Sagarana, de Guimarães Rosa


Escrito por Carolina Marcello

Publicado em 1946, Sagarana é uma obra-prima da prosa regionalista brasileira. Escrito originalmente em 1938 e enviado para o concurso literário Humberto de Campos, o livro foi assinado pelo pseudônimo "Viator" e ficou em segundo lugar.

O título é um neologismo, ou seja, um fenômeno linguístico muito comum nos trabalhos do autor. Derivada da junção das palavras "saga" e "rana", de origem tupi, significando "semelhante com", Sagarana representa algo que se assemelha a uma saga.

Uma Revisão dos Contos de Sagarana

A obra do modernismo brasileiro abrange nove contos que descrevem a vida no sertão. Estes contos misturam elementos reais e fantásticos da região de Minas Gerais, criando um retrato multifacetado desta parte rural do Brasil.

As narrativas sobre os locais e paisagens que os cercavam abordam costumes, temas, comportamentos, crenças e expressões que eram incorporados na cultura da população.

Pedrês, o Burrinho

O livro começa com a narrativa de uma longa jornada através do sertão, após um grande período de chuvas. O protagonista da história é o burro sete-de-ouros, um animal que já passou da idade de trabalhar e que estava "aposentado" na fazenda. Por esta razão, foi obrigado a se unir à boiada que partia para uma viagem.

A obra de Guimarães Rosa é caracterizada pela fabulação, ao longo de sua narrativa principal, há diversas outras lendas e pequenas histórias paralelas. Essa característica torna a travessia cheia de outras pequenas narrativas.

Era um burrinho pedrês, miúdo e resignado...

O burrinho é o protagonista nesta história da travessia da boiada. Há uma rixa entre dois boiadeiros, que causa muito medo no capataz. No entanto, é preciso ter em mente que, sem o burrinho, a travessia nunca seria possível.

Embora houvesse uma grande tensão, o caminho de volta dos vaqueiros com a boiada não teve grandes dificuldades. Porém, ao retornar sem o rebanho, eles se depararam com uma tarefa maior: travessar um rio que, devido às chuvas, estava bastante cheio.

Durante a noite, os boiadeiros não conseguiam perceber o quanto o rio estava caudaloso, e depositavam sua segurança na fidelidade do burrinho. Porém, eles não esperavam que o animal desejasse voltar para o lugar de descanso tão intensamente.

O rio encontrava-se em péssimas condições, comprometendo a travessia de diversos cavalos e seus cavaleiros. Porém, em meio a correnteza, o burro conseguiu completar a travessia com sua teimosia.

O Retorno do Marido Prodigal

Lalino é típico de um malandro: ele não trabalha muito, mas consegue sair-se bem apenas com a sua capacidade de conversar. A trama deste conto se assemelha ao conto do filho pródigo.

Ele decidiu sair de sua cidade natal para o Rio de Janeiro, motivado pela conversa com seus companheiros de trabalho. Reuniu algum dinheiro e, sem dizer nada à sua mulher, partiu. Lá, passou a viver entre noites de festa e dias de preguiça. Quando se deu conta, seus fundos haviam acabado, e ele resolveu voltar para casa. Ao chegar, descobriu que sua esposa tinha um affair com um nobre poderoso da região.

Lalino adquiriu uma reputação negativa ao pedir um empréstimo ao espanhol antes de partir para o Rio. Por consequência, tornou-se conhecido entre o povo da sua cidade como alguém que havia "vendido" sua mulher, Maria Rita, para um estrangeiro, não sendo bem recebido.

E os bate-paus abandonam o foguinho do pátio, e, contentíssimos, porque há muito têm estado inativos, fazem coro:

Pau! Pau! Pau!

Pau de jacarandá!...

Depois do cabra na unha,

quero ver quem vem tomar!...

O filho de Major Anacleto encontra na figura de Lalino uma chance de contribuir para a eleição de seu pai. As artimanhas de Lalino desagradam ao Major Anacleto, porém, os resultados positivos de suas investidas vão satisfazendo cada vez mais Major Anacleto.

Ciúme e raiva tomaram conta do espanhol quando Maria Rita reapareceu. Ele começou a ameaçá-la, mas ela foi salva pelo major Cristão. Ele acreditava fervorosamente no casamento e ficou muito feliz com o trabalho de Lalino, então chamou seus capangas para expulsar os outros espanhóis da região. O resultado foi que o casal, finalmente, pôde se reunir.

Sarabanda

Dois primos que residem em um lugar infestado de malária passam os dias sentados na varanda. Entre um ataque de malária e o outro, eles conversam um pouco. Esta é uma das histórias mais curtas.

