Edgar Allan Poe (1809 - 1849) foi um dos mais importantes escritores da literatura norte-americana e uma das mais significativas figuras da literatura de suspense/policial.
Obra de Edgar Allan Poe são conhecidas por sua atmosfera de mistério, horror e morte. Geralmente, elas têm tom melancólico e sombrio que lhes dá um ambiente único.
Ele foi um innovador no campo do detetivesco, introduzindo um estilo gótico até então pouco explorado. Seu objetivo era refletir sobre o quanto o ser humano pode se deteriorar e isso o motivou a descrever a degradação física e emocional em seus trabalhos.
1. A Obra de Edgar Allan Poe: 'O Corvo' (1845)
O Corvo, poema que viria a se tornar um clássico da literatura norte-americana, foi publicado na American Review no dia 29 de janeiro de 1845, conferindo visibilidade e reconhecimento a Poe.
O eu-lírico desta poesia é mostrado como profundamente solitário e devastado após a morte de Lenora. Ao longo dos cento e oito versos, esta tristeza é retratada, revelando uma profunda tristeza e solidão.
Um corvo entrou pela janela na noite de inverno de dezembro. Ele pousou na estátua do busto de Pallas Atenas, a deusa da sabedoria. Após o trágico acontecimento, o eu-lírico se viu em um diálogo com o animal.
Disse o Corvo, “nunca mais”.
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta! –
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, e esta noite e este segredo
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Com rimas marcantes e uma estética quase hipnótica, o poema de Poe deixou os leitores maravilhados e logo foi traduzido para diversos idiomas, ultrapassando as fronteiras dos Estados Unidos. A musicalidade lírica criada envolvia os leitores em uma experiência única em sua leitura.
Charles Baudelaire traduziu a obra em 1853, enquanto que Fernando Pessoa fez o mesmo em 1883. Já em 1924, Machado de Assis traduziu-a.
2. A Lenda do Gato Preto (1843)
Originalmente publicado na revista Saturday Evening Post, em agosto de 1843, "The Tell-Tale Heart" de Edgar Allan Poe é considerado um de seus contos mais famosos. O protagonista da história é um homem, que afirma estar próximo de sua morte e se resolve contar sua história.
Ele sempre foi muito gentil com a sua família e animais domésticos, especialmente seu gato Plutão, cujo nome foi escolhido em homenagem ao deus romano que guardava o inferno. O gatinho era até aquele momento o seu companheiro constante.
A partir do momento em que ele começou a abusar do álcool, tornou-se uma pessoa amarga e agressiva, causando problemas para todos da casa com seus comportamentos brutais. Certa madrugada, enquanto estava embriagado, ele acabou machucando o gato.
Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim.
Após ter sido rejeitado pelo animal, o narrador decidiu matá-lo de forma insensível e cruel. Imediatamente após, sua residência foi totalmente devastada por um incêndio misterioso.
Depois disso, o personagem começou a pensar que era atormentado pelo espírito do gato Plutão. Essa narrativa, portanto, pode ser vista como uma metáfora sobre a culpa e suas repercussões na mente das pessoas.
3. O Pêndulo e o Poço (1842)
O conto "Inquisição Espanhola", de Edgar Allan Poe, foi lançado em 1842. Posteriormente, foi incluído na coletânea Histórias Extraordinárias, que apresenta algumas de suas narrativas breves. O enredo, perturbador e assustador, se passa durante o período da Inquisição Espanhola, evocando uma das partes mais escuras da nossa história comum.
O narrador, um soldado que foi julgado e condenado, é mantido preso numa pequena cela. Lá, é exposto a diversas torturas e violências, e seu corpo fica dolorido. Porém, é sua mente que está sofrendo mais, pois o medo constante que o assombra não lhe dá trégua.
Súbito, voltam à minha alma o movimento e o som – o movimento tumultuoso do coração e, em meus ouvidos, o som de suas batidas. Em seguida, uma pausa, em que tudo é vazio. Depois, de novo, o som, o movimento e o tato, como uma sensação vibrante que penetra em meu ser. Logo após, a simples consciência da minha existência, sem pensamento – estado que durou muito tempo.
Ele temia cair no grande buraco que havia no chão do seu calabouço. Acima do seu corpo, estava um pêndulo com uma lâmina, pronto para cortar sua carne. Essa situação era uma metáfora para a opressão e dominação que o ser humano costuma impor aos seus semelhantes.
Ao mesmo tempo, O Poço e o Pêndulo apresenta uma reflexão a respeito da fragilidade humana e como nossas mentes podem ser afetadas ou até mesmo destruídas por situações específicas.
A Vida de Edgar Allan Poe
A vida de Edgar Allan Poe foi curta e a sua obra intemporal. Ele foi um escritor, poeta, crítico e editor, sendo considerado o precursor do romance policial moderno. A sua produção literária é reconhecida como uma das grandes obras da literatura ocidental.
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Chegada ao Mundo
Edgar nasceu no dia 19 de janeiro de 1809 em Boston, Massachusetts. Seus pais eram David Poe Jr., um ator de Baltimore, e Elizabeth Arnold Poe, uma atriz inglesa, ambos pertencentes a uma companhia de teatro itinerante. Edgar tinha dois irmãos: Rosalie e William.
Os primeiros anos de vida de Edgar foram tristes: o seu pai faleceu ou abandonou a família (não sendo certo o que ocorreu) quando ele era ainda muito jovem. Em 1811, a sua mãe faleceu vítima de tuberculose, quando ele tinha apenas três anos.
