Análise e Resumo do Livro "A Menina que Roubava Livros"


Escrito por Sónia Cunha

O livro "A Menina que Roubava Livros" (ou "A Rapariga que Roubava Livros"), lançado em 2005, ganhou renome mundial.

"O Livro que Eu Roubei" de Markus Zusak é um best seller literário internacional que foi adaptado para o cinema em 2013.

Análise e Resumo da Obra

A narradora desta história inusitada de Zusak é a Morte. Seu trabalho é recolher as almas das pessoas que se despedem deste mundo e entregá-las à eternidade.

A Morte começa este livro e pede para que o leitor não tenha medo. Ela o acolhe e o incentiva a embarcar em uma jornada sem medo.

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente. Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo.

A Morte costuma descrever de maneira meio cínica, mas com um pouco de bom humor, o seu dia-a-dia, suas funções diárias e os desafios de separar as pessoas deste plano de existência.

A escrita flui sem hesitação até que Liesel vem à mente. Três ocasiões diferentes, mas ainda assim ela lhe escapou e se instalou no coração. Uma menina que permanece inesquecível para sempre.

Vi três vezes a menina que roubava livros.

A Morte, que sempre acompanha a nossa trajetória, desenvolveu um interesse especial na vida da garota, que andava acompanhada de um livro entre 1939 e 1943. Nesse período, ela passou a receber toda a atenção da narrativa.

O cenário da história é a Alemanha nazista no ano de 1939, durante a Segunda Guerra Mundial. Os bombardeios nas cidades alemãs eram cada vez mais frequentes e rigorosos.

Liesel Meminger vive em Moiching, uma pequena cidade próxima a Munique, junto de seus pais adotivos. Ela é uma leitora assídua.

Liesel teve uma infância trágica: sua mãe, acusada de comunismo, sofreu perseguição sob o regime nazista. Quando tinha dez anos, ela e seu irmão caçula foram adotados por uma família que aceitou receber pagamento pelo serviço.

Em janeiro de 1939, Werner morreu nos braços de sua mãe enquanto viajava para Munique. Ele era apenas seis anos de idade.

Havia dois guardas.

Havia uma mãe com sua filha.

Um cadáver.

A mãe, a menina e o cadáver continuaram obstinados e calados.

Liesel observa com os olhos cheios de lágrimas cristalizadas enquanto a Morte leva seu irmão caçula para longe. Esta é a primeira vez que ela se encontra com a personificação da morte enquanto ele viaja para Munique.

Após o falecimento de seu irmão, Liesel ficou sozinha com a família que a acolheu. Hans Hubermann, seu pai adotivo, era um pintor de paredes e lhe ensinou a ler, desagradando a sua mãe adotiva, Rosa Hubermann.

Liesel raras vezes tinha ido à escola antes de conhecer a família Hubermann. Então, foi com Papai Hubermann que ela começou a aprender a ler, desenvolvendo rapidamente o desejo por leitura.

Hans costumava encantar as pessoas com suas histórias, e essa era uma tradição que ele passou para a garotinha.

Liesel ganha um grande amigo durante sua nova vida: o vizinho Rudy Steiner. Rudy estará sempre com ela durante essa difícil jornada.

A menina foi adotada por uma família que acolheu Max Vanderburg, um judeu perseguido. Ele passou a viver na cave desse lar e fazia livros artesanais. Infelizmente, Hans foi descoberto enquanto tentava ajudar outro judeu, sendo levado posteriormente para o exército.

Quando a aeronave caiu, Liesel foi uma das primeiras a chegar ao local. Ela viu um garoto tentando verificar se o piloto, de vinte e quatro anos, estava vivo. Infelizmente, apesar do esforço do garoto, o piloto não resistiu e faleceu. A Morte também veio até o local, mas não teve nada a fazer. Liesel escapou mais uma vez do fim.

A vida de nossa protagonista está repleta de turbulências, e para lidar com isso ela busca conforto nos mundos dos livros. Ela consegue as obras de bibliotecas incendiadas ou da própria casa do prefeito da cidade. A Senhora Hermann, esposa do prefeito, ajuda a garota nessa busca e se torna sua amiga.

Hans distrai-se tocando acordeon enquanto serve na guerra, e Liesel assume o papel do seu pai adotivo, contando histórias.

Depois do soldado Hans voltar para casa, um incidente trágico mudou o curso dos acontecimentos na vizinhança. A rua Himmel, onde todos residiam, foi bombardeada e completamente destruída, infelizmente causando as mortes dos pais adotivos de Hans e do seu grande amigo Rudy.

Esta foi a última ocasião em que Liesel e a Morte se encontraram - a terceira e última vez.

Na última vez que a vi, estava vermelho. O céu parecia uma sopa, borbulhando e se mexendo. Queimado em alguns lugares. Havia migalhas pretas e pimenta riscando a vermelhidão. (...) Depois, bombas.

Dessa vez, foi tudo tarde demais.

As sirenes. Os gritos malucos no rádio. Tudo muito tarde.

Em minutos, montes de concreto e terra se superpuseram e empilharam. As ruas eram veias rompidas. O sangue escorreu até secar no chão e os cadáveres ficaram presos ali, feito madeira boiando depois da enxurrada.

Estavam colados no chão, até o último deles. Um pacote de almas.

A notícia espalhou-se rapidamente pela cidade: os bombeiros tinham encontrado a menina, que na altura tinha apenas quatorze anos, ainda viva entre os escombros. Todos ficaram surpreendidos!

