Os 21 Livros Mais Recomendados para Ler em 2022


Escrito por Rebeca Fuks

Hoje, trazemos dicas de leitura bem variadas, com títulos diversos de praticamente todos os gêneros.

Não ficamos presos a uma época histórica ou a nacionalidade, apenas recomendamos os livros que terão um impacto significativo no seu próximo ano.

1. Itamar Vieira Junior e o Torto Arado

" "Manter a Produtividade durante a Quarentena

Em 2019, o primeiro romance do escritor baiano Itamar Vieira Junior foi lançado e arrebatou muitos prêmios de destaque, como o Jabuti de Literatura e o Prêmio Leya de Livro do Ano.

Numa região rural do sertão baiano, ainda hoje há famílias de descendentes de escravos que sofrem com a exploração. Apesar de já terem se passados mais de 100 anos desde a assinatura da Lei Áurea, em 1888, muitos ainda não foram beneficiados com as mudanças trazidas por ela.

Apesar de serem irmãs, Bibiana e Belonísia adotam posturas opostas em relação à condição de vida da família. Enquanto a primeira se conforma com o destino, a segunda se revolta e luta para conquistar a terra onde trabalham.

Quando retirei a faca da mala de roupas, embrulhada em um pedaço de tecido antigo e encardido, com nódoas escuras e um nó no meio, tinha pouco mais de sete anos. Minha irmã, Belonísia, que estava comigo, era mais nova um ano. Pouco antes daquele evento estávamos no terreiro da casa antiga, brincando com bonecas feitas de espigas de milho colhidas na semana anterior.

Belonísia acredita que é seu dever lutar pela libertação dos trabalhadores que sofrem com a exploração, mesmo num ambiente carregado de preconceitos raciais e de gênero e de extremo conservadorismo.

"Torto Arado" é uma obra audaciosa que busca retratar a realidade da vida no campo da Bahia.

2. A Busca pela Filha Perdida de Elena Ferrante

A filha perdida livro

A obra da escritora italiana Elena Ferrante, publicada em 2006, ganhou uma magnífica adaptação para o cinema no final de 2021.

A identidade da autora é mantida em segredo, porém ela discute assuntos controversos e relevantes que dizem respeito às mulheres.

Em A filha perdida, a protagonista é Leda, uma mulher madura que decidiu viajar sozinha para o litoral da Grécia. Ao chegar, ela percebe que sua tranquilidade estava prestes a ser perturbada ao conhecer uma família que vivia na região.

Ao ver a interação entre Nina e Elena, Leda é sugada para suas lembranças dolorosas e experimenta emoções contraditórias em relação à sua própria relação com suas filhas.

Este livro retrata a maternidade e a família de uma forma audaciosa e forte, contando a história com realismo e brutalidade.

3. A Morte dos Ossos de Olga Tokarczuk

Sobre os Ossos dos Mortos

A autora polonesa laureada com o Prêmio Nobel em 2018 merece ser conhecida. Não perca tempo e corra agora para desfrutar de sua obra.

O romance de 2009 escrito pela escritora, mesmo com sua pouca idade, vencedora de diversos prêmios, conta a história da protagonista Janina Duszejko, uma senhora de sessenta anos que possui grande paixão por animais.

Já atingi uma idade e, além disso, um estado em que, antes de me deitar, devia lavar muito bem os pés, no caso de uma ambulância ter de me levar durante a Noite.

Janina vive em um pequeno vilarejo desabitado, com apenas ela e seus dois cães. Sua vida é abalada quando os animais desaparecem misteriosamente, e ainda piora quando duas pessoas são encontradas mortas inexplicavelmente.

Este roteiro cheio de interrogações fornece a oportunidade para que uma escritora experiente reflita sobre os problemas filosóficos da existência.

Saiba mais

4. Os Tempos Difíceis de Mario Vargas Llosa

" "Como aumentar o sucesso empresarial

O autor peruano, galardoado com o Prêmio Nobel da Literatura, decidiu contar uma história que se passa durante a Guerra Fria, misturando elementos de ficção e realidade para o entretenimento do público.

Esta obra aborda o golpe político ocorrido na Guatemala nos anos 50, bem como as suas repercussões sociais não só para o país, como para toda a América Latina.