Edgar foi trazido para a casa de John Allan e Frances, um casal de empresários/agricultores escoceses bem-sucedidos que se dedicavam ao comércio de tabaco. Foi deles que o menino recebeu o sobrenome Allan como se fossem seus pais adotivos.
Destacadas Ocorrências
A família adotiva de Edgar o incentivou a viajar para a Escócia e a Inglaterra, onde passou os anos de 1815 a 1820. John ainda fez com que ele desistisse de sua vocação literária e se dedicasse aos negócios, influenciando fortemente o futuro escritor.
Em 1826, para agradar ao seu pai adotivo, ele frequentou a Universidade da Virginia por um ano. No campus, começou a ter problemas devido a conflitos, assim como o uso de drogas, álcool e o hábito de apostar.
John recusou-se a pagar as dívidas do rapaz, resultando em ele sendo expulso de casa no ano seguinte. Como consequência disso, ele entrou para o exército americano.
Durante toda a sua existência, ele teve lutas contra o alcoolismo e o jogo. Sua saúde mental também esteve em risco, pois passou por diversos episódios depressivos, chegando a tentar cometer suicídio algumas vezes.
Caminhada Literária
Em 1827, Edgar Allan Poe publicou o seu primeiro livro, Tamerlane and Other Poems, em Boston, financiado com recursos próprios.
Em 1829, o poetapublicou o seu segundo livro, intitulado Al Aaraaf, Tamerlane, and Minor Poems. O volume apresentava uma coleção de poemas.
Após a edição de seu terceiro livro, ele decidiu tornar-se um escritor profissional. Embora enfrentasse problemas de saúde e financeiros, ele decidiu dedicar todo o seu tempo à escrita.
Publicando poemas e textos periodicamente em jornais e revistas, Edgar Allan Poe obtinha algum lucro, além de exercer diversos outros trabalhos como crítico, redator e editor de jornal.
Vida Privada
Edgar ficou noivo de Sarah Elmira Royster, que era sua vizinha. Entretanto, o romance não durou e ela logo se comprometeu com outra pessoa. A situação fez com que Edgar deixasse Richmond e voltasse para Boston.
O escritor viveu com sua avó paterna, Elizabeth Poe, sua tia Maria Clemm e sua prima, Virginia, de 1831 a 1835. O autor se apaixonou profundamente pela jovem e se casaram em 1836, quando ela tinha apenas treze anos.
Aos 24 anos, durante o inverno, a mulher de Poe faleceu devido à tuberculose, uma tragédia que havia também ceifado a vida da mãe e do irmão do escritor.
Após a perda de Virginia, Edgar propôs casamento para Sarah Whitman. Ele logo se encantou por Annie Richmond e, ainda mais tarde, por Sarah Shelton.
A Finalidade da Morte
Até os dias de hoje, a morte do escritor no dia 7 de outubro de 1849 em Baltimore, Maryland continua envolta em mistério.
No terceiro dia de outubro, Edgar foi encontrado em estado crítico e embriagado na cidade de Baltimore. Foi internado no Hospital Washington College, onde, depois de quatro dias, veio a falecer.
A causa exata da morte não é conhecida; todavia, existem boatos de que poderia ser devido ao uso abusivo de álcool, epilepsia ou mesmo intoxicação por monóxido de carbono.
Publicações Feitas
Fabulas e Contos
- 1. Tales of the Folio Club (1832-1836)
- 2. The Narrative of Arthur Gordon Pym (1838)
- 3. Wm. Duane copy of Southern Literary Messenger (1839)
- 4. Tales of the Grotesque and Arabesque (1840)
- 5. Phantasy Pieces (1842)
- 6. The Prose Romances of Edgar A. Poe (1843)
- 7. Tales by Edgar A. Poe (1845)
- 8. J. Lorimer Graham copy of Tales (1845)
- 9. S. H. Whitman copy of the Broadway Journal (1850)
- 10. The Works of the Late Edgar Allan Poe (1850)
Composições Poéticas
- 1. Tamerlane and Other Poems (1827)
- 2. Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems (1829)
- 3. “Wilmer” manuscript collection (1828)
- 4. Poems, by Edgar A. Poe (1831)
- 5. The Poets and Poetry of America (1842)
- 6. Philadelphia Saturday Museum (1843)
- 7. Herring copy of Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems (1845)
- 8. The Raven and Other Poems (1845)
- 9. J. Lorimer Graham copy of The Raven and Other Poems (1845)
- 10. Richmond Examiner proof sheets collection (1849)
- 11. The Works of the Late Edgar Allan Poe (1850)
Expressões Famosas
É de se apostar que toda ideia pública, toda convenção aceita seja uma tolice, pois se tornou conveniente à maioria.
Toda religião simplesmente desenvolveu-se com base no medo, ganância, imaginação e poesia.
A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve.
Descobrindo Novidades
O Edgar Allan Poe House and Museum, onde o famoso escritor viveu entre 1831 e 1835 ao lado da avó paterna, da tia Maria Clemm e da prima (e futura esposa) Virginia, está aberto para visitação. A casa foi transformada em museu para preservar este momento histórico da vida do escritor.
Edgar Allan Poe era profundamente apaixonado por felinos. Demonstrando o seu amor, o autor segurava a sua gata, Catterina, no colo enquanto escrevia. Infelizmente, ela partiu pouco tempo depois do seu dono, deixando-o com o coração partido, mesmo após ter escrito a narrativa arrepiante do conto O Gato Preto.
Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie são reconhecidos por definirem o gênero policial, mas a narrativa de Os Assassinatos da Rua Morgue, publicada por Edgar Allan Poe, inaugurou suas obras. Neste conto, o detetive Auguste Dupin investiga uma série de assassinatos que ocorreram em Paris.
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