Guia cronológico para compreender os períodos artísticos da História da Arte


Escrito por Laura Aidar

Ao estudar a história da arte, examinamos a trajetória artística e cultural dos seres humanos ao longo do tempo. Investigamos as formas de expressão criadas por diferentes culturas ao redor do mundo ao longo dos séculos.

A arte está intrinsecamente ligada à história da humanidade, proporcionando um meio expressivo de sentimentos e emoções, bem como de interação.

A arte é uma importante ferramenta para entendermos como os nossos antepassados se comportavam e se relacionavam em determinado momento histórico. Ela nos permite ter uma visão das percepções que essa sociedade tinha sobre o contexto que vivia. É, portanto, um campo de estudo bastante relevante.

A fim de facilitar o entendimento da história das artes, o assunto foi organizado em períodos.

Ao longo deste curso, vamos nos aprofundar na Arte Ocidental, observando sua evolução desde sua origem até o presente. Assim, poderemos compreender o desenvolvimento da arte ao longo dos séculos.

Arte Pré-Histórica: Datando de 30 mil a.C. até 4 mil a.C.

As manifestações artísticas são uma das mais antigas formas de expressão humana. De acordo com os historiadores, as mais remotas obras de arte remontam ao Paleolítico Superior, cerca de 30 mil anos antes da invenção da escrita.

As "mãos em negativo" que aparecem nas paredes das cavernas eram criadas através do uso de um pó composto por elementos minerais. Esse pó era soprado sobre as mãos das pessoas que se apoiavam nas paredes, gerando a impressão em negativo.

arte rupestre mostrando figuras de mãos em parede de caverna na Argentina

Após a introdução desta técnica, foram surgindo desenhos em cavernas, que retratavam animais e cenas de caça e provavelmente eram realizados com o intuito de um ritual. Além da pintura, desenvolveram-se também a escultura e a fabricação de objetos.

Naquela época, não se tinha a ideia de arte como algo para ser contemplado, logo, as obras eram criadas com outras intenções, como o utilitarismo e a religião.

A arte no paleolítico contava com uma forte representação naturalista, na qual a imagem criada tinha como objetivo reproduzir o que se via. Um exemplo disso é o famoso bisão de Altamira, encontrado em uma gruta na Espanha.

desenho rupestre de grande bisão em parede de caverna em Altamira, Espanha

À medida que o tempo passava, os homens e mulheres começaram a se especializar na agricultura, estabelecendo-se em locais. Neste período, conhecido como Neolítico, eles fabricaram ferramentas feitas de pedras polidas.

A arte daquele período mudou também, apresentando desenhos mais simples de animais e cenas de atividades sociais, como as danças e o trabalho.

No Neolítico, as primeiras esculturas feitas de metal foram criadas. Além disso, no que diz respeito à arquitetura, monumentos de pedra, como Stonehenge, na Inglaterra, um grande círculo de rochas, foram erigidos.

monumento de pedras feito no período neolítico. Pedras dispostas em campo verde com nuvens negras no céu

A Arte na Antiguidade: de 4 mil a.C. a 476 d.C.

O período da Antiguidade incluiu várias civilizações, abrangendo desde o surgimento da escrita até o começo da Idade Média.

Entre as principais civilizações antigas, destacam-se a da Mesopotâmia, do Egito, da ilha de Creta, dos povos celtas, da Pérsia, da Grécia, de Roma e da arte paleocristã.

Vamos, assim, analisar algumas destas expressões culturais mais relevantes.

A Mesopotâmia e sua Arte

Os povos da Mesopotâmia produziam diversas obras de arte, como escultura, pintura e arquitetura. Esta região, que atualmente corresponde ao território da Turquia e Iraque, localizava-se entre os rios Tigre e Eufrates.

Durante quatro milênios de civilização, os povos da Mesopotâmia incluíram os sumérios, assírios, acádios, babilônicos e caldeus.

diversas estatuetas em terracota do povo sumério

Entre os mesopotâmicos, a arquitetura foi a área que encontrou o maior destaque, com produções grandiosas. A escultura contribuía para embellecer as edificações, tal como a pintura.

Os assuntos abordavam seres mitológicos, deidades, animais e indivíduos.

A Arte do Egito Antigo

O Egito Antigo foi uma das civilizações mais importantes da antiguidade, com uma estrutura social e cultural extremamente desenvolvida.

A religião exerceu um papel significativo na ordem social do Egito, não somente aos campos artísticos. Expressões culturais constantemente eram direcionadas pela espiritualidade e simbolismo.

