Considerações sobre Frankenstein de Mary Shelley: Resumo


Escrito por Carolina Marcello

Um dos maiores sucessos literários na história do terror e precursor da ficção científica, Frankenstein ou o Prometeu Moderno continua sendo extremamente relevante até os dias de hoje.

Publicado pela primeira vez em 1818, o famoso romance de Mary Shelley, escrito entre 1816 e 1817, infelizmente não teve crédito para sua autora.

Ao completar 18 anos, Mary idealizou uma história que mais tarde revisou e publicou com seu próprio crédito. Essa versão que saiu em 1831 tornou-se tão bem sucedida que foi adaptada para diversas produções audiovisuais e teatrais desde então.

A obra Frankenstein, escrita por Mary Shelley, rapidamente se tornou um sucesso ao misturar elementos de horror, sobrenatural, fantasia e a procura de novas descobertas científicas. Este trabalho ajudou a criar o gênero de terror e ficção científica que ainda é explorado até hoje.

Frankenstein ou o Prometeu Moderno - Uma Resenha

O explorador Robert Walton e o seu navio encalhado no hostil Polo Norte são o início da narrativa. Um dos homens da tripulação vislumbrou alguém puxando um trenó no meio do gelo e eles prontamente o acolheram.

Victor Frankenstein é personagem principal da narrativa. Ele é um cientista ambicioso que estabelece amizade com Walton e partilha com ele a sua história.

Victor dedicou anos à teoria de como dar vida a uma criatura feita de partes de cadáveres humanos. Finalmente, ele decidiu pôr o seu plano em ação e passou a visitar cemitérios no intuito de encontrar as "melhores" partes de corpos para compor a sua criatura.

Ao ver que seu experimento tinha dado certo, o cientista ficou muito satisfeito. Ele havia conseguido dar vida a uma criatura enorme, movida por impulsos elétricos. No entanto, logo em seguida ele se deu conta do perigo em que havia se metido.

Ele se afastou assustado da assustadora criatura. O monstro então saiu do laboratório carregando os cadernos do cientista e foi para uma floresta, onde também encontrou algumas bagagens com roupas e livros.

Ele passa a residir em uma cabana perto de uma família francesa. Esta família o motiva, e ao observar, ele consegue se educar, aprendendo a ler e falar.

Depois de algum tempo, ele tomou coragem e decidiu entrar em contato com a família, esperando que eles o abraçassem com amor e compreensão, pois a profunda tristeza e a angustiante solidão eram muito grandes.

A família, aterrorizada, expulsa a criatura. Isso desperta nele um ódio profundo pela humanidade, e ele passa a buscar incessantemente vingança sobre seu criador.

O monstro, decidido a se vingar de Victor, foi até Genebra, lar da família deste. Lá, ele matou cruelmente o irmão mais novo de Victor. Como Justine, a empregada da família, estava presente na hora do crime, ela foi acusada de cometer tal ato e condenada à morte.

Victor se depara com o monstro e o interroga sobre o motivo de sua revolta. O monstro explica sua necessidade de ter companhia e pede a Victor que crie alguém para acompanhá-lo, alguém que não tenha medo ou repulsa.

Victor recusa-se, contudo, a criatura ameaça matar aqueles a quem ele ama. Apesar disso, o cientista aceita e fabrica uma figura feminina para ela. Antes de a dotar de vida, porém, destrói a invenção, pois sente-se assustado com a ideia de criar uma raça de seres horripilantes e perigosos.

Victor, devastado e cheio de raiva, parte em perseguição da criatura que havia acabado de matar seu melhor amigo e noiva. A criatura fugiu rumo ao Ártico e Victor não pensou duas vezes: partiu atrás dela, também rumo ao Ártico.

Neste momento, Robert Walton encontra o cientista e, mesmo já muito debilitado, Victor conta tudo o que aconteceu. Tristemente, ele acaba morrendo pouco depois.

Ao entrar no navio, o monstro foi confrontado com uma visão devastadora: seu criador, o responsável por trazê-lo à vida, estava sem vida. Embora possuísse um espírito sanguinário, o monstro possuía emoções e sentiu profundamente a perda de seu "pai".

O ser revelou ao capitão Walton que não acreditava mais que a vida valesse a pena ser vivenciada e, por isso, faria uma grande fogueira, na qual se jogaria para acabar com sua existência de modo definitivo.

Ilustração antiga de Frankeinstein

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Reflexões e Observações

A Criação de Frankenstein

Durante o verão de 1816, Mary e Percy Shelley se encontraram na Suíça, acompanhados de outros escritores e figuras notáveis. Esta história conhecida nasceu naquele momento.

