Análise e Resumo do Livro "A Moreninha" de Joaquim Manuel de Macedo


Escrito por Carolina Marcello

Considerado o primeiro romance romântico brasileiro de grande sucesso, Joaquim Manuel de Macedo publicou A Moreninha em 1844. A obra foi recebida com entusiasmo na altura do seu lançamento.

O enredo de Joaquim Manuel de Macedo segue os preceitos de um folhetim, apresentando um romance proibido, elementos cômicos e reviravoltas ao final.

Uma Visão Geral do Livro

Esperando o Feriado

Os quatro amigos estudantes de Medicina se reuniram para passar o feriado de Sant'Ana na misteriosa "ilha de ...". Este local foi o convite de Filipe, mas o nome da ilha nunca é revelado, sendo sempre referido como "a ilha de ...".

Os estudantes estão discutindo a respeito das mulheres que comparecerão no evento e a chance de criarem relacionamentos durante as festividades.

Augusto e Filipe fizeram uma aposta divertida: se Augusto conseguisse ficar mais de um mês sem mudar de paixão, ele teria que escrever um romance. Caso contrário, a responsabilidade de escrever um livro caberia a Filipe. Visto o histórico inconstante de Augusto, nenhum dos dois sabia o que o destino lhes reservava.

afirmo, meus senhores, que meu pensamento nunca se ocupou, não se ocupa, nem se há de ocupar de uma mesma moça quinze dias.

Explorando as Relações Locais

A ilha de ... foi o cenário de grande parte do romance. Nela, os quatro estudantes encontraram um grupo de cerca de vinte pessoas. Filipe, Augusto, Fabrício e Leopoldo se divertiram imensamente com a pequena sociedade formada na ilha. Entre os destaques, estavam as três belíssimas D. Carolina, Joaquina e Joana, que chamaram a atenção especial dos quatro.

Os quatro estudantes discutem sobre o amor durante as festividades e observam as garotas com mudanças de perspectivas. O livro retrata o romance entre Augusto e D. Carolina, a irmã de Filipe, que é uma garota sapeca de 13 anos. O enfoque principal do livro é este amor entre eles.

A História de Augusto e Carolina

Logo de início, Augusto não ficou lá muito contente com a presença de Carolina. Seus comportamentos infantis o desagradaram, e até seus traços lhe pareceram feios. Contudo, a alegria e vivacidade da menina começaram a conquistá-lo. Suas respostas inteligentes às provocações dele fizeram com que o estudante passasse a vê-la de outra forma.

se perderes, escreverás a história de tua derrota, e se ganhares, escreverei o triunfo da tua inconstância

A História de Fabrício e Joana

A paixão de Augusto e Carolina floresce enquanto um outro casal enfrenta problemas. Fabrício está em um relacionamento com Joana, cujas exigências começam a prejudicar financeiramente o estudante, exigindo que ele compareça a peças, bailes e envie cartas em papéis caros.

Fabrício ideou um plano para se separar da sua amada sem descumprir as promessas de amor que havia feito, porém, para isso, precisava de ajuda. Então, recorreu a Augusto, que não aprovou a ideia e se recusou a colaborar.

O jantar acaba provocando desavenças entre os amigos, e Fabrício decide usar isso como estratégia para derrotar o adversário. Ele revela às mulheres presentes os romances instáveis de Augusto, exceto para D. Carolina. Como consequência, Augusto se vê afastado por elas.

Augusto: Entre o Passado e o Futuro

Ao encontrar-se com a avó de Filipe na gruta, Augusto partilhou com ela as suas experiências amorosas desiludidas, bem como a memória do seu primeiro amor, vivenciado na infância, e que possui como recordação uma pequena esmeralda.

Durante essa breve história de amor, que durou apenas algumas horas, ele prometeu se casar com a jovem amada. Contudo, ele não sabia nada sobre ela, nem mesmo o seu nome.

O fim de semana na ilha marcou o início do amor entre Augusto e Carolina. A partir daí, ele visitava a garota todos os domingos, e assim um sentimento cada vez mais forte começou a crescer no coração de Augusto.

Augusto está desmotivado para seguir estudando, devido a sua recente paixão. O pai dele, ciente desta interferência, proíbe que saia para que possa voltar a se dedicar à faculdade. Essa medida tem um efeito contrário, pois leva o estudante a adoecer. Carolina, por sua vez, se sente triste com a impossibilidade de ver o amado.

Os nossos amantes acabavam de chegar ao sentimental e, com o seu sentimentalismo, estavam azedando a vida dos que lhes queriam bem.

A União de Augusto e Carolina

Com a intervenção de Filipe, o pai de Augusto aceita o casamento. Depois de uma curta conversa entre a avó de Filipe e o pai de Augusto, o casamento foi oficialmente acordado. Agora, é necessário que Augusto e Filipe formalizem o casamento.

Ao se encontrarem na gruta onde Augusto havia passado algum tempo com a avó de Carolina, ela revela ter escutado a história dele e protesta contra o casamento, pois ele havia prometido a si mesmo que se casaria com aquela menina que conhecera anos antes.

