Letra do Hino Nacional do Brasil


Escrito por Sónia Cunha

Em homenagem à renúncia de D. Pedro I, Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva criaram o hino nacional brasileiro. Este trabalho, dividido em duas partes, resultou na união das letras escritas por Joaquim Osório Duque Estrada e da música produzida por Francisco Manuel da Silva. Posteriormente, ele se tornou o hino oficial do Brasil.

Cântico Completo do Hino Nacional Brasileiro

Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heroico o brado retumbante,

E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,

Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade

Conseguimos conquistar com braço forte,

Em teu seio, ó liberdade,

Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,

Idolatrada,

Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido

De amor e de esperança à terra desce,

Se em teu formoso céu, risonho e límpido,

A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,

És belo, és forte, impávido colosso,

E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,

Pátria amada,

Brasil!

Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido,

Ao som do mar e à luz do céu profundo,

Fulguras, ó Brasil, florão da América,

Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;

"Nossos bosques têm mais vida",

"Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,

Idolatrada,

Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo

O lábaro que ostentas estrelado,

E diga o verde-louro dessa flâmula

- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,

Verás que um filho teu não foge à luta,

Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,

Pátria amada,

Brasil!

Seção I

Segunda Parte

A História por Trás do Hino Nacional Brasileiro

Em 6 de setembro de 1922, o presidente Epitácio Pessoa decretou a composição de Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva como hino oficial do Brasil.

Com a renúncia de D. Pedro I em 1822, Francisco Manuel da Silva viu o momento como uma oportunidade para expressar seu contentamento com a liberdade nacional. Assim, criou uma composição musical que celebrava o fato. Porém, apenas depois da criação da música, surgiu a letra que a acompanhava.

D.Pedro I

D.Pedro II

A composição, originalmente intitulada "Hino ao Sete de Abril e Marcha Triunfal", ganhou notoriedade anos mais tarde ao ser reconhecida como o hino nacional.

Em novembro de 1889, o governo lançou um concurso para selecionar o hino nacional. Ao todo, 29 composições participaram da disputa. Após três meses de análise, o resultado foi divulgado no dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico, no Rio de Janeiro. Entretanto, a canção vencedora não obteve o aprovação do Marechal Deodoro da Fonseca, sendo assim, a composição de Francisco Manuel da Silva manteve-se como hino, mas sem letra.

Duas versões diferentes de letra foram criadas antes que Joaquim Osório Duque Estrada consagrasse o hino com sua poesia. Essas letras eram tão refinadas que somente profissionais treinados para cantar lírico eram capazes de entoá-las.

Em 1831, Ovídio Saraiva de Carvalho, poeta e juiz, compôs a primeira letra do Hino Nacional Brasileiro. Após dez anos, a versão original foi substituída por outra de autor desconhecido, sem muito sucesso. Em 1909, foi realizado um concurso para a escolha da letra oficial, que foi vencido por Joaquim Osório Duque Estrada, que, posteriormente, fez algumas modificações em seu trabalho.

Em 1971, foi realizada uma atualização do hino nacional brasileiro, de acordo com a Lei nº 5.765, visando aperfeiçoamento ortográfico.

Composição do Hino Nacional Brasileiro

Francisco Manuel da Silva, nascido no Rio de Janeiro em 21 de fevereiro de 1795, dedicou a sua vida à carreira musical. Ainda jovem, estudou com o Padre José Maurício Nunes Garcia, um dos mais destacados nomes da música colonial brasileira. É famoso por ser o autor da música do hino nacional.

O compositor teve uma trajetória repleta de feitos. Ele participou do coro da Capela Real, foi timbaleiro e violoncelista da orquestra da Capela Imperial, além de ocupar cargos políticos como a presidência da Sociedade Musical de Beneficência, autorizou a criação de um Conservatório de música e foi diretor de tal instituição de 1848 à 1865. Ainda, foi mestre da Capela Imperial.

No dia 18 de dezembro de 1865, ele faleceu no Rio de Janeiro.

Francisco Manuel da Silva

Análise da Poesia do Hino Nacional

Joaquim Osório Duque Estrada nasceu em 29 de abril de 1870, em Paty de Alferes (Rio de Janeiro). Ele se formou em Letras pelo Colégio Pedro II. O autor do poema era Duque-Estrada.

Em 1886, aos dezesseis anos, ele publicou seu primeiro livro de poemas, intitulado Alvéolos. Depois disso, ele passou a escrever ensaios para os jornais Cidade do Rio e Correio da manhã.

Ele foi um importante ativista da abolição da escravatura e colaborador de José do Patrocínio em sua campanha. Além disso, exerceu diversas outras funções, como diplomata, bibliotecário, professor de francês e de história.

Em 1909, foi vencedor de um concurso nacional para a escolha da letra do hino nacional. Como recompensa pela vitória, recebeu 5 contos de réis, além de ter seu nome imortalizado como criador da letra.

Em 25 de novembro de 1915, ele foi escolhido para ocupar a Cadeira número 17 da Academia Brasileira de Letras.

Joaquim Osório Duque-Estrada

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Sónia Cunha
Escrito por Sónia Cunha

É licenciada em História, variante História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003) e em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar (2006). Ao longo da carreira profissional, exerceu vários cargos em diferentes áreas, como técnico superior de Conservação e Restauro, assistente a tempo parcial na UPT e professora de História do 3º ciclo e ensino secundário. A arte e as letras sempre foram a sua grande paixão.