A escritora Clarice Lispector (1920-1977) foi consagrada como o maior nome da literatura brasileira, sendo responsável por obras-primas como A Hora da Estrela, A Paixão Segundo G.H. e Laços de Família.
A escrita de Clarice é vista como pertencente à terceira fase do modernismo, porém seu trabalho transcende às gerações. Portanto, podemos afirmar que é atemporal.
A Vida de...
A Chegada de Clarice
A família Lispector já era composta por três meninas quando Haia, que viria a ser conhecida como Clarice, nasceu. Seus pais eram Pinkouss, comerciante, e Mania, dona de casa; as outras duas filhas eram Leia e Tania.
Em Tchetchelnik, uma pequena aldeia da Ucrânia que pertencia à Rússia, viviam todos. Leia, a primeira filha, nasceu em Savran, Tania em Teplik e Clarice já em Tchetchelnik.
A Imigração da Família Lispector para o Brasil
A família judaica decidiu emigrar buscando uma vida melhor, afastando-se do antissemitismo que havia no país de origem.
A família Lispector, em 1926, embarcou no navio Cuyabá com destino a Maceió. Seus tios, Zina e José Rabin, que viviam na cidade, os aguardavam. Assim que chegaram, o pai de Clarice começou a trabalhar com José Rabin como mascate.
A família adotou um novo nome quando chegou ao Brasil: Pedro, Marieta, Elisa e Clarice, respectivamente, para o pai, a mãe, a irmã mais velha e Haia.
Em 1925, o pai da família decidiu mudar-se de Alagoas para Pernambuco, establecendo-se no bairro Boa Vista.
Ao completar nove anos, Clarice se tornou órfã de mãe. Em 1934, ela e sua família migraram para o Rio de Janeiro.
Adquirindo Formação
Aprovação de Clarice no Ginásio Pernambucano! Embora sua tentativa de publicar uma série de pequenos contos tenha sido recusada, ela não desistiu, mantendo o foco em seus objetivos.
Em 1941, ela ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (no Rio de Janeiro). Durante seus estudos, trabalhou como secretária, depois em um escritório de direito, em um laboratório e finalmente na redação da Agência Nacional. Para se sustentar financeiramente, também realizava traduções de textos científicos.
Publicações Realizadas
- O Caderno Rosa de Lori Lamby (literatura infantil, 1980)
- Perto do Coração Selvagem (romance, 1944)
- O Lustre (romance, 1946)
- A Cidade Sitiada (romance, 1949)
- Alguns Contos (contos, 1952)
- Laços de Família (contos, 1960)
- A Maçã no Escuro (romance, 1961)
- A Paixão Segundo G.H. (romance, 1961)
- A Legião Estrangeira (contos e crônicas, 1964)
- O Mistério do Coelho Pensante (literatura infantil, 1967)
- A Mulher Que Matou os Peixes (literatura infantil, 1969)
- Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (romance, 1969)
- Felicidade de Clandestina (contos, 1971)
- Água Viva (romance, 1973)
- Imitação da Rosa (contos, 1973)
- A Via Crucis do Corpo (contos, 1974)
- A Vida Íntima de Laura (literatura infantil, 1974)
- A Hora da Estrela (romance, 1977)
- A Bela e a Fera (contos, 1978)
- O Caderno Rosa de Lori Lamby (literatura infantil, 1980)
Explorando o Jornalismo
Em 1959, Clarice voltou ao Brasil acompanhando seu marido diplomata após uma temporada no exterior. Logo após, ela se tornou colunista do Jornal Correio da Manhã, onde escreveu a coluna Correio Feminino.
O Diário da Noite apresenta uma coluna intitulada "Só para Mulheres".
A partir de 1967, ela publicou suas crônicas no Jornal do Brasil, o que tornou sua presença muito mais visível. Foi convidada a se juntar ao Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro.
Celebrando Nossos Prêmios Recebidos
- para o livro Perto do coração selvagem
- Prêmio Graça Aranha de melhor livro do ano pela obra Perto do coração selvagem
- Prêmio Jabuti pelo livro Laços de família
- Prêmio Carmen Dolores Barbosa pelo livro A maçã no escuro
- Prêmio Jabuti pelo livro A hora da estrela
- Prêmio Golfinho de Ouro pelo romance Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres
- Prêmio oferecido pela Campanha Nacional da Criança pelo livro O mistério do coelho pensante
- Prêmio pelo conjunto da obra oferecido pela Fundação Cultural do Distrito Federal para Perto do coração selvagem
Celebração de Matrimônio
Clarice Lispector casou-se com Maury Gurgel Valente, que também era seu amigo de turma. Maury viria a se tornar diplomata mais tarde.
