Matando no Nome, da Rage Against the Machine


Escrito por Laura Aidar

A música Killing in the Name da banda norte-americana Rage Against the Machine foi lançada em 1991 e se tornou um grande sucesso mundial. Rapidamente tornou-se um hino de gerações e marcou as últimas décadas.

Com um tom de revolta e denúncia, esta música protesta contra a brutalidade policial, o abuso de autoridade e a violência racial nos Estados Unidos da América.

Música Original de Killing in the Name

Some of those that work forces, are the same that burn crosses (x4)

Ugh!

Killing in the name of... (x2)

Now you do what they told ya (x4)

And now you do what they told ya (x8)

Well now you do what they told ya!

Those who died are justified

For wearing the badge, they're the chosen whites

You justify those that died

By wearing the badge, they're the chosen whites

Some of those that work forces, are the same that burn crosses (x4)

Ugh!

Killing in the name of... (x2)

Now you do what they told ya (x4)

And now you do what they told ya

(Now you're under control) And now you do what they told ya (x7)

Those who died are justified

For wearing the badge, they're the chosen whites

You justify those that died

By wearing the badge, they're the chosen whites

Come on!

Fuck you, I won't do what you tell me (x16)

Motherfucker!

Ugh!

Tradução e análise da letra

Início de Versos

Alguns dos que estão no poder

São os mesmos que queimam cruzes

No início da letra, Rage Against Machine condena a agressividade da polícia. Eles insinuam que os policiais não cumprem seu papel de conservar a ordem, mas sim violam-na. Assim, criticam a atuação dos agentes da autoridade.

A Ku Klux Klan é amplamente conhecida como um grupo terrorista de supremacia branca que assombrou os Estados Unidos por décadas. Estes se tornaram infames por atos como a queima de cruzes à noite, usando isso como um meio de assustar as pessoas.

A letra evidencia como, em todas as partes do mundo, alguns membros das forças policiais e militares compartilham ideais autoritários e fascistas. Ao fazer paralelos entre a violência policial e os linchamentos da Klan, a composição reforça o fato de que são motivados pelo mesmo ódio.

Portanto, alguns dos responsáveis pela preservação da paz e da ordem defendem posturas racistas e violentas, violando os direitos humanos aos quais deveriam estar seguindo.

O histórico dos Estados Unidos está maculado pelas políticas que promoviam a segregação racial. Ao longo dos anos, várias evidências indicam o envolvimento de policiais e militares na Klan.

O grupo expõe o hipocrisia existente em nosso meio, direcionando sua crítica à classe política, aos governantes e até mesmo à sociedade. Isso fica claro na letra original, com a possível alusão à palavra "work forces". Esta, ao mesmo tempo, expressa o sentimento de servidão pela qual passa o povo brasileiro e o significado da força de trabalho.

A expressão "trabalhar nas forças" pode ser interpretada como uma referência não apenas às forças policiais e militares, mas também às forças de trabalho dos Estados Unidos. Isso enfatiza a ideia de que os próprios cidadãos norte-americanos eram racistas.

A banda aborda a segregação e os preconceitos raciais de forma brilhante em apenas dois versos. Estes temas que marcaram profundamente a história brasileira ainda são recorrentes em todos os setores da sociedade.

Atração Fatal

Matando em nome de...

Talvez o mais interessante seja que essa passagem fica em aberto, gerando reflexão: matar por quê? A letra dá a entender que, independentemente do motivo, o assassinato é sempre considerado um crime.

A música suscita a questão de por que nos habituamos a aceitar e justificar a violência como algo normal.

Refrão Prévio

E agora você faz o que te mandaram

E agora você faz o que te mandaram

Mas agora você faz o que te mandaram

Então agora você faz o que te mandaram

A intenção por trás desta repetição é chamar a atenção do ouvinte e despertá-lo assim para a realidade. Esta é a finalidade: fazer com que encare a realidade.

