Histórias Infantis de Vários Lugares do Mundo: 7 Contos Diferentes


Escrito por Carolina Marcello

As narrativas infantis transcendem os tradicionais clássicos. Seus enredos são passados de geração a geração, vindos dos mais diversos lugares do mundo, combinando-se à variedade de imaginários.

A hora da leitura ou contação de histórias é uma grande oportunidade para as crianças expandirem seus horizontes. Por que não explorar um enredo diferente?

1. A Rosa Elegante

Era uma vez uma rosa que tinha muito orgulho da sua beleza. Apesar disso, ela ficava revoltada por ter crescido ao lado de um cacto que achava tão feio. Todos os dias, a rosa criticava a aparência do cacto e ele ficava quieto. As outras plantas no jardim tentavam chamar a rosa à razão, mas ela estava tão encantada pela própria beleza que nem se importava.

Quando o verão chegou, o poço do jardim secou e não havia mais água para as plantas. Foi então que a rosa começou a murchar. Ela viu um pardal mergulhando o bico no cacto para pegar um pouco de água. Mesmo envergonhada, ela perguntou ao cacto se também poderia beber um pouco de água. O cacto concordou prontamente e os dois enfrentaram o verão difícil juntos, como amigos.

Este conto popular inglês nos ensina a não julgar e a não humilhar os outros, pois nunca sabemos quando seu auxílio será indispensável para nossa sobrevivência. É importante ver além das aparências.

Não só o cacto nos dá a lição de saber perdoar, mas também mostra a importância de transformar um inimigo em um aliado. Mesmo quando nossas defesas são atacadas, temos a oportunidade de encontrar um meio de reconciliação.

2. O Toque de Ouro do Rei Midas

Rei Midas e o toque de ouro

Era uma vez, há muito tempo, um rei chamado Midas. O rei Midas amava três coisas mais do que tudo no mundo: sua filha, seu jardim de rosas e o ouro. Sua maior alegra era ver a filha colhendo rosas no jardim, que depois colocava em um vaso de ouro para decorar o castelo.

Uma noite, enquanto caminhava pelas rosas, o rei tropeçou em um sátiro, uma figura que era metade homem e metade cabra, que parecia faminto e doente. O rei Midas trouxe o sátiro para seu castelo e ordenou que cuidassem dele. Quando o sátiro acordou na manhã seguinte, contou que era protegido pelo deus Dioniso e, para agradecer, poderia realizar qualquer desejo seu.

O rei não desejava nada para sua filha porque havia lhe dado tudo que ela queria e muito mais. Também não desejava nada para o seu jardim de rosas porque todos sabiam que ele cultivava as melhores rosas do mundo. Sobrou o ouro. Então o rei Midas desejou que tudo o que ele tocasse se transformasse em ouro. Ele não tinha muita esperança de que seu desejo fosse sido atendido, mas ficou feliz por ter ajudado o sátiro.

No entanto, quando voltou ao seu castelo, ele puxou uma cadeira para se sentar à mesa. No minuto em que ele a tocou, a cadeira ficou dourada. Ele tocou a mesa. Ele tocou um vaso. Assim que ele os tocou, eles se transformaram em ouro. O rei Midas correu pelo seu castelo. Tudo que ele tocava virava ouro! Ele estava tão feliz que gritou para os seus servos prepararem um banquete!

Eles cozinharam e cozinharam e lhe serviram o banquete. Foi aí que o problema começou. Ele estendeu a mão e pegou um punhado de comida que se transformou em ouro. Tentou se inclinar e rasgar um pedaço de carne com os dentes, mas não adiantou. A carne se transformou em ouro em sua boca. Os olhos do rei se encheram de medo. Ele sabia que se não pudesse comer, morreria de fome.

Rei Midas vagou tristemente para seu jardim de rosas. Sua filhinha estava colhendo flores e correu para os braços dele, se transformando em ouro também. O rei Midas baixou a cabeça e chorou. Quando suas lágrimas caíram sobre as rosas preciosas, elas se transformaram em ouro, mas o rei não se importou.

Ele não se importava mais com as rosas, o ouro ou consigo mesmo. Foi aí que implorou: "Dioniso, ouça minha oração! Retire meu desejo! Por favor, retire meu desejo e salve minha filha!". Pela última vez, o desejo do rei Midas foi atendido e tudo voltou ao normal.

