A Lenda da Bela Adormecida: Uma Visão Geral e Adaptações Alternativas


Escrito por Laura Aidar

Bela Adormecida é um dos contos de fadas mais conhecidos de todos os tempos. Esta narrativa se originou na tradição popular e relata o destino de uma princesa recém-nascida que é maldiçoada.

Com um sentimento de ofensa, uma bruxa apareceu na festa de batismo da menina e ameaçou que ela seria picada por um fuso de tear e cairia em um sono profundo, que seria comparado à morte.

Mesmo com os esforços dos pais para manter a princesa longe de algum mal, a maldição se cumpriu e ela caiu no sono profundo. Todavia, só o amor sincero e puro é que pode desfazer essa magia e devolvê-la à vida.

Conto da Bela Adormecida: Uma Narrativa Completa

Bela Adormecida por John William Waterhouse

Era uma vez um rei e uma rainha que desejavam muito ter filhos. O nascimento de uma menina trouxe uma enorme alegria às suas vidas e, por isso, resolveram fazer uma festa para comemorar. Eles convidaram todas as fadas da região, para que pudessem conhecer e abençoar a pequena princesa no seu batismo.

Todos estavam sentados para jantar, quando a porta se abriu e dela surgiu uma velha bruxa que não tinha sido convidada. O rei ordenou que colocassem mais um prato na mesa, mas uma das fadas desconfiou daquela visita e resolveu se esconder.

Depois da refeição, as fadas se aproximaram da garotinha, uma de cada vez, e foram entregando as suas bênçãos: seria bonita, meiga, com talento para o canto, a música e a dança. Até que a bruxa, que estava no final da fila, declarou: "Quando completar dezasseis anos, vai ferir o dedo num fuso e morrerá!".

O salão foi invadido por uma onda de choque, com gritos e choros por todo lado. Aí, a fada que estava escondida se revelou, mostrando que ainda faltava o seu presente. Sem poderes suficientes para desfazer a maldição, a fada conseguiu alterá-la: "Ela não vai morrer, mas cair num sono que durará cem anos. Após esse tempo, o filho de um rei aparecerá para acordá-la".

O pais da princesa mandaram destruir todos os fusos, para evitar que a desgraça acontecesse. Até que um dia, quando completou dezesseis anos, a jovem encontrou uma velhinha que estava fiando no topo de uma torre e pediu para experimentar. Logo ela se feriu no dedo e caiu num profundo sono.

Uma das fadas se compadeceu e agitou sua varinha de condão, fazendo com que todos do reino adormecessem também. Com o tempo, o local começou a ser cercado por uma floresta escura e repleta de espinhos que ninguém ousava atravessar.

Um século mais tarde, um príncipe passava na região e ficou intrigado por aquele bosque. Um homem que ia na estrada contou a antiga lenda que tinha ouvido pai, sobre uma princesa que dormia do outro lado, eternamente amaldiçoada.

Para descobrir se a história era verdade, ele cruzou todos os espinhos e descobriu o reino adormecido. Chegando lá, ele viu a bela princesa que dormia numa cama de ouro. Apaixonado no mesmo segundo, ele se ajoelhou e beijou os seus lábios.

Foi aí que moça acordou e disse: "É você, meu príncipe? Eu te esperei por muito tempo!". Graças ao amor dos dois, todos voltaram à vida; no dia seguinte, o príncipe e a princesa celebraram o seu casamento.

(Adaptação do conto dos irmãos Grimm)

O tema central deste conto é a dualidade da magia. Enquanto as fadas madrinhas usam seus poderes para garantir uma vida feliz para a menina, a bruxa escolhe usar sua magia para prejudicá-la. A moral da história é que a magia pode ser usada para fins benéficos ou maléficos, dependendo das intenções de quem a utiliza.

O amor é mais forte que qualquer adversidade. Esta mensagem sábia está presente na visão mais romântica de mundo - onde um coração apaixonado e determinado vence, mesmo diante dos maiores desafios.

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A Origem da Lenda da Bela Adormecida

A história da Bela Adormecida, que se originou na tradição oral europeia, tem sido contada de geração para geração, ao longo dos séculos, em diversas partes do mundo.

Muitas partes do enredo resistiram à passagem do tempo, mas alguns detalhes foram modificados de acordo com a versão, origem e influência que se procurou.

Adaptação de Basile

Livro Pentamerão de Basile

Giambattista Basile, um napolitano, publicou a primeira versão do conto "Chapeuzinho Vermelho" em 1634 na obra O Conto dos Contos. Esta obra incluía diversas fábulas e contos populares da região.

