Descubra Mais Sobre o Dadaísmo


Escrito por Sónia Cunha

O Dadaísmo surgiu em 1916 como uma forma de arte revolucionária, que buscava desafiar os valores estéticos e morais tradicionais. Jovens artistas inquietos e provocadores iniciaram este movimento com a intenção de criar uma nova maneira de pensar e realizar arte.

Liderado por nomes como Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Raoul Hausmann, entre outros, o grupo efetuou significativas alterações no sistema artístico que vigorava na época e exerceu uma grande influência sobre a sucessão de gerações que surgiu depois dele.

Aprenda mais sobre esse movimento extremista.

O que é o Dadaísmo?

Uma sensação de impotência social foi a base do surgimento do Dadaísmo. Esta descrença coletiva resultou na origem do movimento.

Como um movimento subversivo, o método de trabalho de sua gênese era baseado na provocação, choque, escândalo e polêmica.

Os artistas desta geração acreditavam que era necessário destruir para construir algo novo. Para deixar o passado para trás, eles tinham o impulso de se desfazer das estruturas anteriores. Assim, a destruição era algo bem comum a esses artistas.

O Dadaísmo foi o primeiro movimento de vanguarda, servindo como inspiração para o surrealismo e a pop art. O objetivo deste grupo era abalar as estruturas estabelecidas, questionando as técnicas artísticas e até mesmo a própria existência do movimento. Seu principal lema era "contra todos e contra si mesmo".

Com seu caráter radical, o movimento desencadeou uma série de eventos, incluindo exposições, manifestos, produções literárias e lançamentos de revistas.

Começo do Movimento

Em 1916, Hugo Ball (1887-1966) e sua esposa adquiriram um bar, que foi posteriormente transformado em um Cabaré Voltaire, que reuniu um grupo de artistas e questionadores da guerra.

Entre os membros daquele grupo, destacavam-se Tristan Tzara (1896-1963), Richard Huelsenbeck (1892-1974) e Hans Arp (1886-1966).

No cabaré que, anteriormente, fora um bar, os artistas costumavam se encontrar para propor obras que desafiavam as convenções. Assim, tornou-se conhecido como o movimento mais revolucionário da história da arte.

Explorando a História

O dadaísmo teve sua origem em Zurique durante a Primeira Guerra Mundial. Embora tenha se originado na capital da Suíça, também houve um grupo dadaísta que começou a se desenvolver em Nova Iorque.

Partindo de Zurique, o Dadaísmo conquistou a Europa,primeiro a Alemanha (Berlim e Colônia) e, posteriormente, a França. Foi em Paris que o movimento ganhou força. Ele também alcançou a Espanha (Barcelona) e se espalhou para a América do Norte.

Primeira Feira Internacional Dadaísta

Fim do Movimento

O Dadaísmo teve uma existência de seis anos, entre 1916 e 1922.

Em 1922, alguns artistas do antigo grupo decidiram permanecer ativos e fundaram o Surrealismo na capital francesa. A dissolução do grupo foi a motivação para a criação da nova corrente artística.

Explorando as Características do Dadaísmo

Os dadaístas expressavam um desdém irrefreável pelo racionalismo e estavam impregnados de um ceticismo profundo que os levava à rejeição de tudo (niilismo).

O grupo de artistas era famoso por sua subversão: eles eram contra as regras, desobedientes, e não se adaptavam às normas estabelecidas. Eram seres inquietos e agitados, que não aceitavam o status quo.

Os dadaístas expressavam-se de forma livre, ridicularizando a arte convencional, ao outro e a si próprios. Eles tinham uma abordagem espontânea que muitas vezes se traduzia em sátiras e gracejos.

A Fonte (1917), de Marcel Duchamp

O grupo se caracterizou por cuidadosamente questionar autoridades críticas e acadêmicas, rejeitando qualquer convenção. Os artistas desse grupo se identificavam com anarquia, subversão e cinismo como ferramentas para expressar suas visões.

