Explorando as Ideias de Freud na Psicanálise


Escrito por Laura Aidar

Sigmund Freud (1856-1939), o pai da psicanálise, foi um dos principais pensadores ocidentais e revolucionou o estudo da mente. Mesmo depois de mais de 80 anos, ele ainda tem muito a oferecer para a nossa compreensão.

Reunimos neste local os ideais defendidos pelo psiquiatra austríaco, acreditando nessa frase.

Os Primeiros Passos de Freud na Carreira: Experimentação com a Cocaína

Apesar de ter começado suas pesquisas investigando a anatomia do cérebro, Freud dedicou horas e horas ao estudo deste órgão complexo em seu laboratório, resultando em diversos artigos publicados sobre o tema.

Em 1883, Freud realizou experimentos com a cocaína com o intuito de tratar a depressão, oscilações drásticas do humor e, de maneira geral, para obter um aumento de energia.

A cocaína já havia sido usada com algum sucesso por soldados durante a guerra.

Ao produzir seus primeiros trabalhos, o médico pensou que havia descoberto algo inovador, sem imaginar que seria um produto altamente viciante.

Existem amplos indícios de que, sob o efeito da coca, os índios podem suportar provações excepcionais e executar trabalhos pesados, sem necessitar de alimentação adequada durante todo o tempo. Valdez y Palacios afirma que, com a utilização da coca, os índios são capazes de viajar a pé por centenas de horas e correr mais depressa que cavalos, sem mostrar sinais de fadiga.

O médico usava a substância com frequência - visto que lutava com a depressão - e também a recomendou para pessoas próximas.

Após o avanço das investigações, Freud foi acusado posteriormente pelo cientista Erlenmeyer de espalhar e promover o consumo de uma droga altamente viciante (que acabou se tornando a terceira maior calamidade humana, atrás apenas do álcool e da morfina).

Em 1887, para se defender, o psicanalista publicou um artigo intitulado Observações sobre o cocainismo e a cocainofobia, onde assumiu que o uso da substância poderia desencadear uma dependência química.

A Inovação na Técnica de Freud nos Primeiros Pacientes

Depois de anos de estudo analítico e de trabalho de campo, Freud se graduou em medicina e começou a exercer a profissão de neurologista.

Ele era especializado em tratar pacientes com histeria, um mal que muitos médicos ainda desconheciam. Comprometido com a saúde de seus pacientes, buscava compreender as causas da doença e achar uma solução para o problema.

Dora (nome fictício atribuído à Ida Bauer) foi uma das primeiras pacientes de Freud que sofria com histeria. Os relatos deixados pelo psicanalista contem detalhes sobre o caso.

A Histeria: Uma Doença

Inicialmente, Freud acreditou que as pessoas com histeria sofreram algum tipo de trauma sexual em algum ponto de suas vidas e relacionou o distúrbio mental a essa experiência.

Segundo os primeiros estudos do psicanalista, o abuso sexual sofrido durante a infância - muitas vezes cometido pelos próprios pais - pode ser apontado como a causa raiz da doença mental.

Após um certo período, Freud deixou de lado essa visão reducionista e passou a se perguntar se haveria mais possíveis causas para problemas mentais.

De erro em erro, vai-se descobrindo toda a verdade.

A Hipnose e a Eletroterapia como Tratamento?

Naquela época, os doentes histéricos eram submetidos a tratamentos com base na hipnose e na eletroterapia. Contudo, o psicanalista logo descobriu que esse último método não era eficaz e passou a investigar outras técnicas para tratar esses casos.

Após a descoberta de que a eletroterapia não era eficaz, Freud manteve a prática do transe hipnótico com seus pacientes, mas o efeito não era duradouro. Por essa razão, o médico decidiu procurar outros tratamentos para encontrar uma cura para seus pacientes. Ele então voltou a se dedicar às pesquisas sobre o cérebro, incluindo dissecações.

Sigmund Freud criou uma nova técnica para as consultas que realizava. Ele propunha que os seus pacientes, deitados em um divã e com os olhos fechados, permitissem que o seu pensamento fluísse, permitindo a livre associação de idéias.

Com a psicanálise, uma nova abordagem empírica surgiu, que abriu caminho para o estudo da subjetividade humana.

Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por todos os poros.

O divã de Freud

Origens da Psicanálise

Freud acreditava que a fala do paciente era uma forma muito eficaz de obter informações sobre a doença. Ele pediu a seus pacientes que compartilhassem tudo o que passava por suas cabeças, sem restrições.

O psicanalista imaginou-se como um arqueólogo que trabalha a partir de restos enterrados de uma cidade antiga e utilizou a abordagem para descobrir o que estava escondido. A intenção era extrair lições do passado para decifrar o que estava acontecendo no presente.

Freud no seu escritório

Freud chegou à conclusão de que os histéricos estariam sofrendo de algum tipo de doença devido à sua incapacidade de processar ou lidar com uma questão em particular.

Freud acreditava que a cura para o mal consistia em conscientizar o que era reprimido inconscientemente. A transferência da questão para a consciência era, segundo ele, a solução.

As grandes coisas podem ser reveladas através de pequenos indícios.

Sigmund Freud desvalorizou as experiências reais e atribuiu maior importância ao processamento interno que as pessoas fazem de aquilo que vivem. Assim, um analista deveria prestar atenção especial às narrativas de seus pacientes e focar-se não no evento em si, mas na maneira como o paciente interpretou e absorveu tal situação.

