Características, Principais Nomes e Obras do Movimento Naturalista


Escrito por Laura Aidar

O Naturalismo suscitou um grande impacto no público, cativando sua atenção. Esta corrente artística e literária foi extremamente marcante.

Ao longo do movimento, temáticas e personagens que costumavam ser ignoradas pela arte foram colocadas em evidência. Com o objetivo de compreender a sociedade, muitos assuntos considerados tabus eram abertamente discutidos.

Aprenda mais sobre o Naturalismo, as suas características e quem são os seus principais artistas ao ler a nossa análise!

O Que é o Naturalismo? Resumo

Naturalismo foi um movimento artístico e literário que surgiu na Europa durante a segunda metade do século XIX. Seu surgimento foi tido como uma ramificação ou continuação do Realismo, extrapolando alguns desses seus paradigmas e características.

O Naturalismo foi fortemente influenciado pelo pensamento científico da época, particularmente por Charles Darwin. A escola procurava estudar o indivíduo como resultado de sua hereditariedade (herança genética) e seu ambiente de crescimento.

No teatro, foram encenadas peças que abordavam assuntos importantes do momento. O Romantismo se expressou em diferentes artes, como na literatura, pintura e teatro. Na literatura, o movimento foi usado como uma forma de denúncia e crítica social. Em relação à pintura, trouxe obras com cenários naturais e realismo. No teatro, as peças abordavam temas contemporâneos relevantes.

O surgimento de um diretor, dos figurinistas e da sonoplastia trouxeram grandes mudanças para o teatro. Estes novos elementos transformaram a maneira como o teatro era visto e feito.

Os naturalistas trouxeram uma importante inovação ao engajarem-se com as classes menos privilegiadas e com grupos sociais marginalizados, ampliando o campo de representação da arte e da literatura. Até então, esses grupos não eram abordados ou representados.

Explorando o Naturalismo na Literatura

Início na França com Émile Zola

Émile Zola (1840 — 1902), considerado o maior representante e responsável pelo impulso da literatura naturalista, publicou O romance experimental em 1867, considerado manifesto do movimento.

O Naturalismo teve um grande impacto na ficção, com o surgimento do romance naturalista. Ele se propunha a examinar e revelar o comportamento humano de um modo fundamental e até mesmo animal.

Nestas obras, o ser humano é o foco de análise, com uma perspectiva que aborda sua fisiologia, assim como seus impulsos e doenças.

Romances de tese são conhecidos por tentar comprovar ou validar uma teoria filosófica ou social através de uma análise científica da literatura.

Capa da primeira edição de Nana, de Emile Zola (1880).

Nana, obra publicada em 1880, é uma das maiores literaturas de Zola, e também uma das obras-primas do naturalismo. O livro acompanha a vida da protagonista, que carrega o mesmo nome. Ela é uma jovem atriz que veio de uma família com muitas dificuldades financeiras e com um pai alcoólatra.

Com seus atributos físicos, Nana infelizmente usa-os como meio de sobrevivência e torna-se uma prostituta de luxo. Logo, ela consegue alcançar o topo da sociedade francesa com sua riqueza, passando a fazer parte da alta classe.

Neste romance, o erotismo surge intensamente e o discurso sobre a sexualidade aborda aquela reconhecida como imprópria ou diferente dos ideais vigentes. Os personagens principais apresentam as características de aqueles que não são aceitos pela sociedade.

Para retratar de forma mais realista a vida dos mineiros de carvão, Émile Zola chegou a viver entre eles ao escrever Germinal (1881). Assim, o autor foi capaz de obter resultados mais próximos da realidade.

O Naturalismo de Eça de Queirós na Literatura Portuguesa

Eça de Queirós é uma figura significativa na língua portuguesa, havendo deixado uma marca profunda no cenário literário do seu país. Suas obras são marcadas pelo Naturalismo-Realismo e se tornaram importantes para a cultura portuguesa.

Capa do livro O Primo Basílio, de Eça de Queirós.

O Primo Basílio (1878) abordou duramente a burguesia do século XIX, destacando a presença de vícios e segredos. A protagonista Luísa é uma mulher casada que se envolve em um romance com o seu primo, Basílio, ao qual se apaixona completamente.

No romance O Crime do Padre Amaro (1875), Eça denuncia a hipocrisia da Igreja, representada pelo descumprimento dos votos religiosos.