Princípios do Dadaísmo

a reação contra os valores estabelecidos da arte, a rejeição da racionalidade, e a liberdade de expressão. O Dadaísmo é um movimento artístico que se caracteriza por uma grande diversidade, mas ainda assim é possível identificar alguns objetivos que os unem. Reagindo contra os valores estéticos estabelecidos, rejeitando a racionalidade e defendendo a liberdade de expressão, os dadaístas buscam romper com o anteriormente conhecido e abrir caminho para uma nova Arte.

  • Renegar totalmente a tradição;
  • Condenar com veemência o sistema artístico;
  • Lutar contra a utilização instrumental da arte: não deve ser agradável ou instruir;
  • Exaltar a fugacidade, procurando um novo modo de experimentar e refletir sobre a arte;
  • Elogiar o vazio, a inconsequência, a inutilidade, o engano, o que antes era tido como anti-arte;
  • Exigir liberdade (individual e coletiva) e perceber que, afinal, não somos livres.

"O Dadaísmo é anti-moral, anti-estético e anti-deus". No texto intitulado "Primeira Aventura Celestial do Senhor Antipirina", que funciona como a "bíblia" do movimento Dadaísta, Tristan Tzara (1896-1963) declara: "O Dadaísmo é anti-moral, anti-estético e anti-deus".

Dadá é a vida sem pantufas nem paralelos: quem é contra e pela unidade e decididamente contra o futuro; nós sabemos ajuizadamente que os nossos cérebros se tornarão macias almofadas, que nosso anti dogmatismo é tão exclusivista como o funcionário e que não somos livres e gritamos liberdade; necessidade severa sem disciplina nem moral e escarramos na humanidade.

O Dadaísmo: As Suas Obras Principais

Raoul Hausmann e o Espírito do nosso Tempo (1920)

O Espírito do nosso tempo (1920), de Raul Hausmann

Marcel Duchamp: Roda de Bicicleta (1913)

Roda de bicicleta (1913), Marcel Duchamp

Camisa de frente e Garfo (1922), de Jean Arp

Shirt Front and Fork (1922), de Jean Arp

Raoul Hausmann: O Crítico de Arte (1919-1920)

O Crítico de Arte (1919-1920), de Raul Hausmann

Max Ernst e sua Obra Ubu Imperator (1923)

Ubu Imperator (1923), de Max Ernst

Os Artistas Dadaístas Mais Proeminentes

Picabia, Duchamp, Man Ray, Hausmann, Huelsenbeck e Arp. Dentro de diferentes países, a arte do dadaísmo foi explorada em diversas plataformas, incluindo escultura, pintura, gravura, instalação e literatura. Entre as grandes figuras responsáveis por promover as ideias deste movimento, estão Picabia, Duchamp, Man Ray, Hausmann, Huelsenbeck e Arp.

  • André Breton (França, 1896-1966)
  • Tristan Tzara (Romênia, 1896-1963)
  • Marcel Duchamp (França, 1887-1968)
  • Man Ray (Estados Unidos, 1890-1976)
  • Richard Huelsenbeck (Alemanha, 1892-1974)
  • Albert Gleizes (França, 1881-1953)
  • Kurt Schwitters (Alemanha, 1887-1948)
  • Raoul Hausmann (Austria, 1886-1971)
  • John Heartfield (Alemanha, 1891-1968)
  • Johannes Baader (Alemanha, 1875-1955)
  • Arthur Cravan (Suíça, 1887-1918)
  • Max Ernst (Alemanha, 1891-1976)

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Sónia Cunha
Escrito por Sónia Cunha

É licenciada em História, variante História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003) e em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar (2006). Ao longo da carreira profissional, exerceu vários cargos em diferentes áreas, como técnico superior de Conservação e Restauro, assistente a tempo parcial na UPT e professora de História do 3º ciclo e ensino secundário. A arte e as letras sempre foram a sua grande paixão.