7 Razões para Conhecer o Trabalho de Jackson Pollock


Escrito por Rebeca Fuks

Considerado como um dos mais originais pintores do século XX, Jackson Pollock (1912-1956) deixou sua marca na história da arte.

Um dos maiores nomes do expressionismo abstrato americano, o artista plástico foi pioneiro na aplicação da técnica "drip painting", que envolve o gotejamento de tintas. As telas empregadas por Pollock eram grandes e colocadas na horizontal, com ele caminhando sobre elas e espalhando as tintas de forma inovadora.

1. Ritmo de Outono: Número 30 (1950)

Autumn Rhythm: Number 30 de Jackson Pollock (1950)

Autumn Rhythm: Number 30, criada em outubro de 1950, é considerada um ícone da arte abstrata, que permitiu aos pintores libertarem-se das limitações impostas pela figuração e a representação da realidade.

A drip painting, conhecida por seu uso por Pollock entre 1947 e 1951, foi originalmente criada por Max Ernst. Contudo, foi o pintor americano quem adaptou a técnica para estabelecer um novo formato de arte. Para poder fazer a drip painting, Pollock mudou da tinta convencional para uma mais fluida, industrial e de uso automotivo.

Pollock usou não apenas um bastão e um pincel mais grosso, mas também uma lata de tinta convencional, cujo fundo tinha sido furado. Esta ferramenta, inventada de improviso, foi de grande ajuda para a sua técnica de gotejamento.

Pollock usava o gesto do action painting para criar seus quadros: ele deitava a tela no chão e então caminhava sobre ela.

A obra-prima de Jackson Pollock, "Autumn Rhythm: Number 30", tinha tamanho tão grande que o pintor precisou trabalhar num celeiro localizado próximo à sua casa para concluí-la.

No ano de 1945, Pollock e Lee Krasner, que também era pintora, se mudaram para uma casa em East Hampton. Lá, eles tiveram a sorte de poder utilizar um celeiro para criar suas obras de arte e experimentar sem se preocupar com restrições de espaço.

"Autumn Rhythm" é uma das maiores telas pintadas com a técnica dripping, medindo 2,67 metros por 5,26 metros. Esta obra é o resultado dos esforços do pintor no processo de criação e, graças à sua enorme dimensão, proporciona uma experiência imersiva aos espectadores que podem mergulhar na tela e tentar visualizar o que estava por trás da criação.

2. Lavender Mist (1950): Número 1

Number 1, Lavender Mist de Jackson Pollock (1950)

Number 1, Lavender Mist, de Pollock, é uma de suas obras mais famosas. A técnica de drip painting que ele utiliza não segue uma estrutura hierarquizada, com elementos centrais ou simétricos.

No período durante o qual Pollock viveu, a criação teve um protagonismo marcante, desfazendo a necessidade de se trabalhar com obras encerradas. Para esta geração de artistas, tanto o processo quanto o resultado final eram relevantes.

As entrevistas, que divulgaram e popularizaram ainda mais a obra de Pollock, registraram o gesto original do artista ao caminhar sobre a tela e distribuir a tinta quase como se dançasse.

O pintor rebatia a acusação de que suas obras eram aleatórias, alegando que:

Quando estou pintando, tenho uma noção geral do que faço. Posso controlar o fluxo da tinta… Não há acidente, assim como lá não há começo nem fim.

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3. A Obra Mural de 1944

Mural de Jackson Pollock (1944)

Mural, a grande obra de Pollock com 6 metros de largura por 3 metros de altura, foi encomendada por Peggy Guggeinheim, uma importante colecionadora de artes norte-americana. Ela também foi responsável por organizar a primeira mostra do pintor em 1944.

No verão de 1943, Peggy encomendou um mural para pintar uma das paredes da sua casa em Manhattan. O seu amigo Marcel Duchamp sugeriu que, em vez de pintá-lo na parede, fosse realizado num quadro, para que pudesse ser transportável.

De acordo com um mito que circula sobre o artista americano, o Mural teria sido criado em uma única noite após o pintor ficar bloqueado por semanas por uma crise de criatividade. No entanto, pesquisas revelaram diversas camadas de tinta sobrepostas, sugerindo que houve um processo de secagem com duração de no mínimo algumas semanas.

"Não tenho certeza se gosto do que estou fazendo". Ao abordar o tema escolhido, Pollock confessou a um amigo: "Não estou convencido se gosto do que estou produzindo".

Trata-se de uma debandada de todos os animais no oeste americano, vacas e cavalos e antílopes e búfalos. Tudo está presente naquela maldita superfície.

