A Vida e Obra de Elis Regina


Escrito por Rebeca Fuks

Ao longo dos anos 60 e 70, Elis Regina tornou-se reconhecida como a maior intérprete do Brasil. Sua vitalidade, emoção e expressividade lhe renderam enorme sucesso na cena musical. Ela faleceu em 1982, deixando um legado que ainda é reverenciado pelos fãs até os dias atuais.

Dotada de uma personalidade carismática, a cantora teve uma vida marcada por problemas e infelicidades, perdendo a vida prematuramente, aos 36 anos, devido a uma overdose.

Elis foi uma figura fundamental na música, colaborando com importantes parceiros e descobrindo grandes compositores.

Cantora Elis Regina

A Vida de Elis Regina

Começando o Caminho

Nascida na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 17 de março de 1945, Elis Regina de Carvalho Costa foi filha de Romeu Costa e Ercy Carvalho.

Aos onze anos, em 1956, Elis iniciou sua carreira musical. Naquela época, ela entrou para o programa "O Clube do Guri" da Rádio Farroupilha em Porto Alegre, que era comandado por Ari Rego e destinado ao público infantil.

Ascensão na Música

Em 1960, a cantora ingressou na Rádio Gaúcha. No ano posterior, foi lançado o seu primeiro álbum: Viva a Brotolândia. A obra foi gravada quando ela tinha apenas dezesseis anos.

Wilson Rodrigues Poso, funcionário da gravadora Continental, e Walter Silva, produtor musical e jornalista, são responsáveis pelo lançamento de Elis.

Em 1964 Elis já vinha realizando vários shows por São Paulo e Rio de Janeiro, tendo lançado muitos discos até lá. A partir deste ano, ela foi convidada para participar do programa Noite de Gala. Nesta oportunidade foi apresentada a Ciro Monteiro, que viria a ser seu primeiro parceiro na televisão.

Em 1964, Elis mudou-se para São Paulo e começou a se apresentar no Beco das Garrafas, onde ela conheceu Luís Carlos Mieli, um produtor musical, e Ronaldo Bôscoli. Estas duas pessoas foram cruciais para a sua carreira. Em 1967, Elis se casou com Bôscoli.

Em 1965, a cantora teve a vitória no I Festival de Música Popular Brasileira, organizado pela TV Excelsior. A canção Arrastão, composta por Edu Lobo e Vinícius de Moraes, lhe rendeu o apelido carinhoso de "Pimentinha".

Em 1966, Toquinho gravou instrumentalmente a música "Triste Amor que Vai Morrer", sua única composição em parceria com Walter Silva.

Durante 1965 a 1967, Elis Regina foi responsável por apresentar o quadro O fino da Bossa, na TV Record, ao lado de Jair Rodrigues. O álbum O dois na Bossa foi lançado nessa época, tornando-se recorde de vendas.

A partir daí, Elis foi dedicando os anos seguintes à sua evolução técnica e vocal, sendo que esses esforços fizeram com que ela se tornasse conhecida mundialmente.

Em 1974, Elis Regina lançou o famoso disco Elis e Tom, em parceria com Tom Jobim. Dois anos depois, veio o álbum Falso Brilhante, fruto do espetáculo homônimo criado junto com Myriam Muniz e César Camargo Mariano, com quem ela ficou casada entre 1973 e 1981. A cantora também produziu muitos outros álbuns ao longo de sua carreira.

A personalidade de Elis Regina foi extremamente importante na luta contra o regime ditatorial brasileiro entre 1964 e 1985. Apesar das medidas tomadas pelos militares para tentar silenciar seus opositores, Elis Regina conseguiu se posicionar contra o regime e seus atos, graças ao seu enorme reconhecimento, evitando ser presa ou exilada.

Ela foi muito clara em suas entrevistas ao expressar a visão que tinha, e ela escolheu cantar muitas músicas que eram críticas à ditadura.

Trágico Falecimento de Elis Regina

Em 19 de janeiro de 1982, Elis Regina foi encontrada desacordada por seu namorado na época, Samuel Mc Dowell, após o consumo de álcool, cocaína e remédios tranquilizantes. Ele a levou de imediato para o hospital.

O Teatro Bandeirantes foi o local escolhido para o velório da cantora, onde ela havia se apresentado no espetáculo Falso Brilhante. Seu sepultamento aconteceu no Cemitério do Morumbi, em São Paulo. A prematura perda da artista foi um grande impacto para todo o Brasil.

Filhos de Elis Regina

A cantora Elis Regina teve três filhos. O primeiro deles, João Marcelo Bôscoli, nasceu em 1970, fruto de seu casamento com Ronaldo Bôscoli e é um empresário e produtor musical.

César Camargo Mariano foi pai de dois filhos de seu relacionamento: Pedro Camargo Mariano, nascido em 1975, e Maria Rita Camargo Mariano, nascida em 1977. Ambos também embarcaram na carreira musical.

A Obra Musical de Elis Regina

"Viola Enluarada", "É Preciso Perdoar" e "Como Nossos Pais". Elis Regina tornou-se ícone do canto popular brasileiro por causa de grandes sucessos como "Viola Enluarada", "É Preciso Perdoar"e "Como Nossos Pais".

Nossos Pais: Uma Retrospectiva (1976)

A canção "Nossos Pais" de Belchior, gravada por Elis em 1976 como parte do seu álbum "Falso Brilhante" foi um grande sucesso. O próprio Belchior gravou também sua versão naquele mesmo ano para o seu disco "Alucinação".

Esta música é marcada por uma grande carga emocional, representando o contexto da ditadura militar brasileira. A letra também traz uma disputa entre gerações, tornando-a extremamente relevante até os dias de hoje.

A Equilibrista e o Bêbado (1978)

Em 1978, João Bosco e Aldir Blanc compuseram "Essa Mulher". Elis Regina gravou a versão do álbum no ano seguinte e a música se tornou a mais bem-sucedida da produção. Com seu forte apelo pela luta contra a ditadura, ela foi considerada um hino à liberdade e à Anistia.

As Águas de Março de 1974

Em 1972, Tom Jobim compôs a canção 'Águas de Março', que ele e a cantora Elis Regina gravaram em 1974 para o álbum 'Elis e Tom'. Aqui você pode conferir a apresentação da música no Programa Ensaio, da TV Cultura.

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Desde o início da carreira até o trágico desfecho, a história da vida da cantora é contada. Sua morte foi uma tragédia que chocou todos.

Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).