Aspectos do Naturalismo na Literatura

  • Utiliza uma linguagem simples, próxima do uso cotidiano;
  • Faz um retrato do seu tempo através de uma forte denúncia e crítica social;
  • Observa o comportamento humano de forma objetiva e impessoal;
  • O narrador não se envolve nos acontecimentos e age como um mero observador;
  • Trata temas considerados chocantes, principalmente relacionados à sexualidade e à saúde mental;
  • Retrata os seres humanos como criaturas governadas por seus impulsos e desejos primitivos;
  • Adota uma postura positivista e tem como prioridade a ciência;
  • A obra defende uma teoria que o narrador tenta provar por meio de observação;
  • O narrador tenta convencer os leitores acerca da sua tese;
  • É marcado pelo Determinismo e pelo Fatalismo;
  • Descreve a luta do ser humano contra as forças da Natureza;
  • É influenciado pelo Evolucionismo de Darwin;
  • Retrata grupos marginalizados e ambientes coletivos;
  • Valoriza aspectos estéticos como descrições detalhadas;

A Presença do Naturalismo no Brasil

No final do século XIX, o Naturalismo chegou ao Brasil, influenciado por autores europeus como Émile Zola e Eça de Queirós. Entre os principais representantes desse estilo no território nacional, destaca-se o maranhense Aluísio Azevedo, com obras fundamentais como O Mulato (1881) e O Cortiço (1890).

Os livros, segundo o Naturalismo, tinham o objetivo de não somente divertir, como era característico da literatura Romântica. A intenção aqui era refletir e analisar a realidade brasileira, usando a literatura como uma forma de denúncia.

Lembrar dessa época é de grande importância, pois foi ela que gerou o movimento que resultou em grandes transformações, como a abolição da escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889).

Capa do livro O Mulato de Aluíso de Azevedo

Em O Mulato, Azevedo narra a história de Raimundo, um personagem cujo pai era um escravo, que mesmo assim, rejeitava a sua identidade racial, mostrando assim a forte presença de preconceitos raciais na sociedade à época.

A narrativa é permeada por um forte determinismo: afirmando que as fraquezas e vícios dos indivíduos são consequências do ambiente em que vivem, defende que eles estão destinados ao fracasso inevitável.

Outros autores têm também destaque no contexto do Naturalismo brasileiro, tais como Adolfo Caminha, Inglês de Souza, Horácio de Carvalho, Emília Bandeira de Melo e Raul Pompeia, além da importância de Aluísio Azevedo.

Explorando o Naturalismo: Artistas e Obras Notáveis

Os naturalistas buscavam desafiar as tendências românticas, como o idealismo e a subjetividade, tanto na pintura quanto na literatura. Seu foco passou a ser as classes mais baixas, com retratos de momentos de suas vidas cotidianas, muitas vezes situadas em meios rurais.

Desde o século XVII, o termo "naturalista" é usado para descrever obras com uma visão realista do que retratavam. No entanto, no século XIX, o Naturalismo se tornou um movimento artístico nos campos das artes plásticas.

Quadro Hay Making, de Jules Bastien Lepage.

Os quadros se destacavam, principalmente, por apresentar cenas reais de ambientes naturais.

O movimento começou a ganhar força especialmente na França, liderado por artistas como Jules Bastien-Lepage (1848 - 1884). Ele foi um dos principais expoentes desta tendência artística.

O Naturalismo estava surgindo como uma tendência em outros países, como a Inglaterra e os Estados Unidos da América.

William Bliss Baker, Early Summer.

William Bliss Baker (1859 — 1886), um pintor norte-americano, despertou interesse por suas paisagens naturais antes de falecer prematuramente aos 26 anos.

A artista botânica inglesa Marianne North (1830-1890) é conhecida por seus retratos vibrantes da fauna e flora de vários países, estabelecendo o Naturalismo.

A pintora fez uma viagem à volta do mundo, visitando destinos como o Brasil, o Canadá, os Estados Unidos, a Jamaica, o Japão e a Índia, ao longo do seu caminho capturando cores e inspirações para pintar magníficos trabalhos com flores e frutos.

Quadro Flores Japonesas, de Marianne North.

Outras Obras de Arte do Naturalismo

  • John James Audubon (França, 1785 - 1851)
  • Edward Lear (Inglaterra, 1812 - 1888)
  • August Friedrich Schenck (Alemanha, 1828 - 1901)
  • Marie Bashkirtseff (Ucrânia, 1858 - 1884)

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Histórica Perspectiva do Naturalismo

Refletindo uma radicalização ou continuação do Realismo, o Naturalismo surgiu em um ambiente semelhante.

Em 1859, Charles Darwin, biólogo inglês (1809 – 1882), publicou uma obra que teria um profundo impacto nas perspectivas da época: A Origem das Espécies.

A teoria de Charles Darwin, denominada evolucionista, afirma que a diversidade e a evolução das espécies são resultado do processo de seleção natural.

A concepção de que o mais destacado e os mais robustos prevaleceriam propiciou uma visão determinista e positivista do universo, fundamentada na valorização da ciência.

Além disso, o movimento artístico foi afetado pelo crescimento do pensamento socialista, consequência dos esforços feitos para garantir os direitos dos trabalhadores após a Revolução Industrial.

O Naturalismo retratava as desigualdades sociais e econômicas, mostrando a difícil existência dos pobres, oprimidos pelos ricos e poderosos.

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.