Um dos contos presentes na mitologia grega, a lenda de Rei Midas é uma das narrativas produzidas durante o período da Grécia Antiga. O personagem destaca-se por ser um homem bondoso e dedicado que, ao mesmo tempo, dá grande valor a sua filha, bem como a rosas e ouro.

Impulsionado pela ambição, ele acaba entendendo quais são os seus verdadeiros valores e compreende que o dinheiro não é tudo: quando teme ter perdido sua filha, percebe que o amor é mais precioso que todo o ouro do mundo.

3. A Paciência do Elefante Esgotada

Era uma vez uma formiga e um elefante que viviam na selva. O elefante era um animal paciente e gentil, mas a formiga não era igual ao seu amigo. Ela estava sempre zombando do elefante, dizendo que ele era muito grande ou que seu nariz era muito longo.

- Para que você precisa de um nariz tão comprido? Você não sabe que parece bobo com um nariz tão comprido? E por que suas orelhas são tão grandes e moles? Você não sabe que nenhum animal precisa de orelhas tão grandes assim?

A formiguinha não provocava só o elefante; ela ofendeu o tigre falando sobre suas listras e a girafa sobre seu pescoço comprido. Depois brincou com o macaco por causa de sua cauda e até com um lindo pássaro por causa de suas penas.

O tigre, a girafa, o macaco e o pássaro não eram tão pacientes quanto o gentil elefante. Logo eles ficaram tão zangados com a formiga e suas provocações que se recusaram a deixar a criatura chegar perto deles. Todos a ameaçaram, por isso a formiga se afastou deles. Todos, claro, menos o elefante pleno de paciência.

Ela não percebia o quão gentil o elefante realmente era e, em vez de ficar grata, continuava provocante gigante. Quando subiu na sua orelha e começou a sussurar novas ofensas, ele balançou a cabeça, mas a formiga segurou com força e continuou:

- Você é tão velho, tão pesado e tão lento!

A essa altura, o elefante estava cansado das provocações da formiga. Foi então que ele finalmente perdeu a paciência:

- Posso ser lento, posso ser velho, ter orelhas grandes e caídas, mas sei nadar.

Depois disso, ele começou uma marcha lenta e constante em direção ao rio, entrando na água sem dizer mais uma palavra. A formiguinha implorou para ele não ir em frente com o plano, mas foi em vão. Na mesma hora, ela caiu e foi arrastada pela corrente do rio.

Daquele dia em diante, a história da formiga passou a ser contada aos filhotes da selva antes de dormir, para que eles aprendessem a nunca provocar amigos, familiares ou estranhos.

Essa história de origem indiana foi criada como um meio de educar as crianças sobre o valor do respeito. Contada como um conto, ela relembra a todos que é importante ter consideração por todas as pessoas e seres vivos.

A paciência dos elefantes é praticamente inesgotável, mas pode ser exaurida quando são forçados a enfrentar provocações e ofensas. Portanto, devemos evitar ser antipáticos, pois só nos prejudicaremos ao fazê-lo.

4. A Lenda de Momotaro, o Menino do Pêssego

Momotaro, o Menino do Pêssego

Era uma vez um casal de velhinhos que eram muito solitários porque não tinham filhos. Um dia, ele foi às montanhas cortar lenha, enquanto a esposa foi lavar roupa no rio. Assim que iniciou a tarefa, a mulher percebeu que um grande pêssego estava flutuando nas águas. Era, sem dúvida, o maior fruto que ela já tinha visto! Então, ela se apressou a tirar o pêssego do rio e o levou para casa.

No final da tarde, o marido chegou em casa e ela lhe mostrou o fruto gigantesco que comeriam no jantar. No entanto, quando pegaram uma faca para cortar o pêssego, um lindo menino pulou do seu interior. Muito felizes, eles resolveram criá-lo como filho e lhe deram o nome de Momotaro, que significa "Menino do Pêssego".

Ele cresceu forte e corajoso e, aos quinze anos, decidiu partir para a Ilha dos Ogros, pronto para derrotar os vilões e trazer tesouros para a família. Preocupados, os pais do garoto separaram alguns presentes para ajudar o filho durante a jornada. O pai entrega a ele uma espada e uma armadura; a mãe preparou uns bolinhos gostosos para o seu almoço.

Pelo caminho, ele encontrou um cachorro que rosnou na sua direção. Momotaro deu-lhe um dos bolinhos e falou que ia lutar contra os ogros. Então o cachorro resolveu acompanhá-lo. Mais adiante eles encontraram um macaco que iniciou uma luta, mas o garoto o contou o seu plano e lhe entregou um bolinho de massa; o macaco decidiu partir com eles. De repente, encontraram um faisão e tudo se repetiu.