A narrativa intitulada "Sol, Lua e Tália" difere muito da versão conhecida atualmente. A princesa chamada Tália é vítima de abuso por parte do príncipe e engravida de um par de gêmeos, tendo os bebês enquanto dorme. Não há beijo mágico para despertá-la.

Após a princesa ser picada, os bebês são postos ao lado dela. Um deles suga o veneno do dedo, fazendo com que ela volte à consciência. Após seu casamento com o príncipe, os filhos são batizados com os nomes "Sol" e "Lua".

Charles Perrault's Version

Livros Contos da Mamãe Gansa de Charles Perrault

"A Bela Adormecida no Bosque", conto originalmente escrito por Charles Perrault em 1697 e publicado no livro Contos da Mamãe Gansa, deu origem a uma versão mais suave da história de Basile. Esta versão, destinada ao público infantil, foi amplamente aceita e se tornou um dos contos mais populares da literatura.

De acordo com este autor, a princesa ficou dormindo por um século inteiro, até que foi acordada por um beijo de um príncipe. Após o beijo, eles se casaram e tiveram dois filhos, mas logo encontraram um novo desafio: a mãe do príncipe não aceitava a união.

A mulher malvada tinha a intenção de afogar os netos em um poço. No entanto, devido ao fato dela perder o equilíbrio e morrer, a família alcançou seu final feliz. Além disso, é interessante notar que originalmente a filha se chamava "Aurora"; porém, ao longo do tempo, ela passou a ser chamada assim.

Contos de Fadas dos Irmãos Grimm

Livro Contos de Grimm

A obra Contos de Grimm, escrita em 1812 pelos irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm, incluiu a versão mais aproximada da história que conhecemos hoje, a "A Rosa dos Espinhos". Esta versão foi baseada nas narrativas antigas.

Ao final do conto, o amor verdadeiro do príncipe libertou a Bela Adormecida e eles prometeram viver "felizes para sempre".

A princesa é comparada a uma bela flor delicada, cercada por uma floresta densa e perigosa, que cresceu ao redor do reino. Esta comparação é feita através do título original.

Grandes Adaptações Cinematográficas

Ao longo das décadas, a história tem servido de inspiração para vários campos artísticos, com adaptações e releituras. O cinema tem tido papel importante nesse cenário, pois encantou gerações de espectadores com suas adaptações de contos de fadas.

A Bela Adormecida, Disney (1959)

Em 1959, A Bela Adormecida se tornou parte do nosso imaginário coletivo ao ser lançado pela Disney. O filme animado arrebatou muitas crianças e ficou marcado na memória de muitos.

O filme foi dirigido por Clyde Geronimi, Eric Larson, Wolfgang Reitherman e Les Clark, tendo como principais referências a versão de Charles Perrault.

Desde o primeiro aniversário de Aurora, encontramos a forma mais conhecida desta narrativa, que termina com um final feliz quando o príncipe beija a jovem e ela desperta.

A Walt Disney Pictures lançou posteriormente o live-action Malévola (2014), dirigido por Robert Stromberg e escrito por Linda Woolverton.

A história retratada no filme de fantasia Malévola: Dona do Mal, do diretor Joachim Rønning, lançado em 2019, é contada a partir de um ponto de vista surpreendente: o da bruxa, que foi traída pelo pai de Aurora e caiu em desgraça.

Protagonistas do Conto

A Bela Adormecida: Uma Princesa

Desde criança, a princesa foi amaldiçoada com um destino trágico. Seus pais tentavam protegê-la do que estava predestinado. Contudo, no seu décimo sexto aniversário, a profecia se cumpriu e todos caíram em um sono profundo. Então, foi acordada por um príncipe que a salvou e se casou com ela, restaurando a paz.

A Bruxa Malévola

A bruxa, movida por emoções como a inveja e a crueldade, ficou muito ofendida por não ter recebido um convite para a festa da princesa. Ela decidiu então destruir o evento, enviando um "presente envenenado", lançando assim uma maldição que dizia que a menina morreria aos 16 anos. Felizmente, as coisas não aconteceram como a bruxa previu.

Magia das Fadas Madrinhas

A bruxa lançou uma maldição, que seria suficiente para destruir a festa, porém as convidadas especiais ofereceram a menina beleza e talentos. Por sorte, uma delas interveio antes que a maldição pudesse se concretizar e assim, a princesa foi poupada da morte. O destino dela foi mudado e ela ficaria apenas dormindo.

O Príncipe

A identidade deste príncipe é um mistério, mas a sua importância para a narrativa é indiscutível. A sua coragem é a força motriz que o leva a ultrapassar todos os obstáculos em busca da princesa para por fim à maldição.

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.