Numa tarde, enquanto Argemiro tremia de febre, começou a pensar na morte e desejá-la. Ele se lembrava de Luisinha, sua esposa, que havia fugido no início da doença, com um vaqueiro.

Ao redor, bons pastos, boa gente, terra boa para o arroz. E o lugar já estava nos mapas, muito antes da malária chegar.

A memória da mulher é dolorosa para os dois primos, pois Primo Ribeiro carregava um amor secreto por Luisinha. Nunca ele revelou seus sentimentos e agora sente medo de que, com os delírios provocados pela febre, revele algo.

A crise de febre que Primo Argemiro tem logo em seguida o desconcentra e o faz mudar de assunto. Assim, resolve contar de sua paixão por Luisinha. Após a revelação, Argemiro se sente enganado, pois tinha a convicção de que o vínculo entre eles era genuíno.

Ao tentar explicar a situação, Primo Ribeiro foi expulso da fazenda. No meio do caminho, ele foi acometido por uma crise e caiu no chão, permanecendo lá.

Confronto

Turíbio Todo é um seleiro cujas saídas de casa para pescar são frequentes devido à falta de trabalho. Contudo, um dia ele não consegue realizar essa tarefa. Ao regressar, descobre que a sua mulher traiu-o com um antigo militar, Cassiano Gomes. O conto, então, torna-se um labirinto de paisagens e de perseguições no sertão.

Respirava fundo e a sua cabeça trabalhava com gosto, compondo urdidos planos e vingança...

Saindo discretamente, Turíbio Todo prepara seu plano de vingança com calma. Ele decide atirar ao ex-militar em sua casa, bem cedo, sem lhe dar a chance de se defender. Contudo, quem acaba sendo atingido pelo tiro é o irmão de Cassiano, que foi alvejado pelas costas.

Cassiano deseja se vingar pelo assassinato de seu irmão, Turíbio Toto. Para isso, ele decidiu fugir pelo sertão para desgastar fisicamente seu ex-militar inimigo, que sofre de problemas cardíacos, e assim matá-lo de forma indireta.

A perseguição segue por muito tempo, até que Turíbio chega a São Paulo. No meio do nada, seu rival cai gravemente doente. Em seu leito de morte, encontra Vinte e Um, um homem humilde e tranquilo do sertão, e acaba salvando a vida do filho do seu perseguidor.

Depois da morte de Cassiano, o protagonista, movido pela saudade da mulher, decidiu voltar para a sua cidade. Durante a cavalo, ele encontrou um cavaleiro com uma aparência estranha que começou a acompanhá-lo. Logo se revelou que se tratava de Vinte e Um, antigo amigo de Cassiano. Este buscou vingança pelo amigo assassinado e matou Turíbio Todo.

Gente da Minha Terra

No conto narrado em primeira pessoa, o protagonista não é identificado por seu nome, apenas é referido como Doutor. O título por sua vez sugere que ele é um estudante que acabou de retornar a Minas Gerais. Durante sua ida para a casa de seu tio, ele encontra Santana, um inspetor escolar viciado em xadrez. Eles começam a jogar, mas a partida é interrompida quando o homem está prestes a perder.

O narrador passa algum tempo na casa de seu tio, que se envolve com a política. Porém, seu maior foco é sua prima Maria Irma. Gradualmente, ele desenvolve um sentimento de amor por ela, mas ela evita seus avanços de diferentes maneiras.

Ao narrar a história da pescaria, o ouvinte é apresentado a Bento Porfírio, que por conta dela, perdeu a oportunidade de se casar com a mulher prometida. Tempos depois, ele se reencontra com ela e se envolve. Infelizmente, o marido descobre e mata Porfírio durante uma pescaria, um ato que foi testemunhado pelo narrador da conversa.

O narrador ficou desiludido ao ver que Ramiro, o noivo de Armanda, a amiga da prima Maria Irma, havia visitado a fazenda para emprestar livros para ela. Isso despertou nele um sentimento de ciúme e ele, então, partiu para a casa de um tio.

Depois de alguns meses, ele recebeu duas cartas: uma do tio informando sobre a triunfante eleição do partido dele, e outra de Santana, onde descrevia como teria conseguido ganhar a partida de xadrez que parecia estar destinada a ser perdida.

Viva Santana, com os seus peões! Viva o xeque-do-pastor! Viva qualquer coisa!

Ao se inspirar na resolução de Santana, o narrador decidiu dar uma segunda chance à sua prima. Assim que chegou à fazenda, foi tomado de imediato pelo encanto de Armanda, fazendo-o esquecer seus sentimentos antigos.

O Evangelho de São Marcos

José, o narrador, é um homem culto que não acredita em feitiçaria. Embora saiba de sessenta remédios e rezas para evitar o azar, não deposita nenhuma fé neles. O conto é narrado em primeira pessoa.