A violência policial e o medo que ela gera leva as pessoas a se submeterem à autoridade, a obedecerem sem questionar.

Cântico Refrescante

Aqueles que morreram estão justificados

Por usarem o distintivo, eles são os brancos escolhidos

Você justifica aqueles que morreram

Por usarem o distintivo, eles são os brancos escolhidos

O sujeito lírico tenta mostrar o pensamento e a fala dos agressores: que eles se vêem como corretos e reivindicam suas violências como justificáveis.

Muitos acreditam que são superiores devido aos seus estatutos sociais e ao distintivo policial. Esta sensação de pertencer aos "escolhidos" faz com que eles se sintam isentos de qualquer crítica, pois consideram que sua origem étnica e seu cargo de poder os favorecem.

Pré-verso

E agora você faz o que te mandaram

(Você está sob controle)

O sujeito faz uma chamada para que o público reflita sobre a realidade das figuras autoritárias e violentas, que se disseminam e permeiam a sociedade com seus preconceitos.

As pessoas podem sentir-se assustadas com a violência e a opressão, o que, por sua vez, leva-as a uma postura passiva e pouco crítica, permitindo assim que estes comportamentos se tornem "normais".

O grupo sugere quebrar o ciclo de intimidação e agressão física, apresentando denúncias e protestos.

Últimos Versos

Foda-se, não vou fazer o que você manda

Rage Against the Machine encerra a canção com um último desafio às autoridades estabelecidas, que são rejeitadas e não têm a confiança dos membros da banda.

A mensagem deles é clara: revolta e rebelião. Eles desafiam o seu público a questionar as normas estabelecidas e a confrontar as forças policiais pelas suas ações violentas e discriminatórias.

Ao endereçar-se diretamente a esses agentes racistas e agressivos, exerça o seu poder negando-os e, até mesmo, insultando-os.

Quer saber mais? Veja

Análise Histórica e Significado da Música

Killing in the Name foi criada seis meses após o ocorrido com Rodney King, um taxista afro-americano que foi violentamente agredido pela polícia de Los Angeles no mês de março de 1991.

Após a detenção do condutor por dirigir embriagado, vários agentes o atacaram, sendo absolvidos posteriormente. Esta decisão gerou indignação entre os habitantes que, em abril de 1992, iniciaram uma revolta que durou três dias, enfrentando a força policial.

"Rage Against the Machine" - o nome da banda - é um hino de protesto contra a brutalidade policial e as suas maneiras de intimidar e apresentar o seu poder. A capa do álbum de estreia da banda também contém um simbolismo muito forte.

Esta é uma imagem icônica de Thích Quang Duc, um monge budista que, após o presidente Ngô Dình Diêm ter proibido a prática do budismo no Vietnã, se auto-imolou.

A capa do disco, bem como seus temas, particularmente Killin in the Name, é uma expressão de resistência à qualquer custo. Esta música defende a desobediência e o questionamento contínuos diante do sistema autoritário.

Ironicamente, surgiram boatos de que a música era usada pelo governo norte-americano para torturar os detentos de Guantánamo.

"Estamos muito orgulhosos do legado que construímos". Em entrevista, Zack de la Rocha, vocalista da banda, expressou seu orgulho e satisfação com o legado que construíram.

É muito doloroso que uma música que foi escrita sobre a libertação do corpo e do espírito seja usada como um dispositivo de açoite medieval.

Análise da Banda Rage Against the Machine

Retrato da banda Rage Against the Machine

Rage Against the Machine foi uma bem-sucedida banda de rock norte-americana, originária da Califórnia e fundada em 1991. O nome expressa o tom de sua música, que retrata um sentimento de "Fúria contra a Máquina" ou contra o sistema.

A banda era conhecida por suas canções cheias de críticas, denúncias e mensagens sociais e políticas, tornando-se um ícone para a sua geração. O sucesso máximo, Killing in the Name, permaneceu popular durante décadas, até hoje, particularmente na América de Donald Trump.

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.