"Imagine" de John Lennon


Escrito por Carolina Marcello

"Imagine", de John Lennon e Yoko Ono, é o single mais vendido da carreira solo de Lennon, lançado em 1971. O hino à paz foi gravado por artistas renomados como Madonna, Elton John e Stevie Wonder. Uma canção de mesmo nome foi incluída no álbum homônimo.

Música Imagine de John Lennon

Imagine there's no heaven

It's easy if you try

No hell below us

Above us only sky

Imagine all the people

Living for today

Imagine there's no countries

It isn't hard to do

Nothing to kill or die for

And no religion too

Imagine all the people

Living life in peace

You may say, I'm a dreamer

But I'm not the only one

I hope someday you'll join us

And the world will be as one

Imagine no possessions

I wonder if you can

No need for greed or hunger

A Brotherhood of man

Imagine all the people

Sharing all the world

Uma Viagem pela Tradução

Imagine que não há paraíso

é fácil se você tentar,

sem inferno abaixo de nós

e acima só o firmamento

Imagine todas as pessoas

vivendo para o hoje

Imagine que não há países

não é difícil de imaginar

nada pelo que matar ou morrer

e nenhum religião também

Imagine todas as pessoas

vivendo a vida em paz

Você poderá dizer que eu sou um sonhador

mas eu não sou o único

Espero que um dia você se una a nós

e o mundo vai ser como um só

Imagine nenhuma posse

eu imagino se você consegue

Sem precisar de ganância ou de fome

Uma Irmandade dos homens

Imagine todas as pessoas

Dividindo todo o mundo

Explorando a Música através da Análise e Interpretação

Ao cantar sobre um mundo futuro, John Lennon nos incita a imaginar uma realidade onde as diferenças entre pessoas são minimizadas. Ele afirma que é possível construir um mundo sem religião, fronteiras e riqueza, um local onde não existem conflitos gerados pela desigualdade.

Primeira Estrofe

Imagine que não há paraíso

é fácil se você tentar,

sem inferno abaixo de nós

e acima só o firmamento

Imagine todas as pessoas

vivendo para o hoje

No início da estrofe, John Lennon discute sobre as religiões e como elas usam a esperança de um paraíso e a ameaça de um inferno como forma de manipular as atitudes das pessoas.

A música parece desafiar os valores estabelecidos pela norma social ao sugerir que a escuta imagine o paraíso inexistente, o que contraria as crenças religiosas da fé cristã.

Se não existissem o paraíso nem o inferno, as pessoas poderiam viver no agora, sem se preocuparem com o que aconteceria no futuro.

Estrofe Número Dois

Imagine que não há países

não é difícil de imaginar

nada pelo que matar ou morrer

e nenhum religião também

Imagine todas as pessoas

vivendo a vida em paz

A música de hoje reflete o contexto histórico da década de 60, cujo movimento hippie foi fundamental para moldar os sons de então. Esta influência ainda é bastante notável e existe para lembrar como a música pode ser transformadora e libertadora.

Enquanto conflitos destruíam o mundo, a contracultura nos Estados Unidos questionava o terrível Vietnã. Vários famosos saíram em protesto, dentre eles John Lennon, e essa ação representava os ideais de "paz e amor".

No refrão, o artista faz um apelo à construção de um mundo sem fronteiras, onde as nações não sejam mais o motivo para guerras. Neste mundo, não existem divisões, restrições ou limitações. Ele convida o ouvinte a imaginar um lugar de liberdade e paz, onde as pessoas podem se expressar livremente.

Sem guerras, sem violência letal, sem divisões nacionais ou diferenças de crenças, os seres humanos poderiam conviver de forma pacífica e harmoniosa.

Cantando o Refrão

Você poderá dizer que eu sou um sonhador

mas eu não sou o único

Espero que um dia você se una a nós

e o mundo vai ser como um só

Neste trecho, o cantor se dirige àqueles que não acreditam em suas palavras. Embora seja taxado de "sonhador", que sonha com um mundo melhor, ele sabe que não está sozinho. Há mais pessoas que também se permitem sonhar e lutar para criar esse mundo ideal. Por isso, ele convida os "descrentes" a se juntarem, prometendo que "um dia serão um".

