A Minha Ignorância é Óbvia


Escrito por Rebeca Fuks

Atribuída ao filósofo grego Sócrates, a frase "Só sei que nada sei" é bem conhecida, tanto em sua versão original em latim ("ipse se nihil scire id unum sciat") quanto na sua tradução em inglês ("I only know that I know nothing").

Significado da expressão "Só sei que nada sei

Sócrates expressou a sua própria ignorância ao proferir a frase "Só sei que nada sei". Através do seu famoso paradoxo, ele negou a possibilidade de ser um mestre ou grande especialista na matéria. A ideia por trás disso é bastante simples: ao afirmar nada saber, ele confirma que não tem nada a ensinar.

Nicolau de Cusa, um filósofo do Renascimento, reconheceu o ato de humildade intelectual como "douta ignorância".

"Há muito que sei e nada sei". Platão, ex-aluno de Sócrates, reconheceu na Carta VII algo que contrariou a frase de seu mestre: "Há muito que sei e nada sei".

“Sócrates, que não receio proclamar como o homem mais justo do seu tempo.”

Embora não exista registro na obra de Platão, é possível que Sócrates tenha, de fato, proferido aquela frase. Seu conteúdo se enquadra nas ideias pregadas pelo filósofo.

Sócrates

Muitos acreditam que a frase "Só sei que nada sei" foi a resposta proferida por Sócrates quando o oráculo o apontou como o homem mais inteligente da Grécia.

Ao admitir publicamente seu desconhecimento, Sócrates ganhou inimigos que o acusaram de usar retórica para enganar. Quando completou 70 anos, foi levado a julgamento por seu suposto envolvimento em atos de subversão, como desencorajar os atenienses a acreditarem nos deuses e guiar os jovens com seu método de interrogação.

Ele foi oferecido a chance de se retirar e mudar de ideia, mas decidiu continuar na sua posição. Então foi condenado a consumir um cálice de veneno (cicuta). Durante o julgamento, ele declarou que "Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida".

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A Vida e os Ensinos de Sócrates

Nascido entre 470 e 469 em Atenas, Grécia, Sócrates é considerado o pai da filosofia ocidental. Seu pai era escultor e sua mãe era parteira. Mesmo pertencendo a uma família de poucos recursos, Sócrates viveu e morreu na mesma cidade, em 399.

Ele se casou com Xantipa e Mirton, permitido provisoriamente pelo governo devido à grande falta de homens por causa das baixas na guerra. Esta foi uma situação de bigamia autorizada.

Sócrates não produziu nenhuma obra escrita, não por ser analfabeto, mas devido à sua decisão de preservar a fluidez do seu discurso. Talvez esse seja um dos motivos da grandeza do intelectual, pois ele cultivava a oratória de forma ímpar.

Na época, os oradores não costumavam guardar seus discursos por escrito, ficando esta tarefa apenas a cargo dos poetas. Não é como o diálogo, onde interações e perguntas são permitidas, pois a escrita é misteriosa e abre margem para várias interpretações e análises, o que deixava os oradores distanciados desta forma de registro.

Platão, um dos alunos de Sócrates, foi o primeiro a registrar os discursos de forma escrita em prosa.

Embora nenhuma obra escrita seja atribuída a ele, Sócrates tornou-se uma referência para a filosofia ocidental. Ele era de pequena estatura e nunca pediu pagamento por suas palestras; em vez disso, ele percorria as ruas conversando sobre diferentes tópicos.

Aos 60 anos de idade, começou a se tornar famoso por sua filosofia. Infelizmente, aos 70 anos, ele foi julgado em tribunal e condenado à morte, sendo forçado a beber um cálice de cicuta.

Explorando o Método Socrático

O método socrático, também conhecido como dialética, se baseia em um diálogo entre o filósofo e o seu interlocutor que, geralmente, alega conhecimento sobre um assunto específico. Sócrates restringe-se a interrogar e avaliar as afirmações feitas pelo interlocutor arrogante.

Através do diálogo, Sócrates faz perguntas para interpretar as verdades daquele que acredita saber. Suas questões são provocadoras e instigantes, e são somente cessadas quando o interlocutor alcança uma resposta.

Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).