Análise e Resumo da Tragédia "Édipo Rei" de Sófocles


Escrito por Carolina Marcello

Sófocles, um dos intelectuais mais talentosos da Antiguidade Clássica, foi o autor da tragédia grega Édipo Rei, um dos mitos mais revisitados da história. O pensador Aristóteles considerava a peça Édipo Rei como a melhor tragédia do teatro grego.

Principais Pontos Resumidos

Quando ainda era um bebê, o protagonista Édipo foi condenado à morte por seu pai, o rei Laio. O motivo para isso era uma profecia que havia sido revelada ao rei por um oráculo de Delfos. A profecia dizia que o filho algum dia mataria o próprio pai e desposaria a mãe, a rainha Jocasta. Aterrorizado com a ideia, o rei Laio achou que a melhor solução seria matar o filho antes que a profecia se cumprisse.

O Rei decidiu que Édipo deveria ter os pés amarrados e ser pendurado numa árvore no monte Citerão até ser atacado pelas feras. No entanto, o pastor, comovido com a situação, desobedeceu às ordens e levou o bebê para sua casa. Vendo que sua família era muito pobre para criar adequadamente Édipo, eles acabaram por doá-lo.

Políbio passou a cuidar do bebê como se fosse seu próprio filho. Ao crescer, o rapaz ficou sabendo que havia sido adotado, o que o deixou bastante incomodado.

Édipo sai desvairado após receber a notícia. Quando chega a uma encruzilhada, tem a oportunidade de reencontrar o seu pai biológico, que desconhecia. Sem pensar duas vezes, o homem mergulha em uma raiva incontrolável e acaba matando o pai, assim realizando a primeira parte da profecia.

Ao chegar em Tebas, sua cidade natal, Édipo se deparou com uma esfinge que lhe apresentou um desafio que não havia sido solucionado até aquele momento.

Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três?

O enigma da esfinge foi desvendado por Édipo. A resposta era o ser humano, que é único em seu desenvolvimento: engata com quatro pés quando é criança, anda com dois quando é adulto e conta com três quando envelhece (as duas já existentes mais a ajuda de uma bengala).

Ao acertar a pergunta da esfinge, Édipo conquistou o título de herói e foi proclamado o novo rei de Tebas, cumprindo assim a segunda parte da profecia. Ele e Jocasta, sua mãe, tiveram quatro filhos (duas filhas e dois filhos).

Ao consultar um oráculo, Édipo constata que o seu destino se tornou realidade.

Oh! Ai de mim! Tudo está claro! Ó luz, que eu te veja pela derradeira vez! Todos sabem: tudo me era interdito: ser filho de quem sou, casar-me com quem me casei e eu matei aquele a quem eu não poderia matar!

Em desespero, o indivíduo causa a si mesmo a cegueira ao arrancar as órbitas dos olhos, dizendo que não aguenta suportar a tristeza resultante de seus próprios erros.

Jocasta, a rainha, cometeu suicídio. Sua condição de esposa e mãe não suportou a revelação do terrível segredo.

EMISSÁRIO

Uma coisa fácil de dizer, como de ouvir: Jocasta, a nossa rainha, já não vive!

CORIFEU

Oh! Que infeliz! Qual foi a causa de sua morte?

EMISSÁRIO

Ela resolveu matar-se...

Explorando o Significado do Nome Édipo

O nome de Édipo, que significa "o de pés inchados", se encaixava perfeitamente com sua história. Quando ele ainda era uma criança, seus pés tinham sido perfurados para que fosse pendurado em uma árvore, e as feras o devorassem.

Caracteres

O Trágico Destino de Édipo

O protagonista da história foi condenado à morte por seu próprio pai, o rei Laio. Isto aconteceu após o oráculo de Delfos profetizar que o filho acabaria matando o seu pai e desposaria a sua mãe.

Reinado de Laio

Laio, o Rei de Tebas, é marido de Jocasta e juntos têm um único filho, chamado Édipo.

A Majestade da Rainha Jocasta

A mãe biológica de Édipo perdeu o contato com o filho, acreditando que ele estava morto. Depois de Laio, o seu marido, ser assassinado, ela acabou se casando com Édipo e tendo quatro filhos com ele.

Vida de Camponês

O rei Laio ordenou que ela abandonasse o menino na floresta, mas ela não conseguiu suportar a ideia. Com pena do bebê, ela o pegou e o levou para casa.

A Vida e Obra de Políbio

O Rei de Corinto adotou o recém-nascido Édipo, tratando-o como se fosse seu próprio filho.

A Mítica Esfinge

A esfinge, metade mulher, metade leão, desafia todos com a sua conhecida enigma. Ninguém conseguia decifrá-lo até que Édipo acertou a resposta. Por isso, tornou-se um herói e recebeu como recompensa a rainha Jocasta.

Origens da peça

A peça Édipo Rei de Sófocles foi inicialmente apresentada em Atenas, na Grécia. Seu texto foi preparado para um concurso, mas infelizmente acabou por ficar em segundo lugar, sendo derrotada por um drama de Filocles, autor cuja obra não é muito conhecida hoje em dia.

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A Vida e Obra de Sófocles

Sófocles (495 a.C. – 406 a.C.), natural de Atenas, capital da Grécia, destacou-se como intelectual e autor de peças de teatro. Ele também atuou como ator e compôs cerca de 120 trabalhos, embora apenas sete tenham resistido ao passar do tempo.

Sófocles foi um dramaturgo de grande sucesso. Édipo Rei é seu trabalho mais famoso, no entanto, outras peças dele também foram importantes, como Antígona, Ajax e Electra. Participou de 30 concursos teatrais e conquistou 24 títulos. Sua carreira foi muito celebrada.

Sofocles

A Teoria do Complexo de Édipo de Sigmund Freud

A teoria psicanalítica de Freud foi ilustrada pela tragédia grega que ele usou como referência.

Em 1897, Freud escreveu uma carta para Fliess onde expressou seu desejo de usar a peça grega em seus estudos médicos. No entanto, somente vinte anos mais tarde, em 1924, ele publicou seu trabalho mais aprofundado sobre o tema, intitulado A Dissolução do Complexo de Édipo.

Designa o fenômeno psicológico resultante do comportamento emocional do triângulo filho-mãe-pai. A inter-relação desses três constantes deu origem a uma série de fenômenos variáveis que foram agrupados sob o nome genérico “complexo de édipo

Pasolini's 'Edipo Re' Film

No dia 7 de setembro de 1967, foi lançado na Itália o filme escrito e dirigido por Pier Paolo Pasolini. O elenco contava com Silvana Mangano, na pele de Jocasta; Franco Citti, como Édipo; Luciano Bartoli, como Laio; e Ahmed Belhachmi, como Pólibo.

Fazendo parte do notável Ciclo Mítico de Pasolini, Edipo Re incorpora-se aos demais filmes desse projeto, como Teorema, Porcile, Medéia e a Feiticeira do Amor.

Edipo Re

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.