18 Obras Artísticas Fundamentais na História


Escrito por Laura Aidar

Através da criação de produtos artísticos, as obras de arte procuram expressar indagações, reflexões e significados humanos.

Os produtos criados pelos artistas podem ser objetos tridimensionais, pinturas, esculturas e instalações. Além disso, podem ser produções como música, dança, teatro e performances que não envolvem a materialização de algo. Por fim, há também as obras híbridas que combinam diversas linguagens artísticas.

O estudo das obras de arte é essencial para compreender a história de uma sociedade, pois elas retratam o contexto histórico e político, bem como as definições de beleza e comportamento de determinada população.

1. A Estátua de Vênus de Willendorf

Uma pequenina estátua em forma feminina feita em pedra, conhecida como Vênus de Willendorf, foi criada aproximadamente há 25 mil anos durante a Era Paleolítica.

estatueta pré-histórica Vênus de willendorf

Em 1908, uma equipe de arqueólogos liderada por Josef Szombathy descobriu uma figura feminina em Willendorf, na Áustria.

A escultura, que é uma peça de arte pré-histórica, tem seios volumosos e um quadril largo, o que mostra o ideal feminino para aquela sociedade. Isso se deve à associação de tais atributos com a fertilidade e a abundância.

2. A Mona Lisa de Leonardo da Vinci

Considerada a obra de arte mais famosa do mundo, Mona Lisa foi pintada entre os anos de 1503 e 1506 pelo o notável italiano Leonardo da Vinci (1452-1519). Embora seja difícil classificar as obras de arte em ordem de magnitude, a tela de Leonardo é certamente um dos mais importantes exemplos da arte universal.

Mona Lisa, de Leonardo da Vinci

Esta pintura a óleo, medindo 77 cm x 53 cm, encontra-se no Museu do Louvre, em Paris.

O quadro é considerado uma obra-prima, por ter conseguido capturar a feminilidade sobre um véu de mistério. O leve sorriso que a figura feminina exibe é de difícil interpretação, assim como o olhar, que pode ser tanto de deboche quanto de amizade.

A imagem tornou-se popular, sendo reproduzida em vários lugares e recebendo muitas interpretações diferentes.

3. Decapitação de Holofernes por Judith - Artemisia Gentileschi

A obra Judith decapitando Holofernes (1620), de Artemisia Gentileschi (1593-1656), pertencente ao movimento barroco, retrata uma cena bíblica contida no Antigo Testamento.

Judith decapitando Holofernes, obra de Artemisia Gentileschi

Outros artistas já haviam pintado o tema antes de Artemisia, inclusive Caravaggio, que serviu de inspiração para a versão da pintora.

Ela é considerada uma das pioneiras entre as artistas de sua época, sendo que muito antes dos anos 70 já tinha alcance e reconhecimento. Apesar disso, só foi realmente valorizada quando seu trabalho foi redescoberto na década de 70.

A obra de Artemisia é relevante porque expressa sua raiva com a violência que sofreu nas mãos do seu mentor, Agostino Tassi. Ela nos oferece uma visão feminina dessa cena, deixando-nos comovidos com o seu testemunho. Assim, Artemisia é capaz de transmitir toda a sua indignação com o comportamento desrespeitoso dos homens.

4. A Obra de Van Gogh: O Quarto em Arles

Vincent van Gogh (1853-1890) é um dos artistas mais admirados do mundo. Suas obras são muito conhecidas e O quarto em Arles é uma delas que se destaca na história da arte, pois o pintor realizou três versões da tela entre 1888 e 1889. Estas versões são bastante parecidas entre si.

O quarto em Arles, de Vincent van Gogh

Van Gogh retratou seu dormitório em Arles, no sul da França, local onde produziu a maioria de suas obras. Esta cena foi capturada durante os tempos em que o artista viveu naquela região.

Naquela morada, havia uma cama com dois travesseiros, alguns quadros na parede, cadeiras, uma janela entreaberta e outros elementos decorativos. Todos esses detalhes contribuíam para a atmosfera acolhedora ali presente.

A obra nos encanta com uma palheta de cores intensas e vibrantes, típicas da arte do artista. Aproxima o observador do criador, como se compartilhasse o seu espaço.