O objetivo era incentivar o fluxo de ideias dos pacientes e entender como o discurso se desenvolvia com repetições, omissões e algumas vezes imagens desconexas.

Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais: somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos 'sem querer'.

O trabalho principal do psicanalista deve se concentrar na observação da linguagem usada pelo paciente. Isso é essencial para que se obtenham os melhores resultados possíveis.

Compreendendo o Funcionamento da Mente

Os poetas e filósofos que me antecederam descobriram o inconsciente: o que eu descobri foi um método científico de estuda-lo.

Freud, já médico, foi agraciado com uma bolsa para realizar estudos em Paris por alguns meses. Enquanto lá, teve a oportunidade de ser orientado por Charchot, um cientista dedicado a desvendar os mistérios da consciência.

Ao estudar com o professor e orientador Freud, foi-lhe ensinado que havia diferentes níveis de consciência e, ao contrário do que era comumente aceito, nossa mente não era totalmente compreensível.

Inspirado por Charcot, o psiquiatra tentou aprofundar o conhecimento de como a mente humana funciona e organizá-lo de maneira a conseguir amenizar o sofrimento de seus pacientes com neuroses.

A tese freudiana, inicialmente rejeitada, foi considerada uma grande revelação para a sua época: a ideia de que não éramos os donos das nossas vontades, pois grande parte das nossas decisões era dirigida pelo inconsciente. Esta conclusão pôs em dúvida a crença de que éramos seres com total liberdade de escolha e inteira racionalidade.

O primeiro objetivo de Freud era desvendar a histeria e encontrar a cura. Porém, ele logo percebeu que precisava ir mais profundo e analisar o nosso aparelho psíquico para alcançar seu propósito.

Freud foi um estudioso compulsivo ao longo de toda a vida.

Freud separou o aparelho psíquico em três partes: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. O ponto de maior interesse do psicanalista era o último, que era onde ele acreditava que estariam armazenadas as questões reprimidas.

Os psicanalistas precisam analisar os sintomas dos pacientes para acessar o inconsciente e descobrir o que foi reprimido. Esses sintomas incluem desvios da linguagem, lapsos, repetições, impulsos reprimidos e linguagem corporal. Além disso, investigar os sonhos dos doentes pode ser uma fonte valiosa de informação.

Saiba mais

Sonhos e o seu Significado

O psiquiatra Sigmund Freud foi pioneiro quando desafiou a visão de seus contemporâneos médicos, acreditando que os sonhos possuíam mensagens escondidas e eram portanto fontes de informação confiável. Ele decidiu enfocar seus esforços nessa área, revolucionando a maneira como o sono era visto naquele momento.

a pesquisa psicológica mostra que o sonho é o primeiro membro de uma classe de fenômenos psíquicos anormais, da qual outros membros, como as fobias histéricas, as obsessões e os delírios, estão fadados, por motivos práticos, a constituir um tema de interesse para os médicos (...) Quem quer que tenha falhado em explicar a origem das imagens oníricas dificilmente poderá esperar compreender as fobias, obsessões ou delírios, ou fazer com que uma influência terapêutica se faça sentir sobre eles.

O psicanalista questionava-se sobre o que o cérebro produzia durante o sono, por que o corpo gastava energia na produção dos sonhos e o que estas mensagens significavam.

Para Sigmund Freud, os sonhos podem ser usados como uma técnica para perceber os problemas internos de um indivíduo, tais como as obsessões, os traumas e as fobias. Ele se interessava em especial em acessar o que não poderia ser alcançado enquanto acordado.

Freud acreditava que os sonhos eram a chave para desvendar os segredos da mente humana. Por isso, os analistas tinham a responsabilidade de interpretar essa informação, prestando atenção às associações de ideias feitas durante a livre associação.

A Vida e Obra de Sigmund Freud

Sigmund Schlomo Freud nasceu em Freiberg, em 1856, como filho mais velho de um casal judaico que teve sete filhos.

Quando Freud tinha quatro anos, sua família se mudou para Viena. Seu pai era um pequeno comerciante.

Aos 17 anos, Sigmund começou a estudar Medicina na Universidade de Viena e logo se tornou um dos dedicados alunos do Professor Doutor Brucke. Em 1881 ele se especializou em Neurologia.

Em 1882, ao lado do médico Josef Breuer, Sigmund Freud começou a trabalhar com casos de histeria, aplicando a hipnose como forma de tratamento. Foi desse trabalho que surgiu a psicanálise, a famosa teoria criada por Freud.

Retrato de Sigmund Freud

Em 1885, Sigmund desenvolveu uma profunda paixão pelo inconsciente ao estudar com o neurologista francês Charcot, em Paris.

Durante toda a sua carreira, ele se dedicou a pesquisar tratamentos para os seus pacientes psiquiátricos, com particular ênfase nos casos de histeria.

Ele, um verdadeiro pioneiro, desenvolveu, primeiramente, a psicanálise de forma independente.

Martha Bernays foi a esposa de Freud. Eles tiveram seis filhos: Anna, Ernst, Jean, Mathilde, Oliver e Sophie.

Sigmund Freud faleceu em Londres no dia 23 de setembro de 1939.

Para entender melhor o psicanalista francês, assista ao documentário O jovem Dr.Freud. Nele você poderá adquirir mais conhecimento sobre o tema.

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.