Durante parte de sua vida, Jackson Pollock e Peggy Guggenheim desenvolveram uma peculiar relação: ela o apoiava financeiramente, pagando-lhe 150 dólares mensais a fim de que ele pudesse manter-se e continuar produzindo suas telas, as quais Peggy acreditava serem obras-primas. Esta foi, inclusive, fundamental para a divulgação do trabalho de Pollock além das fronteiras dos Estados Unidos, promovendo sua arte na Europa.

Influenciado pelo muralismo mexicano, Pollock não se preocupava em limitar o seu trabalho dentro das dimensões do seu celeiro, o que lhe permitiu criar pinturas em larga escala.

4. Full Fathom Five: 1947

Full Fathom Five de Jackson Pollock (1947)

Full Fathom Five é um marco na obra de Pollock, pois o artista passou a incorporar elementos de várias influências, como Picasso e Braque, ao seu trabalho. Após esse trabalho, não são mais encontrados objetos tão presentes na pintura de Pollock, como já havia sido feito no passado.

Full Fathom Five é um momento marcante na história da arte; foi na tela desta obra que Pollock pela primeira vez colocou a tela no chão e caminhou por cima dela, em 1947. Hoje, este exemplar icônico é parte do acervo do Museu de Arte Moderna, em Nova York.

Pollock criou o que foi chamado de action painting (pintura de ação) ao colocar a tela no chão e dançar sobre ela. Ele fazia isso de maneira que parecia desenhar no ar.

O pintor explicou seu procedimento em diferentes ocasiões.

Minha pintura não vem do cavalete… No chão fico mais à vontade. Eu me sinto mais perto, mais parte da pintura, pois assim eu posso andar em volta dela, trabalhar pelos quatro lados e literalmente estar na pintura.

5. Homens e Mulheres (1942)

Male and Female de Jackson Pollock (1942)

No início da carreira, a tela Male and Female de Picasso se inspira no cubismo, encontrando-se entre a abstração e a figuração.

De acordo com o título, a imagem do quadro mostra dois personagens, um masculino e outro feminino. O personagem masculino é associado à coluna preta, que contém números e símbolos misteriosos. Por outro lado, o personagem feminino é representado por curvas e olhos felinos situadas à esquerda.

Em 1942, Pollock foi convidado para uma exposição coletiva de surrealistas, mas ele recusou a oferta, pois não se identificava com a necessidade de seguir as diretrizes do grupo. Ao invés disso, ele optou por seguir seu próprio caminho, explorar sua própria voz e descobertas em seu tempo.

6. Nascimento (1941)

Birth de Jackson Pollock (1941)

A partir de 1939, Pollock passou por um processo de terapia e desintoxicação - culminando com uma internação na Westchester Division do New York Hospital - que durou até 1941. Este processo de superação de dependência de álcool resultou em Birth, um dos quadros mais consagrados do pintor, marcando uma fase importante da sua vida.

"Birth" trata sobre o tema do renascimento, a busca pelo auto-conhecimento e a criação de uma linguagem pessoal.

O processo criativo do pintor foi profundamente influenciado pela importância que ele atribuía ao inconsciente.

Quando estou na minha pintura, não tenho consciência do que estou fazendo. Só depois de um período de ‘familiarização’ é que vejo o que tenho feito. Não tenho medo de fazer mudanças, destruir a imagem, etc., porque a pintura tem vida própria.

Jackson Pollock

Jackson Pollock foi fortemente influenciado pelas teorias de Jung, as quais visavam o acesso tanto ao inconsciente individual quanto ao inconsciente coletivo através da arte.

Em 1939, Pollock iniciou uma terapia com Joseph Henderson, que por sua vez era terapeuta de Carl Jung. Quando o tratamento acabou, o artista presenteou o seu analista com 87 desenhos feitos durante o mesmo.

Muitos interpretam o quadro Birth como uma renovação coletiva, pois os americanos perguntavam qual mundo deveriam criar após a Grande Guerra.

Recordar duas datas essenciais que provocaram mudanças na cultura dos Estados Unidos é importante. Em 1930 ocorreu a terrível depressão econômica no país e em 1942 eles entraram na Segunda Guerra Mundial.

7. Figuras em um Paisagem (1937)

Figures in a Landscape de Jackson Pollock (1937)

Figures in a Landscape é a obra mais antiga da coleção do MOMA de Pollock. Ele a criou quando tinha 24 anos, representando o seu início na arte.

Stella May McClure e Le Roy Pollock produziram cinco filhos, sendo o mais jovem o pintor Jackson Pollock. Desde cedo, sua mãe estimulou os filhos a darem ênfase às artes e, influenciado por ela, Jackson ingressou na Manual Arts School de Los Angeles aos 16 anos. Os pais dele, que eram de origem escocesa e irlandesa, tiveram que mudar de cidade com a família em várias ocasiões para obterem melhores condições de vida. Desses irmãos, três se tornaram artistas.

Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).