O divórcio entre 1943 e 1959 encerrou o casamento.
Ser um Pai ou Mãe
Clarice e Maury tiveram dois filhos: Pedro Gurgel Valente (1948) e Paulo Gurgel Valente (1953).
O filho mais novo de Clarice, em entrevista, falou sobre sua relação com a mãe escritora. Ele expressou que sempre sentiu orgulho dela e que ela trouxe muitos ensinamentos para sua vida.
Afeção Médica
Em 1977, Clarice Lispector foi diagnosticada com um câncer de ovário avançado, o qual acabou culminando em uma metástase que a levou à sua morte no dia 9 de dezembro, véspera do seu aniversário de 56 anos.
Citando Palavras
Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.
Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
Conteúdo interessante
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Poesia
Embora seja famosa por seus poemas, Clarice Lispector na verdade não compunha seus textos em versos sistematicamente. Ademais, grande parte do que hoje se encontra em circulação não foi escrito por ela mesma.
Clarise raramente escreveu poesia no estilo clássico; ao invés disso, ela investiu ao longo da sua carreira em crônicas, contos e romances que possuíam um certo lirismo.
Clarice Lispector foi convidada por Manuel Bandeira a mostrar um exemplar de seus versos. O poeta, então, escreveu uma carta datada de 23 de novembro para ela. Em resposta, Clarice exibiu um momento raro e puro de exercício poético.
Você é poeta, Clarice querida. Até hoje tenho remorso do que disse a respeito dos versos que você me mostrou. Você interpretou mal as minhas palavras […] faça versos, Clarice, e se lembre de mim.
Destacadas Criações
A Estrela da Hora
Muitos acreditam que A Hora da Estrela, publicado em 1977, é a obra-prima de Clarice. O livro narra a história de Macabéa, uma migrante do Nordeste que se muda para a cidade grande em busca de oportunidades.
Rodrigo S. M. questiona-se: é possível transmitir a dor de outra pessoa? Ao narrar a história, ele não só reflete sobre a trajetória da pobre moça, como também analisa questões relacionadas à escrita e aos seus próprios limites como contador de histórias.
Macabéia é típica daqueles que vivem nas sombras: humilde, sem grandes interesses ou motivações. Ela é uma figura solitária, que se sente abandonada, e com quem o leitor pode facilmente se identificar.
Clarice reagiu às críticas de que não retratava o verdadeiro sofrimento do povo brasileiro com uma obra escrita na forma de prosa, mas que é, na verdade, pura poesia.
A Felicidade Escondida
A obra de 1971 é composta por vinte e cinco contos, que incluem os já publicados em jornal e os novos inéditos.
Clarice conta pequenas histórias de sua vida entre os anos cinquenta e sessenta, tanto no Recife quanto no Rio de Janeiro. Elas possuem um tom profundamente autobiográfico.
Através do seu estilo literário, tradicionalmente reflexivo, o autor convida o leitor para uma viagem pelas páginas que tratam temas como a memória infantil, os dilemas existenciais e a solidão. A leitura é uma experiência desafiadora, pois provoca um momento de desconforto.
Um Conto de Amor
O conto Amor de Clarice Lispector, publicado no livro Laços de família (1960), é um dos mais celebrados de sua obra.
Ana, uma pessoa comum, foi abalada por uma epifania em meio à sua rotina corriqueira, o que a levou a refletir sobre o que ocorria ao seu redor.
Ao passar por uma janela do bonde, Ana presenciau a cena de um cego mastigando chiclete e, com isso, sentiu um grande misto de emoções que iam desde o desconforto à perplexidade. Mãe, esposa e dona de casa, ela sempre executou seus afazeres com muita eficiência, mas esse momento a fez repensar sua vida de maneira diferente.
Atualizações do Modernismo
Asconsiderada uma escritora da terceira fase do modernismo brasileiro, Clarice Lispector fazia parte da Geração de 45. Esta foi reconhecida pelos teóricos da literatura.
Conversando com um candidato
Em 1º de fevereiro de 1977, Clarice concedeu sua última entrevista para a TV Cultura. Esta preciosa gravação está disponível para visualização online.
