Entendendo a Arte Fascinante do Antigo Egito: A Arte Egípcia


Escrito por Carolina Marcello

Compreendemos que a arte produzida pelo Antigo Egito foi realizada entre 3200 a.C. e 30 a.C., aproximadamente. Estas manifestações artísticas caracterizam a arte desse povo.

Nas margens do rio Nilo, conhecido por ser uma fonte crucial para o crescimento e evolução, surgiu uma das civilizações mais significativas e originais da história: o Antigo Egito.

O Egito contou com a arte para aproximar o homem dos deuses. Pintura, escultura e arquitetura eram técnicas usadas para expressar preceitos religiosos e refletir o sistema social, que girava em torno da religião. Assim, a arte desempenhava um papel importante no que diz respeito à devoção.

Ancorada na ideia da morte como uma passagem, ela acreditava que o faraó - com seus poderes divinos -, seus familiares e os nobres poderiam continuar existindo em outro plano.

Máscara mortuária de Tutankamon

Dessa forma, a mumificação tornou-se necessária para preservar os corpos e a arte funerária surgiu para dar vida a essa nova realidade. Estátuas, vasos e pinturas foram usados para decorar os túmulos.

Nos tempos antigos, as criações artísticas eram usadas para contar histórias dos deuses e dos faraós, relatando mitos, eventos políticos e situações do dia a dia. Elas ainda tinham um propósito de refletir a hierarquia e a estrutura social existentes naquela época.

Os artistas trabalhavam de acordo com um rigoroso conjunto de normas e técnicas de produção, incluindo a obediência à lei da frontalidade na pintura. Suas identidades eram mantidas em segredo e sua tarefa era considerada uma atividade sagrada.

As regras que os egípcios utilizavam para criar obras de arte, arquitetura e escrita tinham resultado numa grande continuidade ao longo dos séculos. No entanto, os vários períodos históricos também trouxeram suas próprias inovações e pequenas mudanças nos modos de criação.

Na época do Antigo Império (3200 a.C. a 2200 a.C.), a arquitetura foi marcada pela criação de grandes obras que retratavam o poder do faraó, como a Esfinge e as pirâmides de Gizé. Por outro lado, no Império Médio (2000 a.C. a 1750 a.C.), foram destacadas a pintura e a escultura.

Pintura de músicos e dançarinas

Por um lado, as imagens da família real eram idealizadas; por outro, personagens do povo (como escribas e artesãos) foram incluídos, demonstrando mais expressividade e naturalidade.

Durante o Novo Império (1580 a.C. a 1085 a.C.), houve um aumento na liberdade artística, como evidenciado pelas célebres estátuas que possuíam crânios mais alongados.

Com uma sociedade e cultura altamente evoluídas, os egípcios se aventuraram nos domínios da matemática e da medicina, bem como desenvolveram um sistema de escrita próprio.

Devido às escavações arqueológicas realizadas durante o século XIX, foi possível decifrar os hieróglifos antigos, permitindo-nos compreender melhor os costumes, modos de vida e artefatos da época.

O Antigo Egito é, sem dúvidas, uma das civilizações mais influentes na história. Seu legado artístico e cultural é, até hoje, único e fascinante, despertando a curiosidade de milhões de visitantes de todos os cantos do planeta.

A Arte do Antigo Egito

A pintura egípcia era fortemente regida por determinadas convenções. A qualidade das obras dependia da maneira como estas eram executadas. Uma das leis mais importantes era a frontalidade, que determinava que os corpos deveriam ser pintados em perspectiva de dois ângulos.

A arte deveria surgir na posição frontal, com o tronco, os olhos e os ombros, enquanto a cabeça e os membros eram mostrados de perfil. Esta posição incomum foi usada para destacar a diferença entre a arte e a realidade.

O tribunal de Osiris

Há muita história por trás dos antigos desenhos e hieróglifos. Por exemplo, o Livro dos Mortos é uma coletânea de papiros colocados em túmulos, geralmente acompanhados de hieróglifos. Infelizmente, as tintas produzidas a partir de minerais se desgastam com o passar dos anos, limitando o nosso conhecimento sobre esses tempos antigos.

As pinturas eram carregadas de simbologia, representada através das cores usadas. O preto era associado à morte, o vermelho à energia e poder, o amarelo à eternidade e o azul à homenagem ao Nilo.