Quando avistaram a ilha, eles perceberam que existiam muitos ogros por lá. Primeiro, o faisão voou e começou a bicar as cabeças deles. Enquanto todos tentavam acertar o faisão, o macaco correu e abriu o caminho para o resto do grupo. Foi uma grande batalha! Unidos, Momotaro, o cachorro, o macaco e o faisão acabaram derrotando os ogros malvados.

Foi aí que os amigos recolheram o seu enorme tesouro e ajudaram o Menino Pêssego a regressar para casa. Foi assim que Momotaro deu uma vida de luxos aos pais e todos viveram felizes para sempre.

O mito de Momotaro é muito importante no folclore japonês. Esta figura lendária surgiu de forma mágica, pois foi o desejo de seus pais que deu origem a este menino especial. Momentos após sua criação, Momotaro se tornou um herói guerreiro, pronto para enfrentar todos os desafios que encontrasse.

Ao longo do caminho, ele foi ganhando amigos com seus gestos de parceria e união. Ao chegar à Ilha dos Ogros, compreendeu que só poderia derrotá-los com a ajuda dos aliados que havia reunido. Graças a esses companheiros, conseguiu retornar a gentileza da família que o ajudara anteriormente.

5. A Árvore de Pinho

Era uma vez dois irmãos... O mais velho sempre foi maldoso com o mais jovem: comia sua comida, roubava sua sobremesa e batia nele. Num dia frio de inverno, o irmão mais velho foi à floresta buscar lenha para a casa. Quando ele juntou o suficiente, ele decidiu ir e vender no mercado.

Depois de vender a lenha, ele voltou pela floresta e continuou cortando alguns galhos, apenas para se divertir. Foi aí que ele encontrou uma árvore toda dourada. Quando estava prestes a cortá-la, a árvore falou:

- Por favor, não corte meus galhos! Se você não cortar meus galhos, eu lhe darei maçãs de ouro.

Ele concordou e a árvore lhe deu algumas maçãs de ouro, mas o garoto ficou desapontado e exigiu mais. Quando levantou o machado, ameaçando cortá-la, a árvore fez cair centenas de agulhas em cima do menino. Caído no chão, sem conseguir se mover, ele fica chorando.

O irmão mais novo, preocupado com a sua demora, resolveu partir para procurá-lo. Quando o encontrou, sentou do seu lado e, com todo o amor e paciência, tirou cada agulha do seu corpo. Comovido com o carinho, o mais velho pediu desculpa para o irmão e prometeu que nunca mais ia maltratá-lo.

A árvore mágica, que percebeu que ele realmente tinha mudado e reconhecido seus erros, presenteou os garotos com uma grande quantidade de maçãs de ouro.

As narrativas tradicionais inglesas abordam temas como a natureza, os poderes mágicos e as relações familiares. Um destes contos, em particular, relata a história do irmão mais velho que oprime e maltrata o irmão menor, além de demonstrar crueldade com as árvores por cortar seus galhos sem necessidade.

Sortudo, mas ingrato, ele exigiu que a árvore lhe desse todas as suas maçãs de ouro e foi ferido com centenas de agulhas. Quando seu irmão veio em seu auxílio, ele se arrependeu de suas ações e foi recompensado por isso.

6. A Feiticeira Baba Yaga

Baba Yaga

Era uma vez um casal de camponeses que tinham dois filhos gêmeos, um menino e uma menina. Quando a esposa morreu, o pai das crianças entrou numa grande tristeza que durou anos, até que resolveu se casar de novo. No entanto, a madrasta não gostava dos enteados: ela os maltratava, não queria alimentá-los e vivia pensando numa forma de se livrar deles.

Foi assim que a maldade começou a tomar conta do coração dela e a mulher inventou um plano maldoso. Um dia, ela decidiu mandá-los para casa de uma bruxa que morava na floresta:

- Minha avó mora na floresta, numa cabana com pés de galinha. Lá, ela guarda muitos doces e vocês serão felizes!

A avó dos garotos, que percebeu tudo, avisou que estavam sendo enviados para as mãos de uma bruxa. Então recomendou que fossem educados e obedientes, cumprissem todas as ordens e ajudassem no que fosse necessário. Chegando lá, eles reconheceram a curiosa cabana que ficava sobre uns minúsculos pés de galinha.