A desconfiança que sentia pelos feiticeiros era tão grande que sempre ofendia os que residiam próximos do arraial. Mas certa vez, ao vociferar seus insultos, acabou perdendo a visão inexplicavelmente. Naquele momento, ele teve de lutar para sair do mato sem poder ver aonde estava indo.

Comandado apenas pelos ouvidos e o tato, José perdeu o caminho, caindo e machucando-se. Pedindo auxílio numa reza brava, foi capaz de emergir do mato e chegar à casa do feiticeiro. No entanto, ao se encontrarem, eles tiveram uma disputa e, com a cegueira ainda presente, José deu um soco no bruxo até recuperar a visão.

Olho que deve ficar fechado, p'ra não precisar ver negro feio...

Depois que José ofendeu o feiticeiro, este retirou as vendas do olho de um boneco de pano e o deixou cego.

Fechado para Negócios

A obra de Guimarães Rosa caracteriza-se pelo regionalismo, e isso é bastante aparente na narrativa fantástica. Esta começa com um diálogo, ao qual se alternam a história de Manuel Fulô, e a conversa mantida com o médico do arraial.

O enredo principal gira em torno da sucessão de valentões no interior de Minas Gerais, na cidade de Laginha. O narrador, Fulô, nos conta sobre os diversos personagens que causaram medo no local e também sobre a sua própria história.

Beija-flor é o orgulho de Manuel e o seu melhor amigo. O animal inteligente leva o seu dono de volta para casa quando ele bebe demais. O grande sonho de Manuel é montar em sua besta com uma sela de couro, estilo mexicana.

Após o noivado com Das Dores, Manuel Fulô convidou o Doutor para ir à venda para festejar. No entanto, a comemoração foi interrompida quando Targino, o mais temível de todos, entrou e disse a Manuel Fulô que ele gostava da noiva dele e que iria ficar com ela.

A tensão aumentava à medida que se aproximava o encontro entre Targino e Das Dores. Ele não sabia como proceder, pois a desonra seria grande, porém a possibilidade de morrer nas mãos do valentão parecia ser ainda maior. Foi então que Antonico das Pedras, o conhecido feiticeiro e curandeiro da região, surgiu para lhe dar uma saída.

Após a conversa com Fulô, os presentes acreditavam que Manuel tinha enlouquecido ao ouvir o que foi dito para deixarem o feiticeiro levar Beija-flor embora. Assim, Fulô saiu do quarto e foi para a rua, para enfrentar seu rival.

Conheceu, gente, o que é sangue de Peixoto?!

Com uma faca em punho, Manuel não se deixou intimidar pelos inúmeros disparos do oponente. Pulou em cima dele para encerrar o conflito e a vitória foi comemorada por meses. Seu casamento, no entanto, foi adiado. A partir desse momento, Manuel passou a ter fama de valentão na região. Quando embriagado, costumava montar na Beija-flor e atirar tiros de mentira até adormecer em seu lombo.

Conversa Entre Bois

Em meio a esta narrativa, diversas histórias se misturam. Um carro de bois carregando rapadura e um defunto percorre uma estrada, enquanto seus animais comentam sobre os homens e sobre um boi capaz de pensar como um humano.

Tiãozinho não gostava do carreiro Agenor Soronho, que sempre o mandava e era cruel com ele. As reflexões do menino revelam que sua relação com a mãe, controlada por Soronho, o aborrece. O corpo do pai, transportado no carro de boi, só agravou o sentimento de Tiãozinho.

Enquanto seu pai lutava contra a doença, Agenor e o garoto iniciaram um relacionamento e Agenor se tornou um tipo de padrasto. Os pensamentos do menino eram embaralhados pela conversa dos bois.

Que tudo o que se ajunta espalha...

Pensar como os homens é todo um desafio. Pode significar escolher a ação correta, visando ganhar algum benefício em determinadas circunstâncias. Um boi, que tentou encarar o desafio, morreu depois de cair de um penhasco, onde subira para encontrar um riacho próximo ao pasto.

Soronho, ao adormecer no carro de bois, vê o menino-guia quase durmindo, caminhando como se fosse um boi que andasse mesmo com olhos fechados. No entanto, a posição do carreiro no veículo é extremamente perigosa, pois ele frequentemente escorregava, ameaçando cair.

Andando na frente, Tiãozinho, meio adormecido, deu um grito, mandando para os bois acelerar. Com a brusca mudança de movimento, Agenor Soronho foi arrastado pela roda do carro e acabou falecendo.