Os egípcios viviam numa organização social com papéis e hierarquias bem definidas, e isso era refletido nas pinturas que criavam. O tamanho das figuras representadas não dependia da perspectiva, mas da importância que cada um tinha no tecido social, de acordo com o seu poder.

Pintura do túmulo de Nebamun

A pintura era um elemento fundamental na decoração de objetos e edifícios, mas também se destacava na ornamentação dos túmulos dos faraós. Ela retratava os deuses e episódios religiosos, além de se focar no próprio falecido, como ilustrações de batalhas ou imagens cotidianas, como a caça e a pesca.

É relevante mencionar que esses retratos não eram simplesmente cópias, mas sim representações idealizadas. Durante o Novo Império, a pintura egípcia evoluiu, incorporando movimento e detalhes ao seu estilo.

A Escultura do Egito Antigo

A cultura egípcia foi extremamente abençoada com as prodigiosas e bem trabalhadas esculturas, que forneceram aos artistas uma plataforma para alavancar sua criatividade e inovação.

Estátua de Cleopatra VII Philopator

Obras de arte podem ter dimensões variadas, indo desde monumentais até reduzidas. Elas podem surgir como bustos ou figuras de corpo inteiro, oferecendo uma grande variedade de estilos.

Os faraós e suas famílias não eram os únicos que inspiravam os antigos egípcios; eles também se inspiravam nos cidadãos comuns, tais como artistas e escribas, bem como em muitos animais.

Em certos momentos, como durante o Médio Império, as representações escultóricas eram bastante rígidas, com idealizações similares. Mas, em outros períodos, a escultura enfatizava a destacada peculiaridade de cada indivíduo retratado.

Estátua Escriba Sentado

Ao reproduzir características físicas e feições, esse tipo de expressão artística destacava o estatuto social de cada pessoa.

A obra "O Escriba Sentado", no Museu do Louvre, é um exemplo marcante. Ela representa um homem de meia-idade, que aparece no meio de suas ocupações como escrivão, como se estivesse pronto para escrever os textos que forem ditados pelo faraó ou por algum nobre.

As esculturas funerárias egípcias são notáveis por serem extremamente luxuosas e por isso ainda mesmo nos dias de hoje ainda são amplamente preservadas na cultura moderna. Personagens icônicos como a máscara mortuária de Tutancâmon e o busto de Nefertiti são os mais conhecidos e lembrados.

Busto de Nefertiti, criado pelo escultor Tutemés

Ao longo dos anos, os princípios da escultura foram mudando e produzindo resultados inovadores. Houve períodos de grande criatividade na arte que resultaram em obras extraordinárias.

Durante o Período de Amarna, a família real foi retratada com os crânios alongados, com a rainha Nefertiti e o faraó Aquenáton a liderarem o culto ao deus sol, Áton. Ainda não é conhecida a razão desta representação.

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A arquitetura do Antigo Egito é um grande legado para a humanidade, devido às suas monumentais e inesquecíveis realizações.

As construções militares eram realizadas com praticidade, para servirem às suas funções, enquanto os templos, os santuários e os túmulos tinham o objetivo de serem eternos. Por isso, eram obras que demandavam muito tempo, recursos e material de boa qualidade, e que, por isso, ainda hoje se encontram de pé.

Pirâmides de Gizé

A Necrópole de Gizé, que abriga as icônicas Pirâmides e a Grande Esfinge, é indubitavelmente um dos principais pontos turísticos do planeta. A Grande Pirâmide de Quéops, pertencente às Sete Maravilhas do Mundo, foi construída entre 2580 a.C. a 2560 a.C. para o faraó de mesmo nome.

O objetivo deles era criar uma casa duradoura que pudesse servir à sua família e proporcionar-lhes uma "segunda vida". As técnicas de construção desenvolvidas eram inovadoras e, até o dia de hoje, despertam o interesse de muitos.

A Grande Esfinge de Gizé

Durante o reinado de Quéfren (2558 a.C – 2532 a.C.), Gizé foi marcada pela construção da Grande Esfinge. Esta grande estrutura é comumente atribuída ao faraó e possui 20 metros de altura.

Na mitologia egípcia, havia uma figura única - metade homem, metade leão - ligada à adoração das divindades. Esta figura notável possuía a cabeça de um ser humano e o corpo de um leão.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.