A Vertigem da Democracia


Escrito por Carolina Marcello

Em 2019, a Netflix lançou o documentário Democracia em vertigem, dirigido pela cineasta Petra Costa. O filme retrata a crise política vivida no final do governo PT e a destituição da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Petra descreve o ambiente conturbado em que o país se encontrava, mostrando seu olhar pessoal sobre isso. Ela registra a divisão na sociedade que se tornara visível.

O documentário indicado ao Óscar 2020 foi destaque na lista dos melhores filmes do ano do New York Times.

Atenção: este artigo contém spoilers. Atenção: este artigo contém detalhes sobre a história que podem destruir a experiência de leitura para alguns leitores.

Concorrendo ao Óscar

O filme brasileiro Democracia em Vertigem, que abriu o Festival de Sundance para aclamação da plateia, está concorrendo a um prêmio com os seguintes documentários:

  • Factory America
  • The Cavern
  • In Sama's Name
  • The Sweetness of Honeyland

No dia 9 de fevereiro, uma cerimônia no Teatro Dolby, em Los Angeles, anunciou que o documentário American Factory foi premiado com uma estatueta.

investigação significativa dos processos históricos e políticos que levaram ao colapso da democracia no Brasil. A produção de Petra foi avaliada pelo New York Times como um dos melhores filmes de 2019. O jornal descreveu-o como "absolutamente vital". Democracia em vertigem tem um objetivo investigativo significativo, examinando os processos históricos e políticos que contribuíram para o colapso da democracia no Brasil.

Análise cuidadosa dos eventos que levaram à eleição de Jair Bolsonaro, o presidente populista do Brasil, este documentário angustiante é o filme mais assustador do ano.

Explorando o Documentário Democracia em Vertigem

Petra Costa cria um tom íntimo e pessoal em seu filme, retratando o período de maior instabilidade política do Brasil com imagens impactantes.

Durante a fabricação, é possível constatar a debilidade de uma democracia não tão distante ao mesmo tempo em que fica evidente a polarização política entre direita e esquerda, gerando um cenário propício para que a extrema-direita ganhe força no Brasil.

Criando um Documentário

Petra conta, em seu filme, a história desde eventos públicos significativos, como a votação do processo de destituição de Dilma Rousseff, até as manifestações nas ruas em favor e contra o impeachment ocorridas entre 2013 e 2016.

A cineasta usou imagens de arquivo, mas também recorreu a registros de bastidores políticos, fragmentos de reportagens de televisão, entrevistas e gravações pessoais para compor seu filme.

"Ao longo do filme, a narração em off de Petra conduz a narrativa, fornecendo contexto, humor e um toque de poesia". A narração de Petra percorre todo o filme, orientando a história. Como The Guardian observou: “A narração em off de Petra fornece contexto, humor e poesia à narrativa".

Durante todo o processo, a voz de Petra acrescenta forma, mas não se intromete excessivamente de modo a permitir que a história seja contada pela poderosa compilação de material original e de arquivo, imagens gravadas em meio a tumultos ou capturadas por drones a centenas de metros de altura sobre Brasília.

Esse contraste contínuo entre estar perto e na luta, mas ao mesmo tempo estar no alto, é espelhado ao longo da perspectiva da cineasta, sempre simultaneamente parte da história e observadora distante.

Revisitando o Passado

Para entender como chegamos onde estamos hoje, Pedra Costa oferece uma retrospectiva da história política do país ao longo das últimas décadas, com ênfase nos tempos severos da ditadura militar.

A partir dos anos setenta, o cenário político brasileiro foi marcado por perseguições políticas. Esta tendência chegou ao seu ápice com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a nomeação de Sérgio Moro como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.

Com seu acesso privilegiado aos ex-presidentes, Petra consegue uma impressionante coleção de entrevistas e depoimentos que contribuem para a compreensão da sociedade dividida de seu país.

Uma Narrativa Pessoal

Através da narração em primeira pessoa de Petra, o filme não é nada imparcial. É possível notar o impacto dos eventos políticos no povo brasileiro, que é dada como sua própria experiência.

“Eu não posso me libertar deste amor”. Nos minutos iniciais do filme, a cineasta deixa claro o vínculo de intimidade que tem com o assunto abordado. Por meio de sua narração, conclui: “Eu não posso me livrar desse amor”.