Embora desconhecidos do grande público, e apesar de figurarem de maneira muito pouco ostentosa nos livros de história, provavelmente as duas pessoas que mais influenciaram o destino da Guatemala e, de certa forma, de toda a América Central no século XX foram Edward L. Bernays e Sam Zemurray, dois personagens que não podiam ser mais diferentes entre si por sua origem, seu temperamento e sua vocação.

No último trimestre de 2020, o escritor peruano lançou um romance histórico para tentar compreender melhor o mundo atual em que vivemos.

Vargas Llosa acredita que a deposição do presidente da Guatemala, Jacobo Árbenz, que foi eleito democraticamente, foi essencial para o crescimento da radicalização política que é cada vez mais evidente nos dias de hoje.

Árbenz foi deposto por meio de um golpe militar estratégico, resultando na instabilidade política e social da Guatemala.

5. Explorando o Amor com bell hooks

tudo sobre o amor, livro de bell hooks

Em 2021, a intelectual e ativista afro-americana bell hooks faleceu, deixando para trás uma obra marcante que aspira a transformação do mundo em relação a questões de raça e gênero. Considerada uma das figuras mais importantes da história, seu nome deve ser conhecido por todos.

O livro Tudo sobre o Amor: Novas Perspectivas, lançado no início de 2021, aborda o que a autora pensa sobre esse sentimento tão emblemático. O amor é algo conhecido, mas também é muito complexo, e é usado para estabelecer relações entre casais, amigos e famílias.

bell hooks afirma que o amor deve ser visto como uma atitude política natural em nossas vidas. Ela argumenta que o amor deve ser abraçado de maneira firme e não deve ser apenas um sentimento ocasional.

Amor-próprio é a base de nossa prática amorosa. Sem ele, nossos outros esforços amorosos falham. Ao dar amor a nós mesmos, concedemos ao nosso ser interior a oportunidade de ter o amor incondicional que talvez tenhamos sempre desejado receber de outra pessoa.

6. Joan Didion e o Ano do Pensamento Mágico

O ano do pensamento mágico

Enfrentando um dos temas mais difíceis a ser abordado por um escritor, Joan Didion tem a coragem de se aventurar neste desafio. O Ano do Pensamento Mágico (2005) é uma autobiografia baseada na experiência de perder o marido de forma inesperada.

A abordagem escolhida pela escritora foi a da honestidade absoluta e a da análise de dados obtidos por meio de pesquisas científicas, evitando assim ser um livro deprimente ou demasiadamente densa.

Didion foi à procura de várias pesquisas sobre luto para melhor entender o que seu corpo estava passando.

Ao generosamente partilhar estes ensinamentos com o leitor, este fica mais consciente da finitude da vida ao encerrar a leitura do livro, tornando-se mais rico.

Não tinha feito alterações naquele documento desde que escrevera as palavras, em maio de 2004, um dia ou dois ou três depois do sucedido.

A vida muda num instante.

Um instante normal.

Em algum momento, com vista a poder lembrar-me daquilo que parecia mais assinalável sobre o que se passara, considerei acrescentar aquelas palavras: «um instante normal». Vi de imediato que não havia necessidade de acrescentar a palavra «normal», porque jamais o esqueceria: a palavra nunca abandonou a minha mente. De fato, era a natureza normal de tudo o que precedera o acontecimento que me impediu de acreditar que aquilo sucedera verdadeiramente, e de o absorver, incorporar, ultrapassar.

Com uma linguagem simples e coloquial, Didion nos entrega totalmente sua honestidade avassaladora e nos faz conhecer o sofrimento que todos nós que perdemos alguém querido conhecemos bem.

Em vez de fugirmos da ideia da morte, o livro nos desafia a refletir sobre ela de maneira tranquila e realista, oferecendo meios de lidarmos com o doloroso processo de luto.

7. Pilar Quintana e a Cachorra

Livro A cachorra de Pilar Quintana

Em 2020, Pilar Quintana, voz importante na literatura contemporânea da América Latina, lançou seu romance visceral no Brasil.

A história de Damaris é mostrada, uma mulher simples que divide seu dia a dia com Rogelio, mas há uma profunda tristeza e desapontamento por ela não conseguir ter filhos.

Ao decidir adotar uma cachorra, ela se deparou com uma série de sentimentos e experiências variadas, não muito diferentes do que a maternidade oferece. Assim, ela preparou-se para afrontar intensas situações e emoções contraditórias.

