As Fábulas Míticas de Esopo


Escrito por Sónia Cunha

Desde a infância, ouvimos fábulas antes de ir para a cama. Estas narrativas curtas, geralmente acompanhadas por uma lição de moral, fazem parte do imaginário coletivo e, com o passar dos séculos, persistem até os dias de hoje.

Descubramos agora quem foi Esopo, considerado o maior contador de fábulas de todos os tempos, e algumas de suas mais famosas histórias.

A Corrida entre a Lebre e a Tartaruga

A lebre e a tartaruga são personagens centrais de uma típica fábula de Esopo, recontada por La Fontaine. Estes animais possuem características humanas: são capazes de sentir, falar e ter consciência. Onde e quando se passa a história não é conhecido.

— Tenho pena de você —, disse uma vez a lebre à tartaruga: — obrigada a andar com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar-te de teus inimigos.

— Guarda para ti a tua compaixão — disse a tartaruga — pesada como sou, e tu ligeira como te gabas de ser, apostemos que eu chego primeiro do que tu a qualquer meta que nos proponhamos a alcançar.

— Vá feito, disse a lebre: só pela graça aceito a aposta.

Ajustada a meta, pôs-se a tartaruga a caminho; a lebre que a via, pesada, ir remando em seco, ria-se como uma perdida; e pôs-se a saltar, a divertir-se; e a tartaruga ia-se adiantando.

— Olá! camarada, disse-lhe a lebre, não te canses assim! Que galope é esse? Olha que eu vou dormir um pouquinho.

E se bem o disse, melhor o fez; para escarnecer da tartaruga, deitou-se, e fingiu dormir, dizendo: sempre hei de chegar a tempo. De súbito olha; já era tarde; a tartaruga estava na meta, e vencedora lhe retribuía os seus deboches:

— Que vergonha! Uma tartaruga venceu em ligeireza a uma lebre!

MORAL DA HISTÓRIA: Nada vale correr; cumpre partir em tempo, e não se divertir pelo caminho.

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A Formiga e a Cigarra

A fábula mais famosa e difundida de Esopo é a história da cigarra e da formiga. A narrativa curta retrata duas criaturas antagônicas: a formiga, símbolo de esforço e dedicação, e a cigarra, alegorizando a preguiça e o desleixo. Em contraste, a formiga foi preocupada com o futuro e trabalhou durante o verão para se preparar para o inverno, enquanto a cigarra, alheia, só se preocupou com o presente e passou a estação toda a entoar suas melodias.

A cada bela estação uma formiga incansável levava para sua casa os mais abundantes mantimentos: quando chegou o inverno, estava farta. Uma cigarra, que todo o verão levara a cantar, achou-se então na maior miséria. Quase a morrer de fome, veio esta, de mãos postas, suplicar à formiga lhe emprestasse um pouco do que lhe sobrava, prometendo pagar-lhe com o juro que quisesse. A formiga, que não é de gênio emprestador; perguntou-lhe, pois, o que fizera no verão que não se precavera.

— No verão, cantei, o calor não me deixou trabalhar.

— Cantastes! tornou a formiga; pois agora dançai.

MORAL DA HISTÓRIA: Trabalhemos para nos livrarmos do suplício da cigarra, e não aturarmos a zombaria das formigas.

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A Fábula do Leão e do Rato

Esta fábula nos mostra o ciclo de generosidade e o valor da vida em grupo. O leão e o rato nos ensinam que podemos ajudar os outros e um dia podemos precisar da ajuda deles. O leão acudiu o rato quando ele precisou e, quando foi a vez do leão, o rato retribuiu a gentileza. A mensagem que a fábula nos dá é que devemos sempre praticar o bem e ajudar os outros, pois talvez um dia sejamos nós que precisaremos de apoio.

Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.

Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata. Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.

Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.

Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.

MORAL DA HISTÓRIA: Uma boa ação ganha outra.

Adaptada para desenho animado, a fábula do leão e do rato está disponível na íntegra com sete minutos de duração.

A História do Lobo e do Cordeiro

Na famosa fábula de Esopo, o cordeiro e o lobo são figuras antitéticas. O primeiro é sinônimo de ingenuidade e humildade, sempre procurando argumentos para justificar seus atos. Já o lobo é um símbolo de crueldade e malícia.

Estava um lobo a beber água num ribeiro, quando avistou um cordeiro que também bebia da mesma água, um pouco mais abaixo. Mal viu o cordeiro, o lobo foi ter com ele de má cara, arreganhando os dentes.

— Como tens a ousadia de turvar a água onde eu estou a beber?

Respondeu o cordeiro humildemente:

— Eu estou a beber mais abaixo, por isso não te posso turvar a água.

— Ainda respondes, insolente! — retorquiu o lobo ainda mais colérico. — Já há seis meses o teu pai me fez o mesmo.

Respondeu o cordeiro:

— Nesse tempo, Senhor, ainda eu não era nascido, não tenho culpa.

— Sim, tens — replicou o lobo —, que estragaste todo o pasto do meu campo.