Lord Byron, o ícone do romantismo, era o dono da casa onde estavam hospedados. John Polidori também estava presente na hospedagem, sendo ele o primeiro a escrever uma história de vampiros, que serviria de inspiração para a obra de Drácula.

Com o clima desfavorável, o grupo ficou recluso na residência durante alguns dias. Para se divertir neste período, decidiram inventar uma competição de contar histórias de fantasmas, que seriam apresentadas posteriormente.

Nascendo como conto, Frankeinstein foi transformado posteriormente em um romance naquele contexto.

Qual é o Significado do Título Alternativo 'Prometeu Moderno'?

Na mitologia grega, Prometeu é lembrado como um titã que desafiou os deuses. Como castigo, foi acorrentado por gerações no alto de um monte e teve seu fígado devorado por uma águia todos os dias. No entanto, o seu desafio também trouxe bençãos para a humanidade, pois além de lhe dar o fogo sagrado, também lhes ensinou diversos conhecimentos.

Mary Shelley associa a figura de Prometeu à de Victor Frankeinstein, o cientista que se atreveu a desafiar os deuses ao descobrir como criar vida artificialmente, da mesma forma que o titã.

Qual é a Verdadeira Identidade do Monstro de Frankenstein?

A criatura de Frankenstein possui um nome incomum: ela não possui um. É o doutor Frankenstein que teve a ideia de criá-la e que, depois de ver que sua invenção tinha sucesso, percebeu que não possuía o controle necessário para detê-la. Essa foi a grande lição dessa história: a responsabilidade de quem cria algo deve ser sempre considerada.

Abandonando o ser à própria sorte, o responsável por isso se exime de qualquer obrigação para com a criatura, deixando-a desamparada e isolada, o que pode levar a sua revolta e desejo de vingança.

Como resultado, surge um paradoxo com relação ao Victor Frankeinstein, que pode ser interpretado como um "monstro" devido a sua arrogância e crueldade.

Alguns estudiosos argumentam que o conto de Frankenstein tem o criador e a criatura como lados da mesma moeda. Assim, a criação de Victor poderia ser, na verdade, uma parte obscura de sua própria personalidade. Isso pode ser observado também em outro clássico do século XIX, O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson.

Qual foi a Motivação do Cientista para Criar o Monstro?

A invenção da criatura é um desafio pois ela não tem qualquer objetivo, deixando assim sem direção a sua vida e sem sentido.

Depois de ter dado início à existência, o monstro foi repudiado por seu inventor, que estudara por anos para provar seu domínio na criação de vida e, assim, conquistar seu lugar na história como um grande cientista. Seu objetivo era se tornar famoso pelo conhecimento sobre os segredos da criação.

Ele queria provar que era capaz de criar algo grandioso, demonstrando seu extremo egoísmo e vaidade.

Transposições para o Cinema

O romance tem sido adaptado para diversas mídias, incluindo peças teatrais, filmes e programas de televisão.

O ano de 1910 foi marcante na história do cinema, pois foi quando Thomas Edison produziu a primeira adaptação de Frankenstein. Contudo, foi somente em 1931 que o filme de James Whale e Boris Karloff, onde o ator deu vida à criatura de forma memorável, se tornou um clássico.

Frankeinstein no cinema. Retrato do personagem no filme de 1931

Inspirado em Frankenstein, muitas obras recentes surgiram, como Edward mãos de tesoura (1990) e A.I. inteligência artificial (2001), entre outras.

Qual é a História de Mary Shelley?

Mary Shelley

Mary Wollstonecraft Godwin nasceu em 30 de agosto de 1797 em Londres. Foi fruto do casal William Godwin e Mary Wollstonecraft, considerada a precursora do feminismo ocidental. Ela se tornou uma importante escritora inglesa do século XIX.

Mary nunca teve a chance de conhecer sua mãe, pois ela falecera logo após o seu nascimento. Seu pai, um respeitado filósofo, fez questão de criar Mary e estimular os seus pontos de vista criativo e intelectualmente. Ela cresceu cercada por homens, com quem compartilhava um nível de igualdade.

Depois de se casar com Percy Shelley, um outro escritor, ela passou a usar seu sobrenome. Com sua encorajadora ajuda, ela publicou sua obra-prima: Frankeinstein.

Mary obteve reconhecimento devido ao seu romance, mas também produziu outras obras literárias.

  • Matilda (1819),
  • The Last Man (1826),
  • The Mortal Immortal (1833),
  • Valperga (1823),
  • Lodore (1835),
  • Falkner (1837),
  • The Fortunes of Perkin Warbeck (1830).

No dia 1 de fevereiro de 1851, aos 58 anos, veio a óbito em Londres vítima de um câncer cerebral.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.