Explorando o Livro 1984 de George Orwell


Escrito por Laura Aidar

Publicado em 1949, 1984 é uma obra-prima de George Orwell que desde então é considerada um dos livros mais famosos de todos os tempos. O romance, que já foi traduzido para 65 idiomas, ainda suscita diversas reflexões sociopolíticas, refletindo sobre sua temática que permanece atual.

Resumo do Livro

No final de sua vida, George Orwell escreveu o livro, enquanto lutava contra a tuberculose. Alguns meses depois, ele acabou falecendo. Muitos acreditam que o livro é uma mensagem que o autor deixou para as gerações seguintes.

Durante a Guerra Fria, a trama ilustra as tensões políticas e ideológicas. Ela mostra como as guerras são usadas como estratégias para manter pessoas privilegiadas no lugar de destaque, às custas dos grupos mais desfavorecidos.

1984, de George Orwell, é uma obra que alerta sobre o quanto o poder pode ser corrupto. Com seu realismo, o autor foi capaz de capturar a ascensão de regimes totalitários naquele período. Essa obra retrata um futuro sombrio para a humanidade, que vive em sociedades autoritárias e bastante controladas pela vigilância tecnológica.

No final, o protagonista é derrotado, obrigado a abdicar de seus ideais revolucionários para sobreviver. Porém, o enredo transmite uma mensagem de esperança: que mesmo nos sistemas mais autoritários, é possível que a chama da revolução e a necessidade de progresso social surjam dentro de todos nós.

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Principais Pontos do Resumo

No ano de 1984, na cidade de Londres, a atmosfera é marcada pelo totalitarismo. A obra de Orwell retrata esse cenário com muita precisão, mostrando que nenhum cidadão possui mais algum tipo de privacidade, já que os televisores espalhados por todos os lugares vigiam a população.

No primeiro parágrafo, somos apresentados a Winston Smith, um funcionário do Ministério da Verdade. Ele é responsável pela manipulação do passado através da propaganda e reescrita de fatos.

Tendo ascendência da classe média-baixa, Winston é um membro do Partido Externo. Seu trabalho é reescrever jornais e documentos antigos para apoiar o governo em vigor. Quando algo não pode ser reescrito, é destruído. Esta é a forma como o Estado mantém o seu controle. Winston odeia o seu trabalho e detesta o governo.

O Grand Irmão, líder do Partido e ditador, rege o governo. Nunca foi visto, mas controla e vigia tudo o que está acontecendo. O Estado não mais possui leis e todos os cidadãos são obrigados a obedecer.

Julia é a protagonista desta narrativa, uma mulher alegre que possui a mesma atitude rebelde de Winston. Ao conhecerem-se, apaixonam-se instantaneamente. Após isso, ambos solicitam suas transferências de emprego para que pudessem trabalhar juntos.

Infelizmente, a felicidade de Winston e Julia logo acabou. Os dois foram detidos e logo submetidos a violentos interrogatórios. Não conseguiram resistir e acabaram se denunciando um ao outro.

Avaliação do livro

A Totalidade do Poder: Uma Distopia

Neste romance, a vida dos indivíduos é retratada como sufocante, devido às fortes opressões e autoritarismos a que estão submetidos.

O governo criou regras e padrões a fim de controlar os seus cidadãos, suprimindo a individualidade, a originalidade e a liberdade de expressão. Tais comportamentos foram considerados infrações à lei e perseguidos pela Polícia do Pensamento.

Este governo está disposto a manipular as mentes da população de qualquer maneira, com seu lema de "Liberdade é Escravidão", por meio de ideias bizarras e absurdas.

Um dos slogans do partido é "2+2=5", apesar de ser claramente incorreta. Infelizmente, não há nenhuma crítica ou questionamento sobre isso, pois todos devem simplesmente acreditar na expressão.

O tema central desta obra é a liberdade e o controle que ela oferece.

O Espelho do Grande Irmão

A obra apresenta um regime autocrático, caracterizado por um estilo de governo absolutista e centralizado, no qual todo o poder se concentra em uma única pessoa.

No caso, o líder supremo do Partido é o Grande Irmão, que é o ditador. Embora se apresente como uma figura humana, nunca se sabe ao certo se aquela pessoa é real ou apenas uma representação simbólica da autoridade do governo.

Os cidadãos precisam oferecer culto e adorar o retrato do governante todos os dias, sob seu controle.

Através de sua vigilância apertada e constante, o Partido consegue implementar um alto nível de controle sobre as ações tomadas pelos indivíduos no romance.

O resultado foi o surgimento do adjetivo “orwelliano”, usado para se referir a situações nas quais aqueles no comando buscam controlar a privacidade de outros, alegando se tratar de uma medida de segurança.

Revisionismo Histórico e Propaganda Política

Winston Smith é o protagonista da narrativa. É um indivíduo comum e trabalha para o Ministério da Verdade do Partido Externo. Possui um cargo inferior e é responsável por tarefas relacionadas à propaganda política e à modificação de documentos.

Smith possui a responsabilidade de reescrever a História, modificando os registros de jornais e artigos de opinião originais, de acordo com as intenções do governo. Esta atividade tem como objetivo ocultar a verdade em certos temas, criando assim, "buracos na memória".