O livro A cachorra, da autora, obteve grande reconhecimento público e crítico, ao vencer o prêmio Biblioteca de Narrativa Colombiana em 2018. A obra foi escrita durante o puerpério da autora, logo após ela dar à luz.

O casebre em que moravam era de madeira e estava em mau estado. Quando caía uma tempestade, tremia com os trovões e balançava com o vento, a água entrava pelas goteiras do teto e pelas frestas nas tábuas das paredes, tudo ficava frio e úmido, e a cadela punha-se a choramingar.

Fazia muito tempo que Damaris e Rogelio dormiam em quartos separados, e nestas noites ela se levantava depressa, antes que ele pudesse dizer ou fazer algo.

Tirava a cachorra da caixa e ficava com ela na escuridão, acarinhando-a, morta de susto por causa das explosões dos raios e da fúria do vendaval, sentindo-se diminuta, menor e menos importante no mundo do que um grão de areia do mar, até que a cachorra se aquietava.

8. A Mente Alerta como Milagre para Vivência da Paz - Thich Nhat Hanh

Para viver em paz o milagre da mente alerta

Aqueles que procuram aliviar o estresse da rotina e se interessam por práticas meditativas certamente encontrarão diferenças significativas ao ler este livro.

A obra, publicada em 1975, do mestre zen vietnamita Thich Nhat Hanh, falecido em 2022 com 95 anos de idade, é vista como um guia sobre meditação.

O autor nos acompanha pelos caminhos da mente com exercícios práticos, visando nos auxiliar a aprimorar o foco no presente, acionando em nós a consciência plena com atitude objetiva e carinhosa.

9. Narrativa de Don Juan, por Peter Handke

Don Juan (Narrado por Ele Mesmo)

Peter Handke, um autor e dramaturgo austríaco, foi o vencedor do último Prêmio Nobel de Literatura. Ele realmente merece ser reconhecido.

Don Juan (Narrado por Ele Mesmo), de 2004 é uma de suas obras mais celebradas. Esta narra a história de um homem solitário que leva a leitura como seu passatempo preferido. Cozinheiro de ofício, busca a imersão nas páginas dos seus livros sempre que possível.

Don Juan, um ícone da literatura, apareceu, do nada, no quintal de alguém certo dia. Isso desencadeou um diálogo único, intrigante e interessante.

Don Juan sempre estivera à procura de um ouvinte. E foi em mim que, um belo dia, o encontrou. Sua história, não me contou em primeira pessoa, mas em terceira. Pelo menos é assim que me vem à memória agora.

10. Ondjaki e os Moradores da Minha Rua

ondjaki os da minha rua

Ndalu de Almeida, pseudônimo Ondjaki, é considerado um dos maiores nomes da literatura contemporânea angolana.

Em Os da minha rua, publicado em 2007, o autor retrata a infância em Luanda por meio de narrativas curtas e autônomas.

O Jika era o mais novo da minha rua. Assim: o Tibas era o mais velho, depois havia o Bruno Ferraz, eu e o Jika. Nós até às vezes lhe protegíamos doutros mais velhos que vinham fazer confusão na nossa rua. O almoço na minha casa era perto do meio-dia. Às vezes quase à 1h.

O livro apresenta um forte teor autobiográfico, o que o torna ao mesmo tempo particular e relacionável para o leitor. Sua narrativa sobre uma infância específica acaba despertando empatia e identificação em todos nós.

11. Yuval Noah Harari - Sapiens: Uma Breve História da Humanidade

Sapiens: História Breve da Humanidade, de Yuval Noah Harari

Yuval Harari, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, é o autor de Sapiens: História Breve da Humanidade. Ele é doutor em História pela Universidade de Oxford.

Neste best-seller de 2011, são abordados de forma interdisciplinar e científica os processos de evolução da espécie humana na Terra. Por meio dele, descobrimos mais sobre o longo percurso do homem no planeta.

Nos últimos 70.000 anos de história humana, vimos o homem promover diversas revoluções nos campos da cognição, agricultura e ciência. As três maiores revoluções ocorridas nesse período incluem a Revolução Cognitiva, a Revolução Agrícola e a Revolução Científica.

Há cerca de 13,5 bilhões de anos, a matéria, a energia, o tempo e o espaço surgiram naquilo que é conhecido como o Big Bang. A história dessas características fundamentais do nosso universo é denominada física.