A arte funerária é uma das mais notáveis vertentes da antiga civilização egípcia. Esta se manifestou por meio de estatuetas e objetos colocados nos túmulos, a arte de embalsamar os corpos, os esplêndidos sarcófagos e as majestosas pirâmides. Estas últimas eram utilizadas para servir de lar eterno para os faraós.

arte funerária do Egito exibindo múmia embalsamada

A arte obedecia a regras bem estritas, com o objetivo de servir a uma finalidade superior à expressão artística individual. Por exemplo, na pintura, havia um padrão a seguir, a conhecida lei da frontalidade. Esta exigia que as figuras humanas fossem retratadas com o tórax virado para a frente, enquanto pernas, pés e cabeças eram mostrados de lado.

arte egípcia exibindo figura de homem de perfil em meio a animais

A Arte Grega

A Grécia Antiga é considerada a civilização que mais influenciou o Ocidente, pois sua sociedade baseava-se em crenças religiosas mais flexíveis que as das civilizações anteriores. Neste contexto, as ações humanas e a razão eram mais importantes do que a espiritualidade.

A mitologia grega era muito presente como assunto nos objetos artísticos.

A cultura grega passou por mudanças ao longo dos três períodos distintos: arcaico, clássico e helenístico. Estas mudanças também afetaram a estrutura social da Grécia.

A arte dos gregos era expressada por meio de pintura, escultura e arquitetura. Seus trabalhos demonstravam grande harmonia e eram preocupados com a busca da perfeição e da simetria. Esta era a maneira como os gregos expressavam sua criatividade.

vaso grego representando figuras humanas em negro sobre fundo em vermelho

A escultura era uma forma de arte que primava pela valorização humana. Nas criações iniciais, as expressões faciais eram geralmente neutras, mas ao longo do tempo foram se tornando cada vez mais expressivas.

A Arte Romana

Data-se, teoricamente, que Roma foi fundada em 753 a.C.. Esta grande cidade imperial trazia em seu contexto culturais influenciadas por duas civilizações anteriores: a etrusca e a grega da era helenística. Sem dúvidas, a humanidade já presenciou a grandiosidade de Roma Antiga.

Baseando-se no ideal de perfeição e beleza dos gregos e nos elementos dos etruscos, a arquitetura, a pintura e a escultura romanas foram desenvolvidas.

painel em mármore feito por romanos em homenagem à deusa Pax

A arquitetura proporcionou maravilhosas construções que serviram como templos religiosos e locais de entretenimento, sendo os teatros um exemplo.

Com suas proporções imponentes, o Coliseu foi construído no século I. Ele foi projetado como um teatro romano e tinha capacidade para acomodar 40 mil pessoas sentadas e 5 mil pessoas em pé.

coliseu romano. Construção circular com parte em ruínas

Paleocristianismo ou Cristianismo Primitivo

A arte paleocristã está relacionada às obras produzidas por adeptos ao cristianismo logo após a morte de Jesus Cristo. Seus discípulos passaram a pregar sua palavra, e vários seguidores se converteram à religião. Essa produção artística reflete a devoção ao cristianismo nas primeiras comunidades.

Inicialmente, esta comunidade se situava na Judéia, o lugar em que Jesus viveu e morreu. No entanto, ao longo dos anos, as pessoas foram-se deslocando para outras regiões do Império Romano, levando consigo os ensinamentos de seu mestre.

Os cristãos devido à proibição do governo romano de suas crenças foram vítimas de grandes perseguições. Por isso, para realizarem suas homenagens a Jesus, eles faziam isso em locais secretos.

arte paleocristã exibe pinturas nas paredes de catacumba

As catacumbas eram locais utilizados para o enterro dos mortos e por isso muitas vezes eram decoradas com desenhos simples, contendo símbolos religiosos. À medida que o tempo passava, os desenhos tornavam-se cada vez mais sofisticados.

arte cristã primitiva exibindo imagem de maria e menino jesus em catacumba

A Arte na Idade Média: Séculos V ao XV

O período medieval consiste em um longo espaço temporal, desde o século V até o XV. Durante esse período, a arte sofreu várias transformações.

O ano 476 marcou o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média, devido às múltiplas invasões dos povos bárbaros que acabaram por tomar Roma.

A partir daqui o cristianismo foi adotado como a religião oficial do Império Bizantino, ganhando mais aceitação.

A arte bizantina deu uma nova dimensão à religiosidade cristã, exibindo grande luxo e mostrando a semelhança entre o rei e Deus. Ao contrário da arte cristã primitiva, ela tinha a intenção de ligar estes dois seres divinos.

Assim como a arte egípcia, esta também seguia regras e convenções. Cada figura era exibida de forma correta, e a realeza muitas vezes era apresentada de maneira considerada sagrada.

Durante o período bizantino, a técnica do mosaico (colocando pequenas pedras para formar desenhos) era bastante comum.

mosaico bizantino exibindo jesus distribuindo pães a outros homens

Depois disso, outras formas de arte foram desenvolvidas, como na ourivesaria, que produziu joias, coroas e crucifixos destinados para uso da realeza.

