Evolução da Dança ao Longo dos Anos


Escrito por Laura Aidar

A dança é um meio de expressão artística, bem como um meio divertido para a interação social. Ela permite a expressão criativa através dos movimentos corporais, proporcionando um meio de comunicação eficaz e divertido.

A dança é uma forma de expressar arte que, em alguns casos, contribui para a preservação de valores culturais de um determinado povo. Além disso, a dança pode ser usada como meio de expressão para traduzir uma enorme variedade de emoções e sentimentos.

Dançando na Pré-História: A Origem da Dança Primitiva

Desde as civilizações primitivas, a dança foi parte da linguagem gestual usada para se comunicar. Esta foi uma das primeiras formas de expressão humana, precedendo até mesmo a capacidade do uso da fala.

As pinturas rupestres deixadas por civilizações antigas são um indício dos primórdios da dança. Algumas delas mostram grupos de pessoas se movimentando ao ritmo da música.

pintura rupestre exibindo dança primitiva

É comum acreditar que o surgimento da dança foi acompanhado pelas primeiras manifestações musicais. Embora sejam duas atividades que podem ser praticadas independentemente, a dança e a música são, na verdade, linguagens que se complementam.

O barulho da natureza, aplausos, batidas do coração e outros som, motivaram homens e mulheres pré-históricos a se movimentarem com o intuito de comunicação, expressão e espiritualidade.

Danças Antigas Milenares

Antes de o cristianismo se tornar a religião dominante no Ocidente e condenar a dança como algo profano, ela era considerada sagrada pelos antigos povos.

A dança teve grande importância nas civilizações Mesopotâmica, Indianas, Egípicas e Gregas, sendo usada como uma forma de celebrar a existência de divindades. Geralmente, era praticada durante rituais religiosos.

A arte grega e a egípcia possuem pinturas que retratam cenas de dança.

pintura egípcia exibindo mulher em posição acrobática

A Dança na Europa Medieval (séculos V ao XV)

Durante a Idade Média, a Igreja Católica tinha grande influência na sociedade. Um senso moral rigoroso foi imposto e a dança foi vista como algo profano devido ao uso do corpo, sendo relacionada com o pagão e o herético.

Apesar disso, os camponeses não abandonaram as coreografias em celebrações populares, comumente em grupos.

Nas festas que ocorriam nos castelos, a dança foi historicamente praticada. Eventualmente, isso deu origem às danças de corte, que ainda são realizadas até hoje.

quadro representando dança grupal de camponeses na Idade Média

A Dança durante o Renascimento (séculos XVI e XVII)

Durante o Renascimento, a dança começou a ter maior destaque artístico. Antes rejeitada como algo herético, ela passou a ser reconhecida pela nobreza como um símbolo de status social.

Com o tempo, a dança se tornou mais sistematizada, resultando no surgimento de profissionais especializados. Isso incentivou a formação de grupos de pesquisadores que buscaram criar passos e gestos padronizados, culminando na invenção do balé.

A dança de balleto, originária da Itália, ganhou popularidade em outras partes do mundo, com destaque para a França no século XVI.

Naquele contexto, também eram utilizadas outras linguagens, como o canto, a poesia e a orquestra, para acompanhar a dança.

No século seguinte, a dança evoluiu e deixou os salões de baile para ser apresentada em palcos. Com isso, os espetáculos de dança passaram a ser realizados.

Na França, a dança foi estabelecida com firmeza, principalmente na corte do rei Luís XIV. O monarca se aprofundou e se tornou bailarino.

Após uma atuação muito impactante durante o Ballet de la Nuit, seu apelido de "Rei-Sol" foi criado, devido à roupa extravagante e brilhante que o representava como o rei dos astros.

representação do rei Luis XIV trajando roupa de sol

Romantismo e a Dança nos Séculos XVIII e XIX

No final do século XVIII, o balé ganhou força com a chegada do Romantismo, tornando-se uma das principais expressões artísticas desta época. Com seu sentimento idealista, seus sonhos e sua tendência a "fugir da realidade" característicos do romantismo, o balé passou a ser sinônimo de poesia e poética, transmitindo emoções intensas.

As roupas usadas nos balés românticos contribuem para criar a atmosfera mágica e encantadora. Vestidos de tule até a panturrilha, sapatilhas de ponta e cabelos presos em coques são as principais peças usadas pelas bailarinas.

Giselle (ou Les Willis), apresentado pela primeira vez pela Ópera Nacional de Paris em 1840, foi um dos mais notáveis espetáculos da época.