Por volta de 300 mil anos após seu surgimento, a matéria e a energia começaram a se aglutinar em estruturas complexas, chamadas átomos, que então se combinaram em moléculas. A história dos átomos, das moléculas e de suas interações é denominada química.

Há cerca de 3,8 bilhões de anos, em um planeta chamado Terra, certas moléculas se combinaram para formar estruturas particularmente grandes e complexas chamadas organismos. A história dos organismos é denominada biologia.

12. A Dilemática Situação do Porco-Espinho, de Leandro Karnal

O dilema do porco-espinho, de Leandro Karnal

O trabalho do historiador Leandro Karnal tem como foco uma das questões mais importantes da atualidade: a solidão.

A obra não se debruça apenas sobre a solidão literal - o fato de estar sozinho - mas também sobre a sensação de estar sozinho que pode ainda existir mesmo quando temos companhia.

Em O dilema do porco espinho, de 2018, é trazida à tona a discussão sobre a solidão. Ensinamentos de diversos filósofos e pensadores - inclusive da Bíblia - são usados para nos questionar: por que sentimos solidão? Essa sensação é necessariamente prejudicial? Como podemos processá-la de um jeito salutar?

A significância do título do livro é explicada nas primeiras páginas e é um tema que orienta toda a história.

Somos uma espécie de porco-espinho, pensava o filósofo Arthur Schopenhauer. Por quê? O frio do inverno (ou da solidão) nos castiga. Para buscar o calor do corpo alheio, ficamos próximos dos outros. Efeito inevitável do movimento: os espinhos nos perfuram e causam dor (e os nossos a eles). O incômodo nos afasta. Ficamos isolados novamente. O frio aumenta, e tentamos voltar ao convívio com o mesmo resultado.

A metáfora do filósofo alemão trata do dilema do humano: solitários, somos livres, porém passamos frio. A dois ou em grupo as diferenças causam dores.

13. A Procura do Tempo Perdido de Marcel Proust

Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust

Descrito como um "clássico que nunca perde a validade", a obra-prima do escritor francês Marcel Proust é uma verdadeira joia da literatura.

Publicado pela primeira vez em 1913, este clássico da literatura francesa nos proporciona uma viagem ao passado, principalmente a infância e a juventude do personagem central.

Ao ler, o leitor é embalado por tal forma que, em um determinado momento, parece impossível parar.

O passado de Marcel parece refletir o de todos nós: as descobertas, as aventuras, os primeiros amores, o entusiasmo da juventude.

Ao experimentar o sabor do biscoito da Madalena, o protagonista é transportado à sua infância. Essa clássica passagem da famosa obra de Proust nos traz uma sensação de nostalgia, pois lembramos da nossa própria infância ao ler sobre isso.

Ela então mandou buscar um desses biscoitos curtos e rechonchudos chamados madeleines, que parecem ter sido moldados na valva estriada de uma concha de São Tiago. E logo, maquinalmente, acabrunhado pelo dia tristonho e a perspectiva de um dia seguinte sombrio, levei à boca uma colherada de chá onde deixara amolecer um pedaço de madeleine. Mas no mesmo instante em que esse gole, misturado com os farelos do biscoito, tocou meu paladar, estremeci, atento ao que se passava de extraordinário em mim. Invadira-me um prazer delicioso, isolado, sem a noção de sua causa. (…) E de súbito a lembrança me apareceu. Aquele gosto era o do pedacinho de madeleine que minha tia Léonie me dava aos domingos pela manhã em Combray (porque nesse dia eu não saía antes da hora da missa), quando ia lhe dar bom-dia no seu quarto, depois de mergulhá-lo em sua infusão de chá ou de tília.

Neste conto, um rapazinho desejando se tornar escritor é apresentado a nós por meio de uma linguagem simples e de fácil acesso. Ele nos mostra como é o seu dia a dia.

Para 2021, a recomendação de leitura é Em Busca do Tempo Perdido, composta por sete volumes que provavelmente ocuparão os próximos anos.

É imperdível embarcar nesse teletransporte para o passado, liderado por Marcel, para explorarmos as descobertas que nós mesmos faremos pelo caminho. Será uma jornada inesquecível!

14. A Felicidade Oculta de Clarice Lispector

Felicidade clandestina

"Felicidade clandestina" é um livro de contos lançado em 1971 que merece ser lembrado por sua beleza e profundidade.

