguro, será sempre mais benéfico.

Por conta de seu orgulho e postura de superioridade, o coelho acabou por se prejudicar.

15. A Galinha e o Tesouro de Ouro

Era uma vez uma galinha que possuía um dom: ela botava ovos de ouro!

O dono da fazenda onde a galinha morava era um rapaz muito ganancioso. Um dia, ele teve uma ideia que pensou ser a melhor de todas.

Ele resolveu matar a galinha para ver se sua barriga era de ouro e se lá havia um tesouro ainda mais valioso do que os ovos.

Mas por dentro o animal era como qualquer outro e o homem então perdeu seu bem mais precioso.

Mensagem Final da História

Atenção para que a ambição não te faça esquecer o que você já tem.

16. O Touro e as Rãs

Era uma vez dois touros que viviam brigando para saber que era o dono do pasto.

No brejo ao lado, um grupo de rãs observava com atenção e se divertia vendo aquela briga sem fim. Até que outra rã, mais sábia, apareceu e alertou:

— Parem de dar risada. Nós é que vamos nos prejudicar com essa história.

Pouco tempo depois um dos touros foi expulso do pasto e passou a viver no brejo, fazendo com que as rãs ficassem sob seu domínio.

Mensagem Moral da História

Os grandes frequentemente causam danos aos pequenos durante suas brigas. Neste caso, as rãs sofreram as consequências, apesar de antes acreditarem que isso não aconteceria.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.