Giselle, uma camponesa, é protagonista da dança. Ela se apaixona por um homem, mas descobre tarde demais que ele já era comprometido. Esta história é acompanhada por uma forte presença de espíritos de jovens mulheres que não tiveram oportunidade de se casar.

Giselle, interpretada pela bailarina russa Natalia Osipova, no Royal Opera House foi o primeiro balé a ser encenado com o uso de sapatilhas de ponta. Estas sapatilhas possibilitaram aos bailarinos a sensação de levitação no palco.

Em diversas partes do planeta, haviam várias expressões de dança. É importante salientar isso.

Na metade do século XIX, o samba, ritmo musical e dança com forte influência africana, começou a surgir entre a população negra escravizada no Brasil.

Dança Moderna nos Anos 1900-1950

Durante o início do século XX, a arte moderna começou a progredir, instaurando uma nova perspectiva sobre o campo da criação artística. Com isto, a dança moderna também começou a surgir nos Estados Unidos e na Europa.

A fim de explorar as inquietações e emoções humanas, a dança moderna surgiu como uma alternativa à rigidez da dança clássica. Nessa busca por mais fluidez e expressão livre, diversas técnicas foram desenvolvidas.

Na dança moderna, o centro corporal é usado como eixo, gerando torções e desencaixes. Além disso, há também a exploração de movimentos de queda, agachados ou deitados, o que ocorria antes. Desta forma, o leque de possibilidades é vasto.

A Isadora Duncan (1877-1927), norte-americana, foi uma das principais responsáveis por estabelecer e valorizar a dança moderna. Considerada uma precursora da dança contemporânea, ela contribuiu significativamente para o campo da arte da dança.

retrato de Isadora Duncan em pose de dança com vestido esvoaçante

Isadora revolucionou a arte do movimento ao aproximar gestos mais flexíveis e carregados de emoção. Para isso, deixou de lado a rigidez dos trajes do balé clássico, optando por vestimentas leves e esvoaçantes e pela liberdade dos pés descalços.

Atualmente, o legado de Isadora Duncan ainda é apreciado por meio das interpretações de suas coreografias por dançarinas como Tamara Rojo. Por exemplo, quando ela realizou o solo Cinco Valsas de Brahms à Maneira de Isadora Duncan.

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A Evolução da Dança Contemporânea desde meados do século XX

Atualmente conhecida como dança contemporânea, esta manifestação da arte reflete influências de diversas origens, surgindo por volta da década de 60. Semelhante às demais artes contemporâneas, a dança contemporânea apresenta variadas referências e inspirações.

O Judson Dance Theater, um coletivo formado por dançarinos, artistas visuais e músicos, originou a dança contemporânea. Esta inovação na cena de dança de Nova York foi decisiva para o desenvolvimento da linguagem da dança que viria a seguir.

integrantes de grupo de dança realizam performance. foto em preto e branco

No Brasil, a linguagem do hip hop é comumente desenvolvida com técnicas como a floor work. Nesta abordagem, os artistas exploram os movimentos em um nível baixo, utilizando o chão como suporte. Embora não exista apenas um jeito de desempenhar a linguagem, essa técnica é muito usada.

A dança contemporânea é notável por seu foco na consciência corporal e na valorização da criatividade e improvisação. Ela se afasta das técnicas clássicas e abre caminho para novas possibilidades artísticas, oferecendo oportunidades de expressar algo que vai além dos aspectos técnicos.

Deborah Colker é uma renomada dançarina e coreógrafa brasileira que tem reconhecimento internacionalmente. Em 1994, a artista fundou a Cia de Dança Deborah Colker, tendo sua primeira apresentação. Suas coreografias provocam e desafiam a gravidade, pois trabalham o equilíbrio e a confiança em equipe.

O Grupo Corpo, uma das mais renomadas companhias de dança contemporânea brasileira, foi fundado em Minas Gerais em 1975. Ao longo dos anos, o grupo vem desenvolvendo um trabalho meticuloso de coreografia aliada à música, geralmente a música popular brasileira.

Em 2017, a companhia apresentou o espetáculo Gira, cuja trilha sonora foi composta pela banda Metá Metá. O tema abordado neste era relacionado à Exu, entidade pertencente ao candomblé. Por isso, o nome "gira", que se refere tanto ao movimento corporal quanto ao ritual de matriz africana.

Veja a reportagem do Canal Curta que traz trechos e informações sobre o espetáculo. Descubra o contexto e os detalhes desta peça!

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.