— Mas isso não pode ser — disse o cordeiro —, porque ainda não tenho dentes.

O lobo, sem mais uma palavra, saltou sobre ele e logo o degolou e comeu.

MORAL DA HISTÓRIA: Tentar evitar o mal daquele que já decidiu cometê-lo? Perda de tempo!

A Rã e o Boi: Uma História Inesquecível

A história da rã e do boi descreve sentimentos humanos comuns, como a inveja, a raiva e a avidez. Embora se trate de dois animais da floresta, as fábulas atribuem sentimentos humanos a criaturas e, às vezes, até mesmo a objetos inanimados. Neste caso, a rã tem uma postura típica de vaidade ao tentar competir com o boi sobre seu tamanho. O desfecho é trágico, mas a narrativa serve como alerta para não nos envolvermos em competições desnecessárias.

Uma rã estava no prado olhando um boi e sentiu tal inveja do tamanho dele que começou a inflar para ficar maior.

Então, outra rã chegou e perguntou se o boi era o maior dos dois.

A primeira respondeu que não – e se esforçou para inflar mais.

Depois, repetiu a pergunta:

– Quem é maior agora?

A outra rã respondeu:

– O boi.

A rã ficou furiosa e tentou ficar maior inflando mais e mais, até que arrebentou.

MORAL DA HISTÓRIA: Quem tenta parecer maior do que é se arrebenta.

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A Raposa e o Corvo: Uma História de Amizade

O mais comum dos animais das fábulas de Esopo é, sem dúvida, a raposa. Ela é conhecida por sua inteligência astuta, que lhe permite encontrar soluções desafiadoras. No famoso conto da raposa e do corvo, ela é capaz de roubar o queijo que o corvo havia roubado. Esta narrativa nos lembra dos perigos que a vaidade e a arrogância representam. O corvo, inadvertidamente, caiu na armadilha preparada pela raposa e, ao final, perdeu aquilo que tanto desejava.

Um corvo roubou um queijo, e com ele no bico foi pousar em uma árvore. Uma raposa, atraída cheiro, desejou logo comer o queijo; mas como! a árvore era alta, e o corvo tem asas, e sabe voar. Recorreu pois a raposa às suas manhas:

- Bons dias, meu amo, disse; quanto folgo de o ver assim belo e nédio. Certo entre o povo aligero não há quem o iguale. Dizem que o rouxinol o excede, porque canta; pois eu afirmo que V. Exa. não canta porque não quer; se o quisesse, desbancaria a todos os rouxinóis.

Ufano por se ver com tanta justiça apreciado, o corvo quis mostrar que também cantava, e logo que abriu o bico, caiu-lhe o queijo. A raposa o apanhou, e, safa, disse:

- Adeus, Sr. Corvo, aprenda a desconfiar das adulações, e não lhe ficará cara a lição pelo preço desse queijo.

MORAL DA HISTÓRIA: Desconfiai quando vos virdes mui gabados; o adulador escarnece de vossa credulidade, e prepara-se para vos fazer pagar por bom preço os seus elogios.

Adaptado de uma das fábulas de Esopo, o curta metragem abaixo conta a história de uma maneira diferente: Apresentando uma das lendárias fábulas de Esopo, o curta metragem a seguir lhe mostrará a história de forma única e divertida:

Celebrando as Fábulas de Esopo

Muito do que foi escrito por Esopo, na longeva Grécia, é desconhecido. No entanto, algumas de suas fábulas mais famosas foram reunidas aqui. Estas histórias são atribuídas ao maior contador de fábulas de todos os tempos.

  • A raposa e o desejo por uvas

estavam na mesa. Na mesa havia uma raposa e umas uvas.

  • A tartaruga e a lebre

  • O lobo e o cordeiro

  • A formiga e o escaravelho

  • O asno e a carga de sal

  • O lobo e as ovelhas

  • O cervo e o leão

  • O cão e a sombra

  • O lobo e o cão

  • O cervo, o lobo e a ovelha

  • O lobo e a cegonha

  • A andorinha e as outras aves

  • O lobo e a garça

  • A raposa e o corvo

  • O leão, a vaca, a cabra e a ovelha

  • O asno e o leão

  • A rã e o touro

  • O cavalo e o leão

  • A porca e o lobo

  • A raposa e o leão

  • O rato e a rã

  • O galo e a raposa

  • O cão e a ovelha

  • A raposa e o corvo

  • As lebres e as rãs

  • A porca e a loba

  • O lobo e o cabrito

  • O cão e a sombra

  • O leão e o rato

  • A gralha e os pavões

chegaram ao destino ao mesmo tempo A tartaruga e a lebre chegaram ao seu destino simultaneamente.

falavam sobre as diferenças entre os dois animais. O lobo e o cordeiro conversavam sobre as diferenças entre si.

procuravam comida. A formiga e o escaravelho estavam em busca de alimento.

precisavam de tempo para seguir a estrada. O asno e a carga de sal necessitavam de tempo para percorrer a estrada.

estavam em lados opostos. O lobo e as ovelhas estavam em posições antagônicas.