A democracia brasileira e eu temos quase a mesma idade, e achei que nos nossos 30 estaríamos ambas em terra firme.

Ao começar o filme, nota-se que Petra e os seus pais alinham-se com a ala de esquerda, transformando-o numa obra que aborda tanto questões políticas como histórias individuais.

De acordo com o documentário, fica evidente a biografia da cineasta, além da de seus pais, avós, tios e primos.

A Controvérsia Suscitada pelo Documentário

Nos dias de hoje, enquanto as instituições de poder são postas à prova, há indícios de desmontagem de organismos públicos que antes eram considerados robustos. Esta é a realidade da democracia contemporânea.

Petra denuncia os ataques à imprensa e teme que a censura volte a vigorar, bem como os recuos na área de ciência e cultura.

A Saída de Dilma do Governo

A cineasta destaca o isolamento político de Dilma Rousseff na tela, mostrando-a acuada e sem apoio durante o processo de impeachment.

estava “muito, muito animada”. A ex-presidenta divulgou uma nota de entusiasmo recentemente após o anúncio da indicação ao Óscar, declarando que estava "extremamente empolgada".

O filme mostra o meu afastamento do poder e como a mídia venal, a elite política e econômica brasileira atentaram contra a democracia no país, resultando na ascensão de um candidato da extrema-direita em 2018.

O filme questiona o papel parcial desempenhado pelo juiz Sérgio Moro ao longo das investigações da Operação Lava Jato, sugerindo a existência de um golpe de estado.

Da Localidade para o Mundial

Ao registrar um momento político e histórico local, Petra testemunha uma democracia em vertigem em muitos países ao redor do mundo.

Em muitas partes do mundo, estamos testemunhando o aumento da extrema-direita e do populismo, o que está levando a uma crescente divisão política.

Apolítica de Público e A Dualidade da Avaliação

Ainda que alguns não tenham gostado, a plataforma de streaming Netflix informou que a produção Democracia em vertigem foi bem recebida pelo público.

O documentário de Petra foi o segundo mais assistido pelos brasileiros durante 2019, ficando atrás somente do filme Nosso planeta.

Alguns críticos acusam a produção de ter uma narrativa maniqueísta, que estabelece mocinhos e vilões de forma simplista; de ser enviesada em prol das ideias de Petra e de seus pais; e de ser fantasiosa.

Conhecendo Petra Costa

Ana Petra Costa é a filha de Manoel Costa Júnior, político, e Marília Andrade, socióloga e jornalista. Durante a ditadura militar, seus pais eram militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

A neta de Gabriel Donato de Andrade, um dos fundadores da construtora multinacional Andrade Gutierrez, é também uma cineasta.

Nascida em Belo Horizonte em 1983, Petra já tinha realizado dois longas-metragens anteriores ao documentário Democracia em vertigem.

Petra Costa

A cineasta foi responsável por dirigir os filmes Elena (2012) - seu primeiro longa-metragem - e Olmo e a gaivota (2014).

Elena Petra foi premiada como melhor documentarista nos festivais de Brasília e Havana. Além disso, seu segundo filme recebeu o prêmio de melhor documentário no Festival do Rio.

Aos 36 anos, ela foi indicada ao Óscar pela primeira vez com o seu documentário Democracia em vertigem, seu trabalho mais recente.

A inspiração do documentário A Batalha de Chile, de Patricio Guzmán, foi o que motivou a criação de uma obra sobre a história brasileira mais recente. O filme trata dos eventos prévios ao golpe militar no Chile.

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Análise Técnica

Biografia de Petra Costa

Carol Pires, David Barker e Moara Passoni são os co-roteiristas.

, o filme aborda questões sociais importantes. O filme foi indicado ao prêmio de melhor documentário no Festival de Sundance e trata de questões sociais relevantes.

, o filme A Vida Invisível conta a história de uma família brasileira em que cada membro tem seus sonhos e lutas. O filme A Vida Invisível, indicado ao Óscar 2020 de melhor documentário, mostra a vida de uma família brasileira. Seus membros possuem desejos e desafios próprios.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.