Esta obra contém 25 textos curtos com o propósito de abordar temas como o amor, a família, a solidão, a estranheza, as angústias existenciais e o desapontamento com o mundo.

A escrita característica de Clarice Lispector, frequentemente com o estilo "fluxo de consciência" e elementos autobiográficos, é uma marca evidente da autora.

Ana caminhava num bonde um dia, e vê um cego mascando chiclete. Esta visão desencadeou nela um profundo questionamento existencial, que a fez refletir sobre seus aspectos pessoais. Clarice Lispector afirma que o amor é uma maravilhosa obra de arte.

Leia Felicidade clandestina para ter acesso a contos como O ovo e a galinha, Menino a bico de pena e Restos do carnaval. Estas pérolas literárias te darão uma experiência única e memorável.

15. Mia Couto's Terra Sonâmbula

Terra sonambula

Terra Sonâmbula de Mia Couto é considerado um dos melhores livros africanos do século XX. Esta obra é a mais consagrada do escritor moçambicano e conta com o reconhecimento de muitos leitores.

Em 2013, o autor foi laureado com o Prêmio Camões, o mais relevante reconhecimento da literatura de língua portuguesa.

Lançado em 1992, Terra Sonambula possui 11 capítulos que remetem ao estilo literário do consagrado Guimarães Rosa. O livro é repleto de poesia e possui uma profunda ligação com a terra natal do autor.

O título Sonâmbula faz uma referência às fortes lutas e às difíceis condições sociais e políticas pelas quais Moçambique passou durante seu conflito civil (1977-1992). Esta escolha de palavra é uma forma de evidenciar como o país não teve paz durante todos esses anos.

Muidinga e Tuahir são os protagonistas de uma história que mistura sonho e realidade. Após a guerra, o primeiro personagem perdeu a memória e o segundo se apresentou como um sábio velho, que passou a guiá-lo.

Com sua prosa regionalista, com linguagem local e lendas e mitos regionais, o romance te levará a horizontes que você nunca imaginaria existirem.

16. A Poesia de Paulo Leminski

Toda poesia, de Paulo Leminski

Lançado em 2013, Toda poesia, do autor brasileiro Paulo Leminski, apresenta a vasta produção poética do escritor em um único volume.

Quem é fã de poesia ou se interessa por versos deve ler este título, que é considerado uma das maiores antologias já publicadas no Brasil.

Neste livro, estão presentes os poemas mais conhecidos do grande público, como "Incenso fosse música". Esta obra contém versos poéticos que encantam e inspiram o leitor.

isso de querer

ser exatamente aquilo

que a gente é

ainda vai

nos levar além

Muitos textos que pareciam ter sido esquecidos ao longo do tempo foram recuperados nas publicações de tiragem limitada.

A poesia de Leminski é muito informal, com uma forte dose de humor e descompromisso. Seus versos podem acompanhar, de forma poética, alguns dos momentos mais relevantes de nossas existências e devem ser comemorados e compartilhados com aqueles que mais amamos.

17. O Fim de Fernanda Torres

" "Adaptando-se às Mudanças

Com Fim, lançado em 2013, Fernanda Torres despertou o interesse público ao escrever seu primeiro romance. Inspirado na vida de cinco amigos idosos de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, o livro mostra todo o humor inerente característico da autora.

Os amigos reunidos caminham para a morte, mas antes de se despedirem relembram momentos marcantes da vida. O amor que conquistaram, as traições, as aventuras da juventude... tudo relembrado com uma mistura de saudade e de humor.

Apesar de abordar o fim da vida, Fim não é um romance trágico. Ao invés disso, ele busca encontrar beleza nos vários momentos vivenciados ao longo da existência.

Mostramos ao leitor um exemplo para evidenciar o bom humor que pode ser encontrado durante a leitura: “Álvaro disse: 'Foi incrível!'.

Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada portuguesa. Maldito d. Manuel I e sua corja de tenentes Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular socados à mão. À mão! É claro que ia soltar, ninguém reparou que ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar de Copacabana. De que me servem as ondas do mar de Copacabana? Me deem chão liso, sem protuberâncias calcárias. Mosaico estúpido. Mania de mosaico. Joga concreto em cima e aplaina. Buraco, cratera, pedra solta, bueiro-bomba. Depois dos setenta a vida se transforma numa interminável corrida de obstáculos.

