Análise e Interpretação de 5 Poemas de William Shakespeare sobre Amor e Beleza


Escrito por Carolina Marcello

Um dramaturgo e poeta de grande relevância para a Inglaterra, William Shakespeare marcou o fim do século XVI e começo do XVII.

O trabalho poético de Shakespeare inclui duas obras narrativas - Vênus e Adônis (1593) e O Rapto de Lucrécia (1594) - bem como 154 sonetos, catalogados e publicados em 1609.

Você terá a oportunidade de desfrutar de uma pequena seleção dos poemas do famoso escritor, interpretados para tornar a experiência ainda mais enriquecedora.

Soneto Número Cinco

O olhar amoroso que, suavemente, preencheu as horas, será sua própria maldição, pois o Tempo incansável arrasta o verão imaculado ao terrível inverno, congelando a seiva, desfolhando as folhas e cobrindo-as com a neve. O que foi belo, agora se foi, pois o gelo selou as paredes de vidro, mas o frescor das flores não será esquecido, pois sobreviveram ao inverno cruel e renasceram renascidas, quando o calor do verão de novo chegou.

Análise do Soneto 5

No presente soneto, o autor mostra como o tempo age de maneira inexorável no corpo e na vida do ser humano.

O tempo é descrito como um "tirano" que leva consigo a juventude e a vida. No entanto, os restos retornam à natureza para fornecer a seiva necessária para a criação de novos dias e estações, e para que novos botões de flores e folhas possam crescer.

Soneto Doze

À medida que vejo o relógio contar as horas, E a noite entrar sombria no fim do dia; Quando vejo a violeta apagar-se, Sua doçura perder-se com a passagem do tempo; Quando vejo a copa das árvores desfolhada, Sua sombra não mais proteger o rebanho do sol; E a relva verde do verão presa em feixes, Sendo carregada por viajantes; Então, questiono a tua beleza, Que deve desaparecer com os anos, Como doçura e beleza são tão efêmeras, Enquanto outras crescem; Nada resiste ao avanço do Tempo, A não ser seus filhos, para mantê-lo vivo depois da tua partida.

Análise do Soneto 12

O tempo é o grande protagonista desta história. Shakespeare retrata o tempo como um "adversário" implacável, que leva embora a beleza e a juventude.

O autor acredita que a única forma de lidar com o passar do tempo e assegurar que a existência de uma pessoa perdure é através da procriação. Segundo ele, é através dos filhos que a beleza e a juventude são preservadas e perpetuadas.

Soneto XVIII

Se te comparo a um verão eterno, Sempre mais belo e mais ameno, Nem mesmo o vento que espalha as folhas pelo chão Pode impedir que a beleza se mantenha. A luz do Sol vem e vai, Mas tu permaneces radiante; O que é belo está destinado a crescer, Indo além da mudança da natureza. A tua beleza nunca desaparecerá, Nem mesmo a chegada da morte; E enquanto houver alguém que leia estes versos, Tu continuarás a viver.

Análise do Soneto 18

Um dos sonetos mais conhecidos de Shakespeare é o 18. Nele, o escritor britânico aborda o tema do amor, expressando seus sentimentos por meio de metáforas ligadas à natureza.

No poema, a beleza do ser amado é comparada à beleza de um dia de verão; contudo, para quem ama, a beleza da pessoa é superior e mais encantadora. Esta beleza não se desvanece, tornando-se algo intemporal e inalterável.

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Soneto CXXII

Os teus dons, as tuas palavras, estarão, para sempre, gravados na minha memória, acima de todas as circunstâncias. Estas recordações persistirão, mesmo depois da eternidade e, enquanto tiver pensamento e sentimento, estarão presentes. Estes dados serão, ainda assim, muito menos do que aquilo que tu és, pois nada pode medir o teu amor. Por este motivo, eu confio nessas recordações que ficaram em ti, em vez de reter algo para me lembrar de ti. Aceitar o esquecimento significaria renunciar ao amor que sinto por ti.

Análise do Soneto 122

Neste texto, o tema abordado por Shakespeare é a memória. O amor é compreendido como algo que ultrapassa os encontros corporais. O sentimento é preservado, essencialmente, nas recordações.

Enquanto tiver consciência mental e emocional, o amante afirma que a memória daquela pessoa amada estará intocada. Não há necessidade de artifícios para preservar essa lembrança, ele recorre apenas à própria habilidade de guardar o amor e as recordações do que viveram.

Soneto Número 154

Enquanto o pequeno deus do amor descansava, deixando sua flecha amorosa perto de si, muitas ninfas, jurando serem eternamente castas, foram se aproximando, delicadamente, e a mais bela delas tomou a fagulha que incendiava a todos os corações genuínos. Assim, a lança do desejo ansioso ficou desarmada ao lado da mão daquela jovem. Ela, então, tomou a flecha e a mergulhou em um poço de água fria, que foi tomado pelo eterno fogo do Amor, formando um banho e um remédio para os aflitos; mas, eu, servo de minha senhora, vim até aqui para me curar, e posso afirmar que o fogo do amor aquece a água, mas a água não consegue esfriar o amor.

Análise do Soneto 154

No soneto 154, o grande poeta William Shakespeare utiliza a figura de Cupido (Eros, na mitologia grega) e de suas ninfas como tema central.

Nesse poema, o autor conta a história de uma ninfa que é a dona da flecha do amor. Ela a mergulha em um poço de água cristalina, criando assim um banho encantado de amor.

A Vida e a Obra de William Shakespeare

William Shakespeare nasceu em 1564, na cidade de Stratford-upon-Avon, condado de Warwick, na Inglaterra. Aos 13 anos, precisou interromper seus estudos devido às dificuldades financeiras da família. Nessa época, começou a trabalhar com o pai no comércio. Em 1616, aos 52 anos, ele faleceu.

william shakespeare

Em 1586, William Shakespeare se mudou para Londres e passou a trabalhar em várias funções, incluindo como ajudante nos bastidores de um teatro. Enquanto isso, ele também começou a escrever e a se aprofundar em diversos textos de outros autores por conta própria.

Começando a escrever peças de teatro, Shakespeare tornou-se gradualmente muito reconhecido até ser considerado o maior dramaturgo da língua inglesa de todos os tempos. Infelizmente, em 23 de abril de 1616, ele faleceu aos 52 anos.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.