5. Goya e os Fuzilamentos de 3 de Maio

O quadro Os fuzilamentos de 3 de maio, pintado pelo espanhol Francisco de Goya em 1814, se tornou um dos mais marcantes e importantes retratos de brutalidade da história. O trabalho de Goya (1746-1828) tem sido há séculos um testemunho da violência e uma lembrança de que a luta pela liberdade não é conquistada sem sacrifícios.

os fuzilamentos de maio de goya

Ao retratar a cena de uma execução coletiva realizada pelas tropas francesas sob o comando de Napoleão Bonaparte durante a Guerra Peninsular (1807-1814), a tela evidencia o corajoso protesto dos cidadãos espanhóis, que foram brutalmente assassinados em Madri.

Esta pintura de 266 x 345 cm é um marco importante da história. Foi tão impactante que influenciou outros artistas a retratarem os horrores da guerra, como fez Pablo Picasso com o seu grande painel Guernica.

O Museu do Prado, na Espanha, exibe os fuzilamentos de 3 de maio.

6. Man Ray e o Violino de Ingres

Man Ray (1890-1976), artista norte-americano, criou a famosa fotografia intitulada "O Violino de Ingres" em 1924. Esta imagem icônica mostra a modelo Kiki de Montparnasse com as costas nusas, exibindo um desenho feito em nanquim das duas fendas acústicas presentes nos violinos.

O violino d’Ingres - Man Ray

A banhista de Valpinçon (1808), pintura neoclássica de Dominique Ingres, foi a inspiração para a obra em questão. O artista retratou de maneira perfeita as costas de uma mulher.

Man Ray, que fazia parte do movimento dadaísta, reproduziu na fotografia a cena que incluía o elemento ao violino. Esta obra foi criada especificamente como uma homenagem ao amor que o artista nutria pela música, pois o corpo da mulher foi desenhado para se assemelhar ao instrumento.

7. Peles do Café da Manhã de Meret Oppenheim

A obra de arte em peça tridimensional "Object" foi criada pela artista e fotógrafa suíça Meret Oppenheim (1913-1985) em 1936. O nome da peça já diz tudo: é uma coffee-table (ou seja, um objeto de decoração) estilizada com elementos surrealistas.

xícara revestida com pelos de animal, de Mert Oppenheim

Esta obra tem provocado nas pessoas sentimentos diversos, pois ao recobrir um jogo de xícaras com couro animal, a artista cria uma contradição entre o aspecto e o toque. Este objeto simples se transformou em uma peça de arte, deixando de lado a sua função inicial.

Meret propõe diversas reflexões sobre o cotidiano e o universo feminino, exibindo uma personalidade rebelde e independente, apoiada em um objeto que simboliza a educação e o refinamento.

O Museu de Arte Moderna de Nova York abriga a obra.

8. Atribuição de Marcel Duchamp à Fonte

A obra A fonte é considerada uma das mais emblemáticas na história da arte. Originalmente atribuída ao francês Marcel Duchamp (1887-1968), hoje se especula que a ideia seja da artista polono-alemã Baronesa Elsa von Freytag-Loringhoven (1874-1927).

a fonte de duchamp

A obra de arte chamada 'R. Mutt', de Marcel Duchamp, causou escândalo quando foi apresentada em uma exposição em 1917. Esta peça consistia em um mictório de porcelana, que trazia o nome do artista e uma data.

A obra em questão é de grande significância, pois ela implica uma mudança de paradigma, transformando um objeto comum em arte, desafiando a própria arte e revolucionando o modo como ela é produzida, compreendida e admirada.

9. A Treachery of Images: René Magritte

Uma importante obra do surrealismo é A traição das imagens, de René Magritte (1898-1967). Esta pintura a óleo sobre tela apresenta a figura de um cachimbo seguido da legenda "Ceci n'est pas une pipe", o que significa "Isto não é um cachimbo".

A traição das imagens, tela de Magritte

Esta obra é notável na história da arte, pois promove questionamentos sobre o conceito e a representação.

