Principais Artistas, Obras e o que é Pontilhismo


Escrito por Rebeca Fuks

O Pontilhismo, também denominado Divisionismo ou Cromoluminismo, é um movimento pertencente ao Pós-Impressionismo (ou Neo-Impressionismo).

Os pintores que usaram o Pontilhismo adotaram uma técnica que consistia em inserir na tela pequenos pontos regulares feitos com cores primárias. Esta aplicação permitia que o espectador sentisse a mistura de cores na sua retina ao olhar para a obra.

Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935) são considerados os nomes mais importantes do Pontilhismo. Vincent van Gogh (1853-1890) também usou a técnica pontilhista em alguns de seus quadros.

Torre Eiffel (Seurat)

Entendendo o Pontilhismo

Começando com Georges Seurat (1859-1891), um pioneiro do Impressionismo, os experimentos de arte se transformaram quando ele começou a aplicar pequenas e regulares pinceladas (pontos multicoloridos) em seus trabalhos de acordo com um padrão.

Seurat propôs uma técnica diferente de pintura. Ele acreditava que o olho humano, ao interpretar as cores primárias, conseguiria misturá-las para formar outras tonalidades. O artista, então, criou uma pintura usando pontos de cores primárias, sem misturar as tintas na palheta. Era esperado que o cérebro interpretasse as cores e alcançasse o resultado desejado.

Um banho em Asnières

No Pontilhismo, a luz solar é um recurso importante para as pinturas ao ar livre. Ela cria efeitos destacados nesses quadros.

A Técnica do Pontilhismo recorria a um método extremamente minucioso, meticuloso, organizado e científico.

Onde e Quando

O Pontilhismo foi desenvolvido na França entre as décadas finais do século XIX, e mesmo com poucos adeptos, tornou-se um dos movimentos mais marcantes entre a transição do século XIX para o XX.

Félix Fénéon (1861-1944), crítico de arte francês, é creditado com a criação do termo "pintura de pontos" (em francês, peinture au point). Ele ajudou a divulgar obras de Seurat e de seus contemporâneos, tornando-se um dos principais responsáveis pela fama daquela geração de artistas.

Jovens provençais no poço (1892), Paul Signac

Veja também

Pontilhismo: Uma Técnica Artística

Desde o Impressionismo, os artistas já não ficam mais presos ao estúdio. Eles buscam retratar a luz presente na natureza, utilizando traços leves e sutis, sem distorcer a realidade.

O Pós-Impressionismo seguiu em parte o estilo já estabelecido, mas adotou uma abordagem diferente. Os pintores pontilhistas, por exemplo, continuaram a produzir obras de paisagem exteriores, mas abandonaram as subtis pinceladas para se concentrar na técnica de pontilhado.

Os artistas pontilhistas estavam preocupados com o resultado do quadro e, para obter o melhor resultado possível, optaram por utilizar as cores primárias diretamente ao invés de misturá-las na palheta e aplicá-las na tela.

The Bonaventure Pine (1893), de Paul Signac

Inspirados pelo livro de Michel Chevreul, publicado em 1839 intitulado Da lei do contraste simultâneo das cores, os pintores pontilhistas foram significativamente influenciados. O trabalho de Chevreul (1786-1889) intitulado Loi du contraste simultané des couleurs teve um impacto profundo na arte da época.

Jean-Antoine Watteau (1684-1721) e Eugène Delacroix (1798-1863) são considerados os precursores do Pontilhismo.

O Pontilhismo e Seus Artistas e Obras Notáveis

Biografia de Paul Signac (1863-1935)

Paul Signac, nascido em 11 de novembro de 1863, foi um dos artistas vanguardistas que contribuiu para o desenvolvimento do pontilhismo.

Abandonando a prancheta da arquitetura, o criador focalizou sua carreira exclusivamente nas artes visuais.

Em 1884, ao lado de alguns companheiros, fundou o Salon des Indépendants, onde conheceu o pintor Seurat. Em parceria com Seurat, criou o pontilhismo.

O Porto de Saint-Tropez

Signac dedicou-se especialmente à representação das paisagens litorâneas europeias, destacando embarcações, cais, e banhistas, com o uso de luz solar.

Signac não apenas pintou, mas também escreveu textos teóricos, como o livro De Delacroix ao Neoimpressionismo (1899). Esse livro aborda especificamente o tema do pontilhismo.

A Vida e Obra de Georges Seurat (1859-1891)

Nascido em 2 de dezembro de 1859, o pintor francês Georges foi considerado o fundador do Neo-Impressionismo. Desde a juventude, ele já mostrava interesse pelas artes, e em 1875 ingressou em um curso de escultura com Justin Lequien.

Ao ingressar na École des Beaux-Arts, três anos depois, ele concentrou-se principalmente em produzir retratos e modelos nus. Durante o curso, mostrou grande interesse por questões científicas na arte, influenciado principalmente por David Sutter, que combinou a música com a matemática.

O Circo (1890 - 1891), de Georges Seurat

Durante sua breve carreira, Georges Seurat dedicou-se principalmente à pintura de paisagens, prestando especial atenção aos efeitos do sol sobre elas. Discípulo de Paul Signac, Seurat se destacou por sua habilidade em capturar as nuances de luz e sombras.

O quadro de Georges Seurat mais conhecido, Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte, foi pintado entre 1884 e 1886. Está localizado na Art Institute of Chicago e mostra um domingo na ilha francesa do Rio Sena. O que se destaca na obra é o uso de luz e sombra que criam um efeito único.

Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte

A tela representa uma variedade de personagens: desde soldados à elegantes senhoras com sombrinhas e um fiel cão.

A Vida e Obra de Vincent van Gogh (1853-1890)

Vincent van Gogh, conhecido pintor holandês, nasceu em 30 de março de 1853 e conquistou fama como um dos maiores expoentes do pós-impressionismo.

Van Gogh teve uma vida difícil, chegando a sofrer crises psiquiátricas graves o suficiente para ser internado.

Retrato de Père Tanguy (1887), de Van Gogh

Van Gogh teve pouco sucesso em sua carreira artística, pois somente conseguiu vender um quadro. Para manter suas finanças, Theo, seu irmão mais novo, tinha grande importância.

Van Gogh experimentou várias técnicas durante sua carreira, incluindo a pontilhismo popularizada por Seurat. Seu autorretrato de 1887 é um exemplo disso. O pintor holandês estabeleceu conexões com Seurat durante sua estadia em Paris.

autorretrato Van Gogh

Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).