Augusto afirma o seu amor eterno por Carolina e lamenta não ter ido atrás dela para pedir desculpas, pois ela é o amor da sua vida.

Ao retirar o camafeu que Augusto tinha dado à sua antiga paixão, a situação se resolve. Ao descobrir que a menina que ele conhecera há muitos anos era Carolina, seu coração se aqueceu com a lembrança.

Augusto contou sua história de amor ao escrever o romance intitulado A Moreninha.

A Moreninha

  • Idealização do amor puro e que resiste ao tempo;
  • Retrato dos costumes, hábitos e locais da época;
  • Leitura atraente e agradável;
  • Uso de linguagem coloquial.

Explorando a História

O escritor Joaquim Manuel de Macedo escreveu romances de costume ambientados no Rio de Janeiro no século XIX, misturando realismo espontâneo e elementos folhetinescos para agradar ao público leitor da época.

Joaquim Manuel de Macedo fazia parte da equipe da revista Guanabara, que foi publicada entre 1849 e 1855, ao lado de Gonçalves Dias e Araujo Porto-Alegre.

A revista teve um papel determinante no desenvolvimento da literatura brasileira, pois marcou o início do movimento romântico e contribuiu para a consolidação da independência nacional.

O Amor no Romantismo

Durante a metade do século XIX, o Rio de Janeiro foi a capital do Império e a Corte o local ideal para os relacionamentos, que estavam em expansão devido ao crescimento da burguesia carioca. O Romantismo também era um ideal de vida e amor para os jovens.

Naquela época, a burguesia definia a classe dominante e os relacionamentos não se limitavam mais ao amor. O dinheiro e os casamentos se tornaram partes importantes nesses laços. O romance conseguiu captar bem essa visão inovadora sobre o amor.

Consultei com meus botões como devia principiar e concluí que para portar-me romanticamente deveria namorar alguma moça que estivesse na quarta ordem

Na aristocracia clássica, os casamentos eram arranjados como forma de estabelecer alianças políticas e os pais eram quem costumavam selecionar os parceiros dos filhos. Contudo, no romance romântico, típico do contexto burguês, os filhos tinham maior autonomia para escolher os seus parceiros, mesmo havendo interesses envolvidos.

No romance, é retratada a situação de mulheres que mantinham relacionamentos com diversos namorados ao mesmo tempo. Elas buscavam garantir o casamento, então quanto mais opções tivessem, maior era a chance de conseguirem.

O Romance Romântico Brasileiro de Estreia

Consagrado como o primeiro romance romântico brasileiro, o livro de Joaquim Manuel de Macedo é marcado pela fórmula novelesca que se repete ao longo de toda a sua extensa obra.

O amor proibido e a linguagem coloquial com cenas cômicas são elementos presentes em todas as composições de sua autoria. Um romance não alcançado de forma fácil é um tema recorrente.

Mas a desordem é hoje a moda! O bel está no desconcerto; o sublime no que se não entende; o feio é só o que podemos compreender: isto é romântico

Usando a fórmula romanesca europeia, o maior mérito do escritor foi retratar as situações, classes e ambientes nacionais.

O romance se passa em uma ilha paradisíaca localizada não muito longe do Rio de Janeiro. As complexidades das relações e os hábitos da alta sociedade carioca são abordados durante a trama.

A Ilha da Aventura Romântica

A localização geográfica da trama do romance é uma ilha, cujo nome é referido como "...". No entanto, a descrição e outras informações contidas no livro apontam para o fato de que a ilha é, na verdade, Paquetá.

O romance de Joaquim Manuel de Macedo foi tão bem recebido que contribuiu para o aumento do número de visitantes à ilha de Paquetá. O sucesso do livro serviu como uma forma de divulgação do local, tanto que uma de suas praias foi renomeada como Moreninha, em homenagem ao escritor. A importância do livro e do seu autor para a ilha é ímpar.

Ilha de Paquetá em 1909

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Se você quiser desfrutar da obra prima de Joaquim Manuel de Macedo lendo em voz alta, basta apertar o play.

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Transformando para o Cinema

Lançado em 1970, o filme "A Moreninha" foi dirigido por Glauco Mirko Laurelli.

Sônia Braga deu vida à moreninha, David Cardoso foi responsável por Augusto e Nilson Condé interpretou Filipe.

Adaptação para o Meio Televisivo

Em outubro de 1975, A Moreninha foi ao ar pela primeira vez, sendo exibida como telenovela no horário das 18h pela Rede Globo.

Marcos Rey assinou a adaptação do livro para a TV, com Nívea Maria no papel da protagonista Carolina, a moreninha. Henriqueta Brieba foi escolhida para representar a avó Ana, enquanto Mario Cardoso interpretou o par romântico Augusto.

A respeito do autor

Durante os últimos anos de Medicina, Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) escreveu o romance A Moreninha.

Ele nunca seguiu a carreira de médico, mas optou por exercer as profissões de romancista, dramaturgo, cronista e poeta.

O autor conseguiu atingir o feito de se tornar popular por meio da escrita e tornou-se um dos escritores mais lidos do Brasil.

Retrato de Joaquim Manuel de Macedo.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.