O artista deixa claro para o espectador que a figura que ele apresenta não é o objeto em si, mas uma representação dele. Magritte então cria um jogo lúdico e irônico entre a imagem e a palavra para enfatizar seu ponto.

Uma tela do ano de 1929 pode ser encontrada atualmente no Museu de Arte do Condado de Los Angeles.

10. Apresentação do Manto de Arthur Bispo do Rosário

A obra Manto da Apresentação foi produzida por Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), artista brasileiro, durante seu tempo na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Esta instituição psiquiátrica serviu de inspiração para a criação da obra.

manto da apresentação, de Arthur Bispo do Rosário

O Bispo do Rosário, ainda jovem, foi internado devido às suas inquietações psiquiátricas. Para dar vazão a essas inquietações, ele criava peças artísticas a partir dos objetos que colecionava, mas não com um propósito artístico.

A Manta da Apresentação é a obra de maior valor de São Francisco. Esta capa é confeccionada com fios de lençóis do hospital e possui desenhos e nomes de pessoas importantes para o santo.

O Manto de Bispo, uma veste sagrada criada para o enterro do artista, está preservada no Museu Bispo do Rosário, no Rio de Janeiro. Esta veste era destinada para ser usada na passagem para os céus, depois da morte do artista.

11. Robert Smithson e a Plataforma Espiral

A obra de Robert Smithson (1938-1973) mais reconhecida é, sem dúvida, Plataforma Espiral, realizada em Utah, Estados Unidos, em 1970.

Plataforma espiral, land art de Robert Smithson

A land art, também conhecida como arte da terra, é uma manifestação criativa na qual o artista se utiliza da natureza para criar grandes instalações que se encaixam perfeitamente na paisagem. Esta obra de arte é um dos melhores exemplos desse tipo de expressão.

Feita a partir de rocha vulcânica, sal e terra, a obra de Smithson consiste em um desenho espiral em sentido anti-horário que penetra o Great Salt Lake, um lago de águas salgadas do oeste dos Estados Unidos.

trata-se de intervir no meio ambiente com materiais naturais, como pedras, terra, água e luz solar. A land art consiste na intervenção de materiais naturais - tais como pedras, terra, água e luz solar - no meio ambiente. Segundo o artista, isto é o que caracteriza essa manifestação artística.

A libertação da arte do espaço da galeria e o reconhecimento das estruturas geológicas da Terra como uma forma de arte monumental que não cabe em museus.

12. Judy Chicago: O Banquete

O trabalho "O Banquete" (1974) da artista americana Judy Chicago (1939-) foi realizado em 1974.

A obra, que é a mais famosa da artista, é considerada um símbolo para o movimento feminista. Ela foi exposta em diversos países e já foi vista por incontáveis pessoas, excedendo o número de um milhão.

O banquete, instalação de Judy Chicago

Ao entrar na sala, os convidados encontraram uma mesa triangular com 14 metros de largura por 14 metros de comprimento. Estava decorada com 39 pratos ornamentados com borboletas, flores e vulvas. O conjunto incluía talheres e guardanapos.

O triângulo conta com 13 lugares em cada lado, em símbolo da igualdade. Parece o cenário de um banquete, onde estão bordados os nomes de mulheres importantes da história, desde lendas míticas até figuras reais. O momento de celebração ainda espera a chegada delas.

13. Cildo Meireles - Desvio para o Vermelho

Cildo Meireles (1948-), um artista brasileiro, criou a instalação Desvio para o vermelho em 1967. Apesar de ter sido idealizada naquela data, sua versão final só foi concluída em 1984.

desvio para o vermelho, instalação de cildo meireles

A obra tem destaque na arte contemporânea do Brasil, instigando os sentidos, provocando desconforto e gerando questionamentos. Seu caráter dramático é eminente, pois cria um clima de tensão nos espectadores.

Esta obra de artes tem predominância da cor vermelha, que remete a paixão e violência. Sua realização foi motivada pela trágica morte de um amigo jornalista da criação, vítima da ditadura. Por isso, a instalação contém características políticas.

Uma exposição está montada no Instituto de Arte Contemporânea de Inhotim, em Minas Gerais.