são duas das mais belas criaturas que a natureza nos oferece. A natureza nos presenteia com algumas criaturas incrivelmente belas, como o cervo e o leão.

eram grandes amigos. O cão e a sombra mantinham uma amizade inabalável.

são parentes próximos. Os lobos e os cães compartilham um parentesco próximo.

vivem em florestas. Na Floresta habitam o Cervo, o Lobo e a Ovelha.

viveram felizes para sempre. A cegonha e o lobo viveram juntos em felicidade eterna.

voam para o sul durante o inverno. Durante o inverno, a andorinha e diversas outras aves voam para o sul.

estavam juntos na floresta. Na floresta, o lobo e a garça se encontravam.

estão conversando. O corvo e a raposa estavam conversando.

são animais domésticos Esses animais: o leão, a vaca, a cabra e a ovelha são domesticados.

juntos subiam a montanha. O asno e o leão, ambos subindo a montanha juntos, formavam uma visão inesquecível.

juntos no campo. No campo, encontravam-se a rã e o touro.

eram grandes amigos. O cavalo e o leão desfrutavam de uma grande amizade.

subiram a montanha juntos. Juntos, a porca e o lobo escalaram a montanha.

são animais diferentes. O leão e a raposa são animais bem distintos.

estavam nadando no lago. No lago, o rato e a rã estavam nadando.

discutiram por um longo tempo. A raposa e o galo discutiram por um longo período.

eram grandes amigos. A amizade entre o cão e a ovelha era muito forte.

eram muito amigos. A raposa e o corvo eram grandes companheiros.

são animais diferentes, mas ambos são vertebrados. Embora sejam distintos, as lebres e as rãs são animais vertebrados.

estavam na floresta. Na floresta, havia uma porca e uma loba.

foram para o bosque. O cabrito e o lobo foram para o bosque.

do cão eram praticamente indistinguíveis O cão e sua sombra eram praticamente idênticos.

eram inimigos. O leão e o rato eram inimigos ferozes.

são aves muito coloridas. As cores vivas da gralha e dos pavões são uma característica marcante desses pássaros.

A Vida e Obra de Esopo

Muito se discute a respeito de Esopo, pois há quem questione mesmo a sua existência. A primeira menção ao contador de fábulas veio de Heródoto, que destacou seu passado como escravo.

Esopo, considerado como um contador de histórias de enorme conhecimento, teria nascido nos séculos VI ou VII a.C. na Ásia Menor. Foi capturado e trazido para a Grécia, onde servia como escravo.

A história de Esopo é repleta de sucessos e tragédias. O contador de fábulas foi tão aclamado na Grécia que o escultor Lisipes ergueu uma estátua em sua homenagem. Infelizmente, Esopo teve um final trágico, tendo sido condenado à morte por um crime que não cometeu.

Heráclides do Ponto, sábio da época alexandrina, fez um comentário sobre a condenação de Esopo à pena de morte. Conta-se que Esopo teria roubado um objeto sagrado e a sua punição foi a morte.

De acordo com Artistófanes, Esopo sofreu uma punição fatal por ter afrontado os habitantes de Delfos. Aqueles, furiosos com a provocação do famoso fábula, plantaram uma taça sagrada na mala do homem e quando o furto foi descoberto, ele foi atirado de um rochedo. Esta versão da história foi corroborada por Heráclides.

Demétrio de Falero foi o responsável por reunir as histórias contadas por Esopo no século IV a.C. Já Planúdio, monge bizantino, juntou outras narrativas no século XIV. Graças a esses dois autores é que conhecemos os trabalhos do filósofo grego.

Busto de Esopo

Qual é o significado das fábulas?

As fábulas diferem do conto porque os personagens são frequentemente animais com características humanas. Porém, ao contrário do conto, o contador das fábulas explicita uma lição de moral.

Acredita-se que a origem das fábulas tenha sido na Índia, e que elas se espalharam progressivamente para a China, Tibete e Pérsia. Estas histórias foram amplamente disseminadas ao redor do mundo.

Afirma-se com frequência que a Grécia é o local de origem das fábulas, pois as narrativas ganharam lá o formato que conhecemos atualmente.

As fábulas registradas mais antigas datam do século VIII a.C. O primeiro volume a ser reconhecido é o Pantchatantra, escrito originalmente em sâncrito e posteriormente traduzido para o árabe.

Embora não seja considerado o inventor das famosas narrativas de Esopo, este é lembrado por ter espalhado o gênero da literatura de contos.

Embora não se possa afirmar a quantidade de narrativas criadas por Esopo, foram identificados diversos manuscritos ao longo dos anos. O professor francês Émille Chambry (1864-1938) foi considerado o maior especialista na produção do autor.

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Sónia Cunha
Escrito por Sónia Cunha

É licenciada em História, variante História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003) e em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar (2006). Ao longo da carreira profissional, exerceu vários cargos em diferentes áreas, como técnico superior de Conservação e Restauro, assistente a tempo parcial na UPT e professora de História do 3º ciclo e ensino secundário. A arte e as letras sempre foram a sua grande paixão.