Ouça o trecho de Fim, lendo Fernanda Torres: "Fim".

18. Olhar de José Luís Peixoto, Ausente

Nenhum olhar

Se você é apaixonado por romances, não pode deixar de adicionar à sua lista de leitura Nenhum olhar, do autor português José Luís Peixoto, vencedor do Prêmio José Saramago, de 2018. Esta obra é um verdadeiro clássico e não pode ficar de fora do seu acervo!

No interior de Portugal, mais precisamente na aldeia do Alentejo, a história tem um toque poético.

A linguagem que é usada tem uma profunda lirismo e ternura.

O ar queima, como se fosse um bafo quente de lume, e não ar simples de respirar, como se a tarde não quisesse já morrer e começasse aqui a hora do calor. Não há nuvens, há riscos brancos, muito finos, desfiados de nuvens. E o céu, daqui, parece fresco, parece a água limpa de um açude. Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente não ande debaixo do céu mas em cima dele; talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu.

Nesse universo triste e fantasioso, personagens reais e criaturas alegóricas se encontram em meio à extrema pobreza. O lugar está repleto de silêncios e mistérios, criando um ambiente cheio de suspense.

19. A Casa de Tatiana Salem Levy: Uma Chave para o Futuro

A chave de casa

Tatiana Salem Levy recebeu o Prêmio Portugal Telecom por seu romance de 2007. Profundamente autobiográfico, a obra é uma busca pelas suas raízes ancestrais.

Escrevo sem poder escrever e: por isso escrevo. De resto, não saberia o que fazer com este corpo que, desde a sua chegada ao mundo, não consegue sair do lugar. Porque eu já nasci velha, numa cadeira de rodas, com as pernas enguiçadas, os braços ressequidos. Nasci com cheiro de terra úmida, o bafo de tempos antigos sobre o meu dorso.

Tatiana é a protagonista de uma narrativa que tem como início uma tradição dos judeus sefarditas: a de guardar a chave de uma casa que precisou ser abandonada. Ela herdou uma chave de casa do avô, um imigrante que saiu de Esmirna, na Turquia, e veio para o Brasil.

A jovem recebeu uma missão: reencontrar a casa e os parentes que ficaram para trás e recuperar parte da história da família.

A protagonista de A Chave de Casa busca em sua jornada tanto seu exterior - a casa, a família e as raízes - quanto seu interior, onde tenta impor algum tipo de ordem ao caos dentro de si.

20. A Obra de José Saramago: Caim

Caim José Saramago

O premiado José Saramago tem um dos seus livros mais bem humorados, Caim, de 2009. O romance breve foi laureado com o Nobel e Saramago usou desta obra para se debruçar sobre um episódio específico da Bíblia.

Nascido em um ambiente português católico e conservador, Saramago aborda a religião de modo provocativo e reinterpreta a história de Caim, que tanto ouviu durante a sua infância, dando-lhe uma nova perspectiva.

Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a Adão e Eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta

Muitos fiéis veem o romance de Saramago como uma heresia, mas para os leitores não religiosos, ele oferece uma leitura divertida, irônica e até zombeteira.

21. A Personagem Elizabeth Costello em J de J.M. Coetzee

Elizabeth Costello

O livro intitulado “Elizabeth Costello”, escrito pelo sul-africano J. M. Coetzee e publicado em 2004, tem por protagonista uma intelectual e romancista australiana repleta de ideologia.

Elizabeth Costello é uma escritora, nascida em 1928, o que lhe dá sessenta e seis anos de idade, quase sessenta e sete. Escreveu nove romances, dois livros de poemas, um livro sobre a vida dos pássaros e um corpo de trabalhos jornalísticos. É, por nascimento, australiana. Nasceu em Melbourne, onde ainda mora, embora tenha passado os anos de 1951 a 1963 no exterior, na Inglaterra e na França. Casou-se duas vezes. Tem dois filhos, um de cada

casamento.

Ela, defensora dos animais, dá palestras por todo o mundo. A obra de Coetzee não é, propriamente, um romance, mas sim, um conjunto de palestras proferidas pela intelectual, acompanhadas de alguns detalhes de sua vida pessoal, narrados pelo filho e com um tom ficcional.

Muitos críticos consideram Elizabeth Costello como um alter ego de Coetzee, uma personagem que o autor tem acompanhado por livros anteriores.

Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).