O Momento de Augusto Matraga Chegou

Nhô Augusto, filho de fazendeiro, possui um grande patrimônio e é conhecido por seus excessos com bebidas, mulheres e brigas. Apesar de seus bens, ele acaba desapontando sua família por causa de suas ações. Um dia, sua esposa decide fugir com outro homem e a filha. Quando descobre a traição, ele chama seus capangas para buscar a esposa e a filha.

Quase morto após muita pancadaria, Nhô Augusto usou toda sua força para pular de um barranco, pois seus capangas haviam passado para o lado de Major Consilva, seu maior rival.

Ao chegar ao local, todos estavam certos de que ele havia morrido na queda, já que um enxame de urubus se encontrava ali. Contudo, um casal de idosos o encontrou, todo ferido, e lhe prestaram cuidados.

Durante a lenta recuperação, o padre visita o paciente com frequência. O processo de transformação espiritual tem início e o paciente percebe que o sofrimento é apenas um reflexo do que o aguarda em caso de condenação. Neste momento, o desejo de alcançar o céu começa a tomar forma.

Para o céu eu vou, nem que seja a porrete!

Augusto Matraga passou a levar uma vida de trabalho e devoção. Fugindo com os dois idosos que se tornaram sua família, eles se mudaram para uma pequena fazenda - sua última propriedade - que se localizava em um lugar remoto do sertão.

Augusto trabalhou anos a fio, rezando e ajudando os outros sempre que possível. Porém, um dia, um grupo de cangaceiros liderado por Joãozinho Bem-Bem chegou ao local. A chegada desses homens valentes e armados foi motivo de grande excitação por parte de Augusto, enquanto todos os outros habitantes daquele lugar sentiam medo dessas criaturas.

Augusto e Joãozinho se tornaram amigos. Apesar de Augusto agora ser um homem pacato, Joãozinho via a valentia em seus modos. Quando o grupo de cangaceiros foi visitar, Joãozinho convidou Augusto para se juntar a eles, mas ele recusou. Após a visita, Augusto começou a sentir-se inquieto na fazenda e percebeu que algo havia mudado.

Depois de algum tempo, Augusto resolve partir através do sertão, sem um destino definido. Ele montou em um burro, confiando no animal para guiá-lo pelas trilhas em Minas Gerais. Em um dos pontos por onde Augusto passou, havia um tumulto: era o grupo de João Bem-Bem no local.

Ao descobrir que um dos cangaceiros do grupo foi morto, Augusto ficou muito empolgado com a possibilidade de rever o amigo. Foi quando ele escutou qual seria a sentença para a família do rapaz: vingança. Matraga tentou interceder, pois achava que a punição era exagerada, mas João Bem-Bem não quis ceder. Dessa forma, eles travaram um duelo, que teve um final infeliz para ambos.

Conteúdo interessante

Análise e Interpretação da Obra Sagarana

Questões Universais na Prosa Regionalista

João Guimarães Rosa é um dos principais escritores da literatura brasileira, tendo se destacado como grande representante da prosa regionalista. Seu livro mais famoso, Sagarana, foi lançado em 1946 e retrata a vida do sertanejo do interior de Minas Gerais. A temática dos contos aborda questões e lendas típicas da região e a linguagem utilizada se aproxima do modo de falar do sertanejo.

A vida do sertanejo é o centro de toda a narrativa do livro. Os contos abrangem aspectos sociais e psicológicos dos habitantes, bem como temas universais como o amor e a morte. Embora o foco da narrativa seja Minas Gerais, ela pode facilmente se relacionar a outras regiões.

Os textos de Guimarães Rosa exigem alguma dificuldade na leitura, devido ao uso de termos regionais. Porém, suas narrativas possuem forte conteúdo moral e, portanto, são compreendidas globalmente. A habilidade de unir o regional ao universal é uma de suas grandes características.

Primeira edição de Sagarana.

Histórias dentro de Histórias

Nos contos de Guimarães é bem marcado a narrativa em estilo de "contação de causo". Nessa técnica, diversas outras histórias se interligam ao enredo principal, dando maior profundidade à narrativa. Esta forma de contar histórias se aproxima da oralidade, quando um contador de causos vai de um para o outro, emendando os relatos.

A tarefa do escritor de transformar a oralidade em escrita é desafiadora, pois ele não tem a ajuda das pausas e da atenção imediata do ouvinte para manter o enredo. Guimarães foi excepcionalmente hábil ao conseguir juntar vários relatos na trama central, sem perder o rumo ou confundir o leitor.

Fantástico Regionalismo

No Sagarana, Guimarães Rosa chega ao fantástico com contos como "Corpo Fechado" e "São Marcos", tornado acontecimentos irreais verossímeis por meio dos artifícios narrativos usados.

Os contos deste universo sertanejo são permeados de sobrenatural, que surge de maneira inesperada em situações banais por meio do curandeiro, o responsável por representar o fantástico.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.