A Origem, a Moral e a Explicação da Fábula da Raposa e das Uvas


Escrito por Sónia Cunha

Servindo como entretenimento e também como fonte de aprendizado, a fábula da raposa e das uvas tem alimentado gerações.

Grandes contadores de histórias, tais como Esopo e La Fonteine, fizeram famosa a história protagonizada por uma raposa mal-resolvida. Esta história apresenta aos pequenos os temas da cobiça, da inveja e da frustração.

Esopo e a Fábula da Raposa e das Uvas

Chegando uma Raposa a uma parreira, viu-a carregada de uvas maduras e formosas e cobiçou-as. Começou a fazer tentativas para subir; porém, como as uvas estavam altas e a subida era íngreme, por muito que tentasse não as conseguiu alcançar. Então disse:

- Estas uvas estão muito azedas, e podem manchar-me os dentes; não quero colhê-las verdes, pois não gosto delas assim.

E, dito isto, foi-se embora.

Lição do Conto

Homem avisado, coisas que não pode alcançar, deve mostrar que não as deseja; quem encobre as suas faltas e desgostos não dá gosto a quem lhe quer mal nem desgosto a quem lhe quer bem; e que seja isto verdade em todas as coisas, tem mais lugar nos casamentos, que desejá-los sem os haver é pouquidade, e sizo mostrar o homem que não lhe lembram, ainda que muito os cobice.

a raposa e as uvas

Uma fábula retirada do livro Fábulas de Esopo foi traduzida e adaptada por Carlos Pinheiro em 2013. Esta edição foi publicada pela Publifolha. Carlos Pinheiro traduziu e adaptou uma fábula de Esopo em 2013. Esta edição foi publicada pela Publifolha e está incluída no livro Fábulas de Esopo.

Descubra a História da Raposa e das Uvas

Ao longo dos séculos e em diversos locais do mundo, a história da raposa e das uvas foi reescrita muitas vezes.

Os principais autores de versões consagradas dos famosos contos de Esopo são Esopo, La Fontaine e Fedro. A versão mais antiga foi redigida por Esopo.

Millôr Fernandes, Monteiro Lobato, Jô Soares e Ruth Rocha são nomes que marcaram o imaginário coletivo brasileiro através das versões nacionais criadas por eles.

Todos os autores expressaram suas particularidades ao criar suas histórias, ainda que a maioria das narrativas tenha se baseado na mesma ideia de frustração em não conseguir o que se deseja.

Várias Perspectivas Morais dos Diferentes Autores

“Aqueles que não possuem nada são mais inteligentes do que aqueles que possuem tudo. Na narrativa de Esopo, a lição é muito clara: aqueles que não têm nada são mais sábios do que aqueles que tem tudo.

É fácil desdenhar daquilo que não se alcança.

A raposa, vendo-se diante das uvas, que ela desejava tanto, mas que lhe eram inalcançáveis, desprezou-as com um gesto de mofa.

Fedro oferece a raposa como exemplo para mostrar como os homens reagem a decepções. O autor deseja alertar ao leitor a respeito da nossa tendência de reagir com desânimo diante de um resultado não desejado.

Aqueles que improperam maldizentes do que fazer não podem, neste espelho deverão remirar-se, conscientes de haverem desprezado o bom conselho.

somos muito inteligentes quando se trata de nossos interesses egoístas, mas quando outros nos enganam somos ingênuos e levianos. Segundo La Fontaine, é possível aplicar o enredo do conto à realidade, assim como acontece em Fedro. Estamos sempre prontos para agir com sabedoria quando se trata de benefícios próprios, mas somos facilmente manipulados e passamos por cima dos nossos próprios princípios quando alguém nos engana.

E quantos são assim na vida: desprezam, desvalorizam o que não podem conseguir. Mas basta uma pequena esperança, uma mínima possibilidade para que virem, como a raposa, o focinho. Olhem à volta, que vós os encontrareis em grande quantidade.

A raposa e as uvas

A brasileira de Monteiro Lobato e Millôr Fernandes é muito mais curta do que a original.

a atmosfera fica cada vez mais elétrica. A atmosfera se carrega cada vez mais com energia a cada momento. Esta cena é muito comum em nossa imaginação coletiva.

Quem desdenha quer comprar.

Millôr Fernandes escolheu uma abordagem moral de natureza filosófica, acompanhada de uma leitura consideravelmente aprofundada.

A frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra.

Qual é o Significado de uma Fábula?”

Fábulas são geralmente estruturadas em duas partes: a descrição de um acontecimento e a lição moral a ser extraída do mesmo.

Estas atividades proporcionam diversão, mas também contribuem para o aprendizado e estimulam a pensar.

Geralmente curtas, essas histórias tratam de comportamentos desonrosos - desde pequenas até grandes injustiças -, e de questões éticas que se relacionam com vários casos do cotidiano.

Quais são os Personagens das Fábulas?

Fábulas são histórias curtas que servem para transmitir uma moral ou ensinamento. Elas costumam possuir personagens principais que são animais ou seres que não tem vida, mas que falam.

Nestas narrativas breves, os principais protagonistas são: o leão, a raposa, a cigarra, o burro, o corvo, o rato e a lebre.

Através da personificação, os animais adquirem características humanas nas histórias: são capazes de raciocinar, sentir e agir como os homens. Isso os torna símbolos dos nossos valores e defeitos.

Explorando a História das Fábulas

A origem da palavra fábula está relacionada ao verbo latino "fabulare", que significa contar ou dialogar.

Os meios orais através dos quais as fábulas eram transmitidas tornam difícil a precisão sobre sua origem. Elas se movimentavam de um lugar para outro, sofrendo alterações ao longo do caminho.

Hesiodo e Archilochos, ambos do século VIII a.C., são os primeiros autores conhecidos de fábulas.

A Vida e Obra de Esopo

Há incertezas sobre a vida de Esopo, já que os dados são escassos. Alguns vão mais longe e suspeitam da existência desse personagem.

Esopo, que viveu em torno de 550 a.C., foi o primeiro a ser referenciado por Heródoto como sendo um escravo. Sua origem é especulativa, mas sabe-se que provavelmente era da Ásia Menor e que serviu na Grécia.

Esopo

As histórias de Esopo não foram escritas por ele mesmo, mas sim transcritas por escritores posteriores, como Fedro, do Império Romano.

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Sónia Cunha
Escrito por Sónia Cunha

É licenciada em História, variante História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003) e em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar (2006). Ao longo da carreira profissional, exerceu vários cargos em diferentes áreas, como técnico superior de Conservação e Restauro, assistente a tempo parcial na UPT e professora de História do 3º ciclo e ensino secundário. A arte e as letras sempre foram a sua grande paixão.