Dentro da cabana, avistaram a velha bruxa e se ofereceram para servi-la. A bruxa, Baba Yaga, aceitou recebê-los, mas avisou que iria devorá-los se não realizassem todos os seus desejos. Primeiro, mandou a garota tecer um fio e ela começou a chorar de desespero, até que surgiram dois ratinhos que a ajudaram na tarefa.

Enquanto isso, Baba Yaga ordenou que o menino enchesse uma banheira usando apenas uma peneira. Ele, aflito, não consegue realizar a tarefa. Foi aí que surgiram os passarinhos, que ofereceram uma solução a troco de algumas migalhas: com argila, fecharam os buracos da peneira e, assim, a banheira se encheu de água.

Aí surgiu o gato preto que pertencia à bruxa e, a troco de alguma comida, aceitou ajudá-los. O bicho ordenou que os dois fugissem, mas primeiro lhes entregou dois objetos muito importantes e disse:

- Quando escutarem a bruxa correndo através de vocês, joguem a toalha no chão e um grande rio aparecerá no seu lugar. Se escutarem de novo, joguem o pente no chão e ele se transformará num pedaço de madeira que irá protegê-los.

Assim que regressou, a terrível velhinha ficou satisfeita ao perceber que todas as tarefas tinham sido cumpridas. Decidiu, então, que no dia seguinte as suas ordens seriam mais difíceis de realizar, e assim poderia devorar os dois irmãos. Os garotos foram dormir em cima de um monte de palha, com medo, e esperaram que a manhã chegasse.

No momento em que a bruxa saiu de casa, pela manhã, os irmãs pegaram os objetos e saíram correndo o mais rápido que conseguiam. Baba Yaga montou em uma vassoura e começou a segui-los. As crianças, ouvindo o barulho, jogaram a toalha no chão atrás delas.

Foi aí que surgiu um enorme rio azul e a bruxa não conseguiu passar por cima dele e precisou ficar procurando um local mais raso para cruzá-lo. Quando ela estava se aproximando, os meninos lançaram o pente no solo e dele brotou uma enorme floresta. Como os galhos das árvores se entrelaçavam, Baba Yaga percebeu que não conseguiria passar de vassoura e acabou voltando para trás, furiosa.

Se libertando, os meninos conseguiram regressar para os braços do pai e narraram sua enorme aventura. Emocionado com o relato, ele se separou da madrasta malvada e construiu uma vida feliz ao lado dos filhos.

A lendária e misteriosa figura Baba Yaga é reconhecida em várias culturas dos países eslavos. Ela é descrita como uma velha com poderes sobrenaturais que habita a floresta e tem o dom de ajudar e causar dano aos seres humanos.

A figura poderosa e exigente é usada para incentivar as crianças a desempenharem seus deveres mesmo quando estes são desafiadores.

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7. A Batalha Entre o Jabuti e o Leopardo

O jabuti, distraído como sempre, estava voltando apressado para casa. A noite começava a cobrir a floresta com seu manto escuro e o melhor era apertar o passo.

De repente… caiu numa armadilha !

Um buraco profundo coberto por folhas de palmeiras que havia sido cavado na trilha, no meio da floresta, pelos caçadores da aldeia para aprisionar os animais.

O jabuti, graças a seu grosso casco, não se machucou na queda, mas… como escapulir dali? Tinha que encontrar uma solução antes do amanhecer se não quisesse virar sopa para os aldeões…

Estava ainda perdido em seus pensamentos quando um leopardo caiu também na mesma armadilha!!! O jabuti deu um pulo, fingindo ter sido incomodado em seu refúgio, e berrou para o leopardo:

- Que é isto? O que está fazendo aqui? Isto são modos de entrar em minha casa? Não sabe pedir licença?!

E quanto mais gritava. E continuou…

- Não vê por onde anda? Não sabe que não gosto de receber visitas a estas horas da noite? Saia já daqui! Seu pintado mal-educado!

O leopardo bufando de raiva com tal atrevimento, agarrou o jabuti e com toda a força jogou-o para fora do buraco!

O jabuti, feliz da vida, foi andando para sua casa tranquilamente!

Ah! Espantado ficou o leopardo…

A narrativa bem-humorada da lenda tradicional africana enfatiza a importância de manter a calma em situações difíceis. Apesar de distraído, Jabuti é esperto o suficiente para aproveitar a raiva do Leopardo e libertar-se.

O animal encontrou-se preso numa armadilha sem força para fugir. No entanto, demonstrou que todas as dificuldades podem ser ultrapassadas com inteligência.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.