O Partido busca limitar o conhecimento dos cidadãos, apagando os fatos históricos. Contudo, Winston tem acesso à informação real, o que desperta gradualmente sua consciência.

O protagonista, trabalhando diretamente para o governo, vai crescendo cada vez mais em revolta, mesmo preveendo os sérios problemas que poderão vir. Ele começa a mover suas peças para derrubar o regime e buscar a liberdade.

A arrogância e o cinismo de grandes governantes ao reescrever a história para seu benefício próprio podem ser comparados às Fake News presentes na atualidade. Estas notícias falsas são disseminadas em grande quantidade.

Violência no Amor: Quarto 101

À medida que o tempo passa, o governo passa a monitorar e vigiar as ações do protagonista. O'Brien, um dos antagonistas da história, é contratado por Smith para segui-lo e garantir que ele se mantenha obediente.

No escritório, ele conhece Julia, que compartilha de muitos dos seus mesmos pensamentos e valores, embora tente manter isso em segredo. Naquela sociedade, não é permitido que as pessoas se apaixonem - elas só podem se relacionar para procriar. Por isso, a conexão que se desenvolve entre os dois é proibida desde o início.

O casal tenta lutar contra o sistema, mas infelizmente não tem sucesso e acaba sendo preso pelo Ministério do Amor. Lá, eles descobrem o lado mais cruel e violento do regime, que usa a tortura como um dos seus meios de imposição.

Na presente passagem, é possível observar como o autor opta por nomear os ministérios de uma forma que contradiga a sua finalidade real. Por exemplo, o ministério intitulado "amor" é responsável por graves violações e torturas.

O Quarto 101, sendo o apogeu da opressão exerce pelo Partido, Smith é sujeito a violentos maus-tratos. Apesar de resistir por longo tempo, ele finalmente sucumbe à pressão cruel e acaba indicando Julia.

Aqui fica evidente a incapacidade de estabelecer conexões e a maneira como a solidão em grupo é usada para debilitar e controlar essas pessoas.

Explicação do Último Capítulo do Livro

O Partido não visa à eliminação dos membros da resistência, mas sim à sua real conversão, de modo a abolir as ideias por eles defendidas. O protagonista, depois de ser libertado, se converteu, após passar por experiências aterrorizantes e sofrer torturas.

Quando Smith reencontrou Julia, percebeu que ela também o havia denunciado no Quarto 101, destruindo qualquer sentimento que ainda pudesse uni-los. Com isso, Smith se tornou um cidadão exemplar, seguindo acriticamente todas as regras e ordens.

Ao olhar para a imagem do Grande Irmão, vemos a prova de que o sistema da lavagem cerebral foi bem-sucedido - uma demonstração do profundo sentimento de fé que ele tinha nessa estratégia.

O livro apresenta uma forte crítica ao controle que um sistema pode exercer sobre seus membros. Mostra a capacidade de manipulação que pode ser exercida sobre os cidadãos.

Transformações para o cinema

Michael Anderson's 1984 Film

Em 1956, o diretor britânico Michael Anderson adaptou o romance de George Orwell para o cinema. Ralph Gilbert Bettison e William Templeton assinaram o roteiro, que representou uma árdua tarefa de transposição das páginas do livro. O elenco contou com Edmond O'Brien, Jan Sterling e Michael Redgrave.

1984 - Um Filme de Michael Radford

Em 1984, o britânico Michael Radford lançou no cinema uma nova versão em longa metragem, com roteiro assinado por ele e Jonathan Gems. O elenco contou com John Hurt, Richard Burton, Suzanna Hamilton e Cyril Cusack.

Informações sobre o Autor

Eric Arthur Blair, que adotou o pseudônimo de George Orwell, nasceu em Montihari (Índia) no dia 25 de junho de 1903. Filho de um funcionário colonial inglês que trabalhava para o Departamento Britânico de Ópio, o autor foi um jornalista, ensaísta e romancista de destaque.

Em 1933, após ter trabalhado na Polícia Imperial da Índia, Orwell decidiu abandonar o cargo a fim de se tornar escritor e publicou seu primeiro livro, Na pior em Paris e Londres.

Ele se mudou para Paris, onde viveu uma vida excêntrica. Em 1936, ele viajou para a Espanha para lutar contra a ditadura de Francisco Franco.

Em 1945, George Orwell criou o romance celebrado A revolução dos bichos.

Em 1945, após se casar com Eileen e adotar o pequeno Richard Horatio Blair, o escritor lamentou a perda da esposa.

Enquanto lutava contra a tuberculose, o escritor escreveu seu último livro, 1984. Sete meses após o lançamento da publicação, ele veio a falecer.

Orwell não conseguiu vencer a doença e foi levado precocemente aos 46 anos. Seu funeral foi realizado nos jardins da Igreja de Sutton Courtenay, em Oxfordshire, cujas honras de despedida foram dadas pelo grande amigo David Astor.

George Orwell

Explorando 1984 e o Big Brother

O reality show Big Brother, criado pela produtora holandesa Endemol, recebeu o nome de um dos personagens mais sinistros do livro de George Orwell. Apesar do título lembrar o romance 1984, o seu criador, John de Mol, nega qualquer relação entre eles.

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.