Liesel está ajoelhada em meio a uma montanha de papéis e escritos, as palavras erguendo-se à sua volta. Ela agarra-se a um livro, a salvação de sua tragédia que a encontrou escrevendo no porão.

Liesel teve seu diário pessoal recolhido, juntamente com outros materiais, e levado embora em um caminhão de lixo.

A Morte foi encantada pela extraordinária história da menina e, emocionada, subiu na caçamba para pegar o livro que leria inúmeras vezes durante os anos. O relato descreveu os desafios que a criança enfrentou com coragem e como conseguiu superar todos os eventos tenebrosos.

Êxito de Avaliação e Vendas

A Rapariga que roubava livros foi traduzida para mais de 40 línguas e figurou na lista de bestsellers do New York Times por 375 semanas, alcançando o primeiro lugar por muito tempo. O sucesso não parou por aí: a obra também se tornou o livro mais vendido no Brasil.

A tradução para português brasileiro de "Harry Potter e a Ordem da Fênix", de J. K. Rowling, foi feita por Vera Ribeiro e lançada pela Intrínseca em 15 de fevereiro de 2007, com 480 páginas.

O livro chegou às livrarias portuguesas em 19 de fevereiro de 2008, com 468 páginas, após o lançamento pela editora Presença. A tradução foi realizada por Manuela Madureira.

O jornal O Globo elegeu o livro como uma das melhores publicações de 2007 no Brasil.

A obra de Markus Zusak foi recebida com elogios a nível internacional. A crítica destacou o talento de Zusak e expressou a sua admiração pela sua habilidade para contar histórias.

"Uma obra de grande fôlego. Brilhante. (...) Há quem diga que um livro tão difícil e triste não seja adequado para adolescentes... Adultos provavelmente gostarão (este aqui gostou), mas é um grande romance jovem-adulto... É o tipo do livro que pode mudar a vida."

New York Times

"Um livro destinado a tornar-se um clássico."

USA Today

"Absorvente. Marcante."

Washington Post

"Uma escrita soberba. Uma leitura impossível de interromper."

The Guardian

Capa da edição brasileira de The Book Thief.

Capa da edição portuguesa de The Book Thief.

Está gostando? Leia também

Criando um Trailer de Livro

Informações Básicas sobre Markus Zusak

Markus Zusak, nascido em Sydney no dia 23 de junho de 1975, é o mais novo de quatro filhos.

Zuzak nasceu na Austrália, mas mantém uma forte conexão com a Europa, pois seus pais são oriundos da Áustria e da Alemanha. Ele sempre foi fascinado com as experiências que seus pais tiveram com o regime nazista nos seus países de origem.

O autor de A menina que roubava livros confessou que algumas das historias presentes na obra são recordações de infância de sua mãe. Para construir a sua obra-prima, Zusak também fez pesquisas aprofundadas a respeito do nazismo e visitou o campo de concentração de Dachau.

O autor declarou ao The Sydney Morning Herald que escrever A menina que roubava livros foi uma experiência incrível. Ele disse que a história era importante para ele, pois as palavras eram sua forma de dar voz a uma pessoa que não tinha sua própria voz.

"Nós temos a imagem de marchas de garotos em filas, de 'Heil Hitlers' e a idéia de que todos na Alemanha estavam nisso juntos. Mas ainda havia crianças rebeldes e pessoas que não seguiam as regras, e pessoas que esconderam judeus e outras pessoas em suas casas. Então, eis outro lado da Alemanha Nazista."

Antes de se tornar escritor profissional, Zusak trabalhou como pintor de paredes, zelador e professor de inglês do ensino médio. Seu primeiro livro, The Underdog, foi lançado em 1999, mas foi rejeitado por inúmeras editoras.

Zusak dedica todo o seu tempo à escrita e compartilha o lar com sua esposa, Mika Zusak e sua filha.

Retrato de Markus Zusak.

"The Book Thief", "Fighting Ruben Wolfe", "Getting the Girl", "I Am the Messenger" e "The Underdog". Markus Zusak possui cinco obras publicadas: "The Book Thief", "Fighting Ruben Wolfe", "Getting the Girl", "I Am the Messenger" e "The Underdog".

  • 1. The Messenger (2002)
  • 2. Fighting Ruben Wolfe (2000)
  • 3. The Underdog (1999)
  • 4. When Dogs Cry (2001)
  • 5. The Book Thief (2005)

Adaptação Cinematográfica

Em 2014, Brian Percival (conhecido por sua premiada série Downton Abbey) dirigiu o filme do livro homônimo, com roteiro assinado por Michael Petroni.

A atriz Sophie Nélisse vive Liesel Meminger, papel interpretado por Geoffrey Rush e Emily Watson como os pais adotivos. Rudy, o amigo de Liesel, é representado por Nico Liersch e Ben Schnetzer na pele do judeu.

A Fox adquiriu os direitos de adaptação do livro em 2006, mas somente em 2013 é que foi dado seguimento ao projeto, gerando um custo de 35 milhões de dólares para a produtora.

A Twentieth Century Fox realizou gravações em Berlim.

Para assistir ao filme na íntegra, veja o vídeo abaixo:

Sónia Cunha
Escrito por Sónia Cunha

É licenciada em História, variante História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003) e em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar (2006). Ao longo da carreira profissional, exerceu vários cargos em diferentes áreas, como técnico superior de Conservação e Restauro, assistente a tempo parcial na UPT e professora de História do 3º ciclo e ensino secundário. A arte e as letras sempre foram a sua grande paixão.