Análise Detalhada do Filme Escritores da Liberdade


Escrito por Rebeca Fuks

O filme Escritores da Liberdade foi lançado em agosto de 2007 e, baseado em fatos reais, foi um sucesso tanto com o público quanto com a crítica.

A narrativa destaca a importância de se estabelecer laços sociais em sala de aula.

Escrito por Richard Lavagranese e Erin Gruwell, o roteiro trata dos desafios da professora recém-formada Erin Gruwell com seus alunos indisciplinados e a oportunidade de mudança através da educação.

Baseado no best-seller The Freedom Writers Diaries, o filme conta a história de uma professora e de seus alunos, retratada através dos relatos contidos no livro.

Atenção! O texto que se segue contém spoilers.

Sumário

Erin Gruwell é a protagonista da comédia dramática ambientada em um subúrbio norte-americano com problemas.

Erin, uma docente recém formada, leciona aos alunos do primeiro ano do Ensino Médio as disciplinas de Inglês e Literatura. Ela trabalha em uma escola da periferia de Long Beach, na Califórnia (Los Angeles).

A professora tem um grande desafio à sua frente: muitos dos alunos com quem se depara possuem problemas relacionados à violência, descrença, desobediência, desmotivação e infelizmente também aos conflitos raciais.

A maioria dos alunos da sala de aula vêm de famílias desestruturadas, tendo sido vítimas de abandono e descaso. É comum que eles se agrupem de acordo com as suas raças: os negros interagem somente com os negros, os latinos, com os latinos e os brancos, com os brancos.

Logo na primeira aula, ela percebeu o desafio que enfrentaria. Os alunos estavam descontrolados, não respeitando a sua presença, agindo violentamente uns com os outros e desprezando o material escolar.

Os alunos estão com uma postura que chamou atenção da professora. Ela fica simultaneamente perplexa e sem reação diante daquilo que observa. A cena registra bem o impacto da postura dos alunos na atitude da docente.

Erin rapidamente percebeu que o que ela havia planejado para seus alunos não foi bem recebido. Com os adolescentes cada vez menos interessados nos estudos, ela teve que rever sua metodologia de ensino.

Inspirada pela profissão e motivada por encontrar formas de encantar seus alunos, Gruwell busca alternativas. Gradualmente, os jovens começam a se aproximar dela e a chamá-la carinhosamente de “Professora G”.

Erin enfrenta um desafio duplo: vencer os obstáculos presentes no ambiente escolar e lidar com o marido pouco compreensivo e com a diretora do colégio, que se mostra reticente às atividades propostas.

A professora sugeriu alterações curriculares para aproximar os alunos por meio da música, do diálogo e dos jogos. Gruwell queria modificar a relação hierárquica entre professor e aluno.

Gruwell está satisfeita com o progresso que tem visto no dia-a-dia e decide fazer mais para investigar a vida privada dos alunos.

À medida que a professora conquista a confiança dos alunos, esses vão relatando as suas próprias vivências, as violências que estão presentes no seu cotidiano e os conflitos familiares presentes em quase todas as famílias.

Gruwell propôs um projeto que incentivou seus alunos a escreverem seus diários com liberdade. O objetivo era que eles documentassem suas experiências cotidianas, como suas interações com a família e os amigos, suas crenças pessoais e livros que leem, leram ou gostariam de ler.

A professora Erin usou o exemplo de Anne Frank e do seu diário para mostrar aos jovens que o preconceito pode ultrapassar qualquer fronteira e afetar pessoas de todos os grupos sociais, sejam elas de pele clara ou escura, de religião judaica ou cristã, ou ainda de qualquer classe social.

A professora começou sua aula sobre a segunda guerra mundial levando os alunos a conhecerem o Museu do Holocausto. Uma curiosidade interessante foi vista no filme em que os alunos estavam jantando no hotel após o passeio no museu. Os personagens que apareceram ali eram, de fato, sobreviventes dos campos de concentração que tinham aceitado participar do filme.

Em um dos seus discursos mais emocionantes, Erin enfatizou a questão do preconceito e destacou a relevância de lidarmos com os legados do passado que recebemos.

A tarefa da educação é justamente a de apresentar o mundo as gerações do presente, tentando fazê-las conscientes de que comparecem a um mundo que é o lar comum de múltiplas gerações humanas. Ao conscientizá-los do mundo a que vieram, estas deverão compreender a importância de sua relação e ligação com as outras gerações, passadas e vindouras. Tal relação se dará, primeiro, no sentido de preservar o tesouro das gerações passadas, isto é, no sentido de a geração do presente tomar o cuidado de trazer a esse mundo sua novidade sem que isso implique a alteração, até o irreconhecimento, do próprio mundo, da construção coletiva do passado.

A verdadeira Erin Gruwell (na primeira fila, vestida com camisa rosa) e seus alunos.

A verdadeira Erin Gruwell (na primeira fila, vestida com camisa rosa) e seus alunos.

Principais Personagens

Hilary Swank como Erin Gruwell

Erin, uma professora jovem e dedicada, foi confrontada com a difícil tarefa de atrair a atenção de seus alunos. Embora inicialmente desafiadora, ela não desanimou e passou a explorar novas metodologias de ensino. Após um tempo, ela conquistou a confiança de seus alunos e o respeito deles pela sala de aula e pela comunidade em geral.

Ator Patrick Dempsey como Scott Casey

Scott Casey, marido de Erin, é testemunha das dificuldades enfrentadas pela professora na escola. Ele não está satisfeito com isso.

Imelda Staunton como Margaret Campbell

A diretora conservadora da escola se opõe à revolução silenciosa liderada por Erin Gruwell.

April L. Hernandez como Eva

Uma adolescente latina, vivendo em meio às gangues, tem sido desafiadora na escola, pois não se comporta de acordo com os padrões esperados, mostrando-se sempre aberta a conflitos.

Erin Gruwell e a Fundação Freedom Writers: A Verdadeira História

Erin Gruwell, nascida na Califórnia no dia 15 de agosto de 1969, inspirou a protagonista do filme Escritores da Liberdade. Ela é uma professora norte-americana.

Em 1999, Erin publicou o best seller The Freedom Writers Diary: How a Teacher and 150 Teens Used Writing to Change Themselves and the World Around Them, um livro autobiográfico. Sete anos depois, sua história foi adaptada para o cinema.

Em 1998, Gruwell fundou a Freedom Writers Foundation, cujo objetivo é compartilhar suas experiências em sala de aula adquiridas ao trabalhar com alunos que possuem problemas comportamentais.

A Fundação tem como objetivo apoiar alunos e professores, fornecendo recursos que possibilitam um ensino centrado no aluno, melhorando a performance educacional global e incentivando os professores a manterem-se no cargo.

Erin Gruwell

Informações Técnicas

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Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).