Com a base de respeito e empatia entre as pessoas, é possível construir um mundo de paz. Se mais pessoas tiverem a capacidade de imaginar essa realidade, a força coletiva será o que fará toda a diferença para a mudança.

Estrofe Três

Imagine nenhuma posse

eu imagino se você consegue

Sem precisar de ganância ou de fome

Uma Irmandade dos homens

Nesta estrofe, o autor imagina um mundo que não é regido pela propriedade, pela avidez por dinheiro ou por qualquer outro elemento materialista. Ele chega a questionar se é possível pensar numa realidade onde não exista a pobreza, a concorrência ou o desespero. Se este cenário fosse possível, a humanidade seria unida e viveria em harmonia, partilhando o mundo em paz.

Explorando o Significado da Música

Mesmo tendo fortes críticas às religiões, às nações e ao capitalismo, a letra de "Imagine", música criada pelo John Lennon, conta com uma melodia suave. O próprio Lennon acreditava que esse som contribuiu para que a música, tão subversiva, fosse aceita por um grande número de pessoas.

O compositor nos sugere que a imaginação possa ser usada para melhorar o mundo. Ainda que as soluções pareçam inatingíveis, elas podem ser alcançadas se tivermos a capacidade de visualizar seu alcance. O primeiro passo para o sucesso é ousar imaginar o que é possível.

Explorando o Passado: Contexto Histórico e Cultural

Durante a década de 1960 e começo da de 1970, os Estados Unidos e a União Soviética entraram em tensa disputa global, mais conhecida como Guerra Fria. Este longo confronto entre as duas superpotências nucleares gerou diversos conflitos internacionais que marcaram o período.

As décadas de 1960 foram extremamente férteis para a música e a cultura em geral. Os movimentos de contracultura desta época tiveram um grande impacto na música pop, revolucionando a indústria cultural. John Lennon, dos Beatles, foi um grande influenciador desta mudança.

Protesto contra a Guerra de Vietna

Os jovens, sobretudo da América do Norte, recusavam-se a participar nos conflitos impostos pelos governos. Protestavam nas ruas gritando o famoso lema "Amor em vez de guerra", em oposição ao conflito do Vietnã.

Veja os posts a seguir

John Lennon e Yoko Ono: Em Busca da Paz

John Lennon foi considerado uma das maiores estrelas de sua época, sendo um dos fundadores da icônica banda britânica The Beatles. Seu trabalho e ideias influenciaram profundamente várias gerações e transformaram-no numa figura ímpar da música ocidental.

O casamento entre John Lennon e Yoko Ono é uma das partes mais conhecidas da biografia do ex-Beatle. Yoko era uma artista respeitada que participou de diversos movimentos artísticos vanguardistas durante a década de 60, especialmente do Fluxus, que defendia a arte livre e politizada.

Em 1964, Yoko fazia parte da vanguarda artística, e lançou o livro Grapefruit – que serviu como importante inspiração para a composição de Imagine. Dois anos mais tarde, ela conheceu John Lennon e o que começou como uma parceria amorosa, acabou se tornando uma aliança artística e profissional.

Bed In, John Lennon e Yoko Ono

Com a saída de Lennon dos Beatles, a união do cantor com Ono foi muito mal recebida por seus fãs. Muitos acusaram a japonesa pela separação do famoso grupo musical e se manifestaram contrariamente ao casal.

Em 1969, para celebrar seu casamento, eles aproveitaram a atenção recebida para protestar contra a Guerra do Vietnã. Como parte de seu lua-de-mel, eles organizaram um evento chamado "Bed in", onde ficaram na cama em nome da paz mundial.

Durante a performance, os ativistas aproveitaram a presença de jornalistas para discursar sobre a importância do pacifismo. Também conhecidos por seus contributos artísticos, eles espalharam outdoors em 11 cidades, transmitindo a mensagem "A guerra acaba se você quiser".

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.