"Dançarina" de Cecília Meireles


Escrito por Rebeca Fuks

Cecília Meireles é uma das autoras mais aclamadas entre as crianças. Ela escreveu muitos poemas divertidos para incentivar o amor pela leitura.

"A Bailarina" é uma das mais célebres e intemporais composições. Conheça mais sobre ela e a sua análise detalhada logo abaixo:

A BAILARINA

Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré

mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá

Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,

mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar

e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu

e diz que caiu do céu.

Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,

e também quer dormir como as outras crianças.

Exploração do Significado do Poema

Neste poema da autora, a imagem de uma criança pequena dançando é capturada, sendo observada por um sujeito. Uma parte da produção lírica infantil faz referência a essa cena.

Sem ter qualquer conhecimento sobre notas musicais ou teoria, a menina expressa-se de forma quase intuitiva. Ao longo da melodia, ela desliza sobre os pés, inclina-se e gira em círculos. Estes movimentos demonstram o seu talento e alegria em dançar.

Ao dançar, a criança se esbalda de alegria e permite que a sua imaginação voasse como uma estrela.

A criança nutre o sonho de crescer e se tornar uma bailarina. Esse desejo é expressado na primeira e na sexta estrofe, mostrando que é algo que ela deseja verdadeiramente.

A garotinha dança inteiramente no seu próprio mundo, emprestando horas para se preparar para o futuro. Apesar de a alegria da dança, cansar, a hora de descansar é indispensável para ela, assim como para todas as outras crianças.

Em seu livro Ou isto ou aquilo (1964), Cecília Meireles lançou algumas composições que aparentam ter se originado na tradição popular brasileira e no folclore nacional.

A intenção por trás dos poemas infantis não é passar moralidades ou ensinamentos, mas sim prestar atenção às sonoridades e utilizar rimas e repetições para torná-los mais agradáveis.

O foco está em incentivar a memória e tratar a poesia como um divertido exercício que une sons, palavras e imagens.

Ouça Paulo Autran declamar o poema.

A Poesia de Cecília Meireles

A incomparável Cecília Meireles (1901 – 1964) foi uma mulher de grande talento e habilidades diversas, tendo desempenhado funções como escritora, poeta, jornalista, professora e artista visual.

A autora iniciou sua carreira literária em 1919. Pouco tempo após, ela começou a escrever para o público infantil, tendo Criança, Meu Amor (1925) como seu primeiro livro nesta área.

A poesia foi uma das características mais marcantes do caminho dele.

Retrato de Cecilia Meireles

Cecília era extremamente qualificada como professora, autora e mãe de três filhos. Ela possuía um profundo conhecimento a respeito da literatura e da educação.

A autora tinha o dom de conquistar os leitores mirins com recursos como humor, jogos de palavras e situações do dia a dia. Sua poesia era tão envolvente que fazia os pequenos se apaixonarem, a cada leitura.

O poema em análise é integrante de "Ou isto ou aquilo" (1964), obra da carioca que também publicou grandes clássicos infantis como "Giroflê, Giroflá" (1956).

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Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).