Conhecendo a Obra de Rachel de Queiroz


Escrito por Carolina Marcello

Rachel de Queiroz (1910 — 2003) foi uma prolífica jornalista, escritora e tradutora brasileira, com uma produção literária que se estendeu desde romances e crônicas até peças de teatro e histórias infanto-juvenis. Ela ficou mais conhecida por seus romances e crônicas.

A nordestina foi a pioneira do movimento modernista: foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e também a primeira a conquistar o Prêmio Camões.

1. A Década de 1930: O Quinze

O Quinze (1930)

Rachel nasceu em Fortaleza, mas devido uma seca devastadora, sua família foi obrigada a se mudar por alguns anos. Desde jovem, ela reconheceu as desigualdades sociais existentes e optou por lutar pelo Partido Comunista Brasileiro. Assim, iniciou sua carreira política.

Aos dezenove anos, ela escreveu O Quinze, seu primeiro romance, enquanto recuperava de uma doença pulmonar em 1930. Esta obra expõe as duras condições de pobreza e a fome sofrida pelo povo nordestino durante a seca de 1915.

Acompanhando o destino do vaqueiro Chico Bento e sua família, a obra da escritora que adquiriu notoriedade é de temática regionalista. Nela, é possível perceber a paixão vivenciada entre os primos Conceição e Vicente.

2. A Lenda das Três Marias (1939)

As Três Marias (1939)

Em 1939, Queiroz foi forçada a abandonar seu país devido às suas ligações à esquerda nacional. Anteriormente, seus livros haviam sido queimados e proibidos pelo governo repressor. Portanto, ela partiu para o Rio de Janeiro.

Em 2020, foi lançado o romance As Três Marias, cujos protagonistas femininos foram inspirados nas estrelas que formam a conhecida constelação. São elas: Maria Augusta, Maria da Glória e Maria José.

As jovens se conheceram no internato de freiras e foram desenvolvendo grande amizade. Porém, quando partiram dali, cada uma seguiu caminhos completamente diferentes.

3. 1958: 100 Crônicas Selecionadas

100 Crônicas Escolhidas

Por décadas, a autora produziu trabalhos como jornalista e cronista, tendo publicado em diversos meios, dentre eles a revista O Cruzeiro e o jornal O Estado de S. Paulo.

Suas crônicas abordavam questões sociais, histórias do passado e a vida no Nordeste, além de temas artísticos e culturais da época.

Em 1958, a autora lançou uma coletânea de textos selecionados que veio a se chamar Um Alpendre, Uma Rede, Um Açude.

4. A Aventura de Dôra e Doralina (1975)

Dôra, Doralina (1975)

Com o passar do tempo, a posição política de Rachel de Queiroz sofreu mudanças. Depois de ter se afastado do Partido Comunista, a escritora passou a apoiar o golpe militar de 1964 e passou a fazer parte do Conselho Federal de Cultura.

Maria das Dores, protagonista da história de Dôra, Doralina, vive em uma fazenda no interior do Nordeste. Lá, ela precisa obedecer às severas regras da sua mãe. A jornada de descoberta e sacrifício de Maria começa quando ela decide se mudar, indo para Fortaleza e, depois, seguindo para o Rio de Janeiro.

Em 1977, o sucesso do romance de Rachel de Queiroz foi destacado pela sua inclusão na Academia Brasileira de Letras, na Cadeira 5. Isso representou um importante passo para as escritoras brasileiras. Mais tarde, em 1982, Dôra, Doralina foi adaptado para o cinema dirigido por Perry Salles.

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5. Lembrança de Maria Moura (1992)

Memorial de Maria Moura (1992)

Aos 82 anos, Rachel de Queiroz escreveu o clássico Memorial de Maria Moura, que foi posteriormente adaptado para a televisão pela Rede Globo, em 1994, ganhando o nome de uma minissérie com o mesmo título.

A narrativa do romance segue a história de uma mulher nordestina que acabou de perder sua mãe. Ela precisa travar uma batalha com os familiares para conseguir a herança de sua mãe: um sítio situado na Serra dos Padres.

Naquele ambiente marcado por perturbações e batalhas por território, a heroína inicia a condução de um grupo e desafia todas as normas de uma cultura que privilegia o machismo e o domínio masculino.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.