14. Louise Bourgeois: Mamam

Louise Bourgeois (1911-2010) foi a artista por trás das seis enormes esculturas de aranha. Estas peças incríveis foram produzidas pela francesa.

escultura de aranha de Louise Bourgeois

Com seus três metros de altura, uma das obras de arte já foi exibida em vários locais no Brasil.

A palavra "mamam" é de significado francês, relacionando à mãe. É uma representação dos vínculos entre Louise Bourgeois e sua mãe, da infância vivida por ela e de objetos como a agulha e o ato de tecer.

Louise justifica a representação da mãe dessa maneira:

A minha melhor amiga era a minha mãe, que era tão inteligente, paciente, asseada e útil, razoável, indispensável como uma aranha. Ela própria sabia se defender.

15. A Dualidade de Frida Kahlo: As duas Fridas

Em "Duas Fridas", Frida Kahlo retrata a si mesma como duas versões distintas. A imagem, datada de 1939, é uma das obras mais conhecidas da artista mexicana. Nas Fridas, uma senta ao lado da outra, segurando as mãos, representando o dualismo presente em sua personalidade e em sua obra.

As duas Fridas, de Frida Kahlo

Na tela, a pintora procura expressar sua identidade, marcada por influências europeias e origens indígenas latinas. A Frida da esquerda usa um vestido branco no estilo vitoriano e a da direita tem uma indumentária característica do México.

Estas duas peças mostram o coração e estão conectadas a uma artéria. O cenário é um céu encoberto com nuvens carregadas e pode representar o mundo interno complicado da artista.

O quadro, possuindo dimensões de 1,73 x 1,73 cm, pode ser observado no Museu de Arte Moderna da Cidade do México.

16. A Ironia do Policial Negro na Obra de Basquiat

O artista negro norte-americano Jean-Michel Basquiat teve uma produção contundente e provocadora entre 1960 e 1988. Começou na arte de rua e, depois, conquistou as galerias.

ironia do polial negro de basquiat

Ironia do policial negro, pintada em 1981 em estilo neo-expressionista, é a obra mais conhecida de seu autor.

Na obra de Basquiat, é estabelecida uma crítica às instituições policiais e ao racismo nos EUA. O artista retrata a contradição e ironia presentes no fato de um homem negro estar envolvido com uma organização que promove a opressão contra a população de cor.

O artista afirma que a Polícia pode ser vista como uma forma de controle, sendo ao mesmo tempo opressora e, paradoxalmente, oferecendo oportunidades de trabalho para as pessoas.

17. Peça Cortada - Yoko Ono

Em 1964, Yoko Ono (1933-) realizou uma das mais significativas apresentações de sua carreira em Nova York.

Na ação Cut Piece, a artista se senta em frente a uma plateia com uma tesoura ao seu lado. Ela então convida os presentes a cortarem suas vestes gradualmente.

Yoko se coloca à disposição para refletir sobre o que significa ser mulher e sobre a vulnerabilidade que isso pode implicar. Ela deseja contribuir com essa ação de terceiros.

Quando a artista fazia parte do Grupo Fluxus, ela realizou uma performance que trouxe inovações relevantes para o mundo da arte. Esse grupo foi formado por artistas de diversas nacionalidades.

Os registros gerados por essa iniciativa são fotografias e vídeos. Essa é uma característica típica desse tipo de ação.

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18. Invencível - Maria Martins

A obra Impossível, de Maria Martins (1894-1973), produzida em 1945, é uma das mais reconhecidas do artista brasileiro. A escultura foi feita em bronze e está incluída na coleção do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, sendo também destacada na escultura brasileira.

o impossível maria martins

Maria Martins, em Impossível, constrói uma expressão de inflexibilidade e improbabilidade, como o título sugere. Ela cria duas estruturas que se confrontam, sendo a tensão entre elas claramente perceptível.

É possível comparar as formas aqui exemplificadas com a mudança do ser humano em vegetal, assim como duas plantas carnívoras que se alimentam, em vão, uma da outra.

A obra pode ser interpretada como uma metáfora visual das relações amorosas, muito mais complicadas do que o pensamento romântico convencionalmente apresentado.

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.