A arte medieval evoluiu e a arquitetura foi uma das suas formas mais significantes, sendo expressa na construção de igrejas, catedrais e basílicas.

No período medieval, a arte românica e a gótica têm uma característica em comum: intensa relação com a doutrina católica.

pintura medieval exibindo menino jesus sentado no colo de Maria ao redor de muitas pessoas

Arte Renascentista na Era Moderna (séculos XIV ao XVII)

Durante o Renascimento, a cultura adquiriu grandes características dos ideais clássicos da Grécia e de Roma antigas.

O começo da Idade Moderna se deu na Itália a partir do século XIV e se estendeu até o século XVII.

Nos dias de hoje, existe um crescente despertar aos valores humanistas e antropocentristas, onde o ser humano é colocado como elemento central de todo o universo.

A pintura, escultura, literatura e arquitetura são artes que refletem as concepções renascentistas. Elas procuram alcançar a harmonia, simetria e equilíbrio nas obras de arte, além de explorarem a perspectiva e a profundidade.

A obra Mona Lisa (1503), de Leonardo da Vinci, tornou-se um ícone no período em que foi pintada. Nela, é possível identificar várias características peculiares.

quadro Mona Lisa, retrata uma mulher com as mãos sobre o colo e sorriso sutil

Entre os grandes artistas do período, destacam-se Leonardo da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475-1564), Donatello (1368-1466) e Sandro Boticcelli (1445-1510).

A arte renascentista foi o ponto de partida para a criação da arte barroca e do rococó durante a Idade Moderna.

A Arte na Idade Moderna a partir de 1789

A partir do século XVIII, inicia-se a Idade Contemporânea, marcada pela Revolução Francesa. Esta fase se estende até os dias atuais e, em seu campo teórico, possui características inerentes ao momento.

Desde aquela época, houve diversas mudanças sociais e culturais, e podemos dizer que agora estamos imersos na era da pós-modernidade.

Movimentos artísticos que deram origem à arte moderna foram: neoclassicismo, romantismo, realismo, art nouveu, impressionismo e pós-impressionismo.

No final do século XVIII, o neoclassicismo surgiu como uma recuperação dos valores clássicos gregos. Esta corrente artística foi caracterizada por seu grande tecnicismo nas escolas de arte.

Contrário ao movimento Clássico, o Romantismo (1820-1850) exaltou a liberdade da imaginação, o emocionalismo e o indivíduo artista.

quadro de Goya retratando um fuzilamento em que um homem vestido de branco está com os braços abertos esperando ser assassinado

O período entre 1850 e 1900 é chamado de realismo e traz consigo ideias opostas às do romantismo, procurando revelar a realidade de forma imparcial e sem fantasias.

No final do século XIX, a industrialização estava em pleno desenvolvimento. A art nouveau foi criada nessa época com o objetivo de unir elementos das artes orientais e medievais à produção de massa industrial.

Na década de 1870, artistas franceses desenvolveram o movimento impressionista, que tinha como objetivo transmitir nos quadros suas impressões de cores e luz natural. Eles desejavam retratar o que enxergavam em sua própria visão.

Quadro de Monet retratando um barco no mar em paisagem nublada e sol nascendo

Como consequência das experimentações artísticas, surgiu a arte pós-impressionista, sendo seus principais representantes os pintores Van Gogh e Cézanne.

A Arte Moderna de Final do Século XIX até a Metade do Século XX

A partir do começo do século XX, a arte moderna foi influenciada pelas investigações pós-impressionistas e manifestou-se nas vanguardas europeias.

Esses movimentos artísticos - expressionismo, fauvismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo - são conhecidos como vanguardas europeias.

quadro Guernica, de Picasso, exibe figuras em preto e branco em cena de guerra

O objetivo dessas vertentes foi trazer mudanças estéticas e conceituais às artes, principalmente à pintura, mas também à escultura, literatura e arquitetura.

O momento parecia eletrizante com todas as mudanças geradas pelo avanço industrial e as guerras mundiais que ocorreram. A cultura foi drasticamente modificada e o progresso foi notável.

O abstracionismo, a op art, a pop art e a Escola de Bauhaus são vistos como tendências artísticas modernas.

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A arte contemporânea teve início na metade do século XX como uma nova forma de transcender o movimento moderno e introduzir novos desafios na área da expressão artística.

As linguagens artísticas que são criadas hoje são consideradas como arte contemporânea ou (inclusive) como artes pós-modernas.

A partir dos anos 60, surgiram investigações na área da arte, como a pop art, o minimalismo e ações performáticas, que contribuíram para a criação de uma nova forma de se apreciar e produzir arte.

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Incluindo Citações Bibliográficas

  • 1. GOMBRICH, Ernst Hans. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
  • 